Seu aluno tem o dom de escrever?

“Escrever é a arte de cortar palavras”. A frase, do célebre Carlos Drummond de Andrade, puxa um debate essencial, ainda mais para a área de educação: Como desenvolver a habilidade da escrita nos alunos?

Assim como a criatividade, que muitos enxergam como um talento apenas de quem trabalha com publicidade, escrever bem é visto, muitas vezes, como uma espécie de dom. Claro que alguns já apresentam uma desenvoltura natural para escrever, mas será que a tarefa não é semelhante a qualquer habilidade que, quanto mais praticada, melhor fica? E será que os estudantes sabem realmente os benefícios dessa prática?

Pesquisas científicas já comprovaram a eficácia da escrita sobre nossas emoções e nosso aprendizado. Com relação às emoções, só para ilustrar: é rotineiro ver psicólogos aconselhando os pacientes a escreverem quando se sentem ansiosos e angustiados – isso alivia tensões e tranquiliza a mente inquieta. Quanto ao nosso aprendizado, conseguir colocar no papel toda a nossa linha de raciocínio clareia nossas concepções e fortalece nossa concentração. Além disso, desenvolve nosso poder de comunicação – essencial para troca de ideias e trabalho em equipe.

Uma boa forma de aprimorar essa habilidade no aluno é começar com coisas simples. Por exemplo: incentive ele a relatar como foi desenvolver uma determinada tarefa de casa. Fez algum experimento para a aula de biologia? Peça para ele contar como foi a atividade no papel – quais dificuldades, o que descobriu de novo. Depois, dê um feedback: questione alguns pontos, mostre sua curiosidade em relação ao que leu. É uma forma simples de colocar ideias no papel, mas já é um grande passo para ele internalizar, aos poucos, a essência da escrita, que é bastante ligada à nossa capacidade de observação.

Aqui, na Estante Mágica, o nosso projeto de incentivo à leitura visa transformar os alunos em autores do próprio livro. Eles ilustram e escrevem a própria história, passando pelo processo de produção da própria obra. Por uma questão até mesmo de empatia, sentindo-se na pele de um escritor os estudantes se enxergam como protagonistas, no centro da sua aprendizagem. Isso muda completamente a concepção (ainda predominante) de que o aluno é um agente mais passivo do que ativo no processo de aprendizagem. Esse protagonismo reflete uma das ideias-chave por trás de toda boa escrita: a auto expressão. Afinal de contas, o que é escrever, se não a arte de colocar no papel todas as nossas ideias, nossos sonhos e nossa atenção ao que acontece ao nosso redor?

Vamos mostrar isso aos pequenos? 🙂