Como o Método Montessori incentiva o protagonismo da criança
Vivemos em um mundo de pressa, de quanto mais melhor, 24 horas, na correria. Fazemos e vivemos no piloto automático, criamos crianças sem um olhar atento ao seu desenvolvimento e suas necessidades.
Esquecemos, muitas vezes, que elas estão em processo de formação física, psíquica e emocional. Mas tudo o que queremos são filhos e alunos que sejam independentes, autoconfiantes e proativos.
Só que, em meio ao caos da correria, esquecemos que o dia a dia é o momento para ensinarmos à criança como desenvolver essas características. Ok, mas o texto não é sobre Montessori? Vou explicar a conexão!
Montessori é de uma época em que as crianças eram tratadas como mini adultos: roupas largas e grandes, vivência em ambiente de adultos.
A partir da sua sensibilidade, ela teve um olhar diferenciado para observar quais eram os comportamentos e as necessidades de uma criança.
Montessori teve a visão de que a criança não precisa ser estimulada, mas sim receber oportunidade.
Ela não precisa que algum adulto a “force” a andar, o que precisa é apenas de um espaço favorável para essa ação. O estímulo vem, naturalmente
Um dos pilares de Montessori é o foco do ensino no protagonismo da criança, onde o adulto não precisa guiá-la o tempo todo dando ordens, apenas dar o suporte quando necessário.
Ela reforçou para as pessoas que, para as crianças, o abstrato era algo muito difícil.
Crianças não conseguem entender algo que não seja palpável e mensurável, então Montessori começou a projetar maneiras de ensinar às crianças com materias, com algo concreto.
E a partir daí que surgiu todo o material que hoje é ultilizado em escolas adeptas ao método.
As discussões na mídia geram confusão aos pais. Como, por exemplo, a ideia de que Montessori se resume apenas ao quarto Montessori.
De nada adianta um quarto com cama baixa e brinquedos à altura se toda a educação não estiver alinhada a eles.
Nós, adultos, precisamos ter um olhar atento à criança, não fazer por elas o que elas podem fazer sozinhas – e, quando não puderem, levá-las à realização de determinada tarefa apenas dando suporte.
Montessori preza a independência da criança, que, a partir de um ambiente preparado e um adulto preparado, consegue se desenvolver sozinha.
O grande desafio é a mudança que começa em nós, pois somos o exemplo para as crianças.
A partir de nós que elas se espelham e se desenvolvem, por isso precisamos sair do automático do dia a dia para observar os interesses, as facilidades e dificuldades da criança.
Antes de exigir algo da criança, precisamos ter consciência de que elas aprendem a partir do palpável e também da observação.
O ambiente preparado e o adulto preparado são indissociáveis. Se apenas um desses elementos estiver preparado, não há como a criança explorar seu protagonismo no processo.
Nas escolas do método há uma “disciplina” chamada vida prática, onde as matérias são objetos e ações do dia a dia, onde a criança pode praticar ações que ela necessita saber no seu cotidiano.
Não somente isso, indiretamente é exercitada a coordenação motora, equilíbrio, habilidades que facilitam na hora da alfabetização, além da autoconfiança que passam a ter.
Em uma sala de aula do método, a criança tem a liberdade de trabalhar com o material que deseja sem necessitar de um cronograma fixo de aula, ou matéria.
Todos os alunos têm a autonomia de lanchar a hora que deseja e a responsabilidade de manter o ambiente limpo e organizado.
Eles limpam o que sujam e nisso é trabalhado não só o senso de coletividade, mas também o protagonismo da criança, já que ela tem a possibilidade de escolha.
O método preza avaliações individuais, onde não existe prova, existem professoras bastante atentas que observam, anotam, e analisa o progresso individual de cada aluno.
E isso prova, mais uma vez, que o método preza a individualidade, sem precisar se encaixar em um padrão pré-estabelecido.
Muitos ficam desconfiados com tamanha liberdade, achando que dessa forma não há ordem e nem disciplina.
Mas o fato de as crianças serem reconhecidas como seres que têm vontade e escolha cria, automaticamente, um senso de coletividade e ordem.
Regras em sala de aula e em casa são feitas juntamente com as crianças, pois, dessa forma, elas entendendo e vendo sentido nas regras irão obedecê-las.
Montessori tranformou em método algo que era necessidade.
Trouxe um olhar individual para o desenvolvimento da criança e um aprendizado que pudesse ser palpável, fazendo com que, dessa forma, a criança fosse o guia do deu próprio aprendizado.
Jheniffer Portugal é mãe, educadora parental certificada pela Positive Discipline Association e estudante de pedagogia. Criadora da página Abra a Caixa, que aposta no lúdico e na inteligência emocional para a formação integral das crianças.
Silene De vides Furlan
21/julho/2018 @ 06:44
Adorei, gostaria de saber mais sobre o assunto, pois na escola onde leciono além de Arte também tenho uma disciplina chamada Projeto de Vida, onde o foco é tornar o jovem autônomo, solidário e competente.
Flavia Regina Vieira da Silva
16/julho/2018 @ 12:12
Amei a matéria, muito válida e instrutiva. Concordo em oferecer a oportunidade e mediar a aprendizagem. Sou professora e gosto de avaliar em tempos e espaços diferentes. Tenho alunos que perguntam “Professora, vamos ter provas?”, e sempre falo brincando que eles não precisam provas provas contra so mesmos, mas fazer atividades que permitam vislumbrar as aprendizagens.
Marilene nunes
16/julho/2018 @ 10:14
Muito bom essa matéria trabalho já com crianças de três anos e a maior verdade
Rita de cássia Marques Lima costa
16/julho/2018 @ 06:07
Adorei essa matéria, também tenho essa visão, criança tem que buscar e explorar espaço para seu desempenho, autonomia e desenvolvimento, trabalho com Berçário e observo cada desenvolvimento dos bebês e fico maravilhada com a vontade que eles tem em explorar…. parabéns pela matéria.