Empodere as meninas em sala de aula!

Maria Clara tem 9 anos. Estuda em uma escola da Tijuca, bairro da Zona Norte carioca. É dedicada, esforçada e tem uma grande paixão por matemática. O que ela não sabe é que, antes de eleger os caminhos que irá traçar, já carrega um grande lastro – o lastro da desigualdade de gênero.

A sociedade em que vivemos é envolta em estereótipos. Eles moldam os indivíduos desde seu nascimento. Estão em filmes, livros, meios de comunicação e nas salas de aula.
A crença de que meninas são menos inteligentes do que meninos em determinadas áreas tolhem a construção da identidade de suas alunas. Quando é dito às meninas que elas não podem ser empreendedoras, ou não são boas em matemática, tais rótulos são internalizados a ponto de se tornarem verdades absolutas.

Ocorre que aprender é uma propriedade universal do cérebro (masculino e feminino) e há até um termo bonito para explicar: “plasticidade neuronal”. Isso significa que o maior determinante do aprendizado não são fatores biológicos, mas sim a prática.

E como podemos atuar em sala de aula para que a desigualdade de gênero não se perpetue?

Apresente referências femininas
O dia a dia está repleto de heróis masculinos. De Homem-Aranha ao Caçador do Lobo Mau, passando pelo Príncipe da Cinderela, o protagonismo masculino domina o cotidiano das crianças.
Injete em suas aulas mulheres líderes, histórias com protagonistas femininas. Faça com que suas alunas sonhem em ser como personagens do mesmo gênero.
Estimule a reflexão dos alunos
Construa com seus alunos um processo de metaconhecimento, uma indução à constante reflexão. “Isso é mesmo só de menino? Por quê?”; “Por que eu também não posso ser boa em matemática?”; “Por que eu não posso ser a representante da turma?”.
Apresente filmes, vídeos e documentários demonstrando a capacidade de meninos e meninas e a igualdade de ambos os gêneros. Faça com que eles pensem a respeito do tema.
Trabalhe a autoconfiança das meninas
Estudo feito em 34 países mostrou que há nas meninas um sentimento de autopunição e culpa que geram insegurança. As meninas sofrem mais diante dos erros.
Promova a autoconfiança de suas alunas. Apresente a elas a segurança e a força que precisam para a construção de suas identidades. Sim, elas podem!
Meninas devem poder correr riscos, se aventurar, se machucar – tal como os meninos
Meninas devem poder sonhar em ser enfermeiras, cozinheiras ou donas de casa, mas também devem poder idealizar ser engenheiras, empreendedoras ou aviadoras – tal como os meninos.
Cabe a você e à sua escola não permitir que tais estereótipos restrinjam a escolha dos caminhos de seus alunos – considerando a plenitude do que pode chegar a ser como sujeitos.

Sugestão de livro da semana:
“Eu sou Malala” – História da pequena paquistanesa que colocou sua vida em risco pelo direito de educação às meninas de seu país. Em 2014, Malala se tornou a pessoa mais jovem a receber um Prêmio Nobel da Paz.

Abraços Mágicos!