Como escrever um livro ajudou no tratamento de crianças com câncer

Parceria inédita entre a Estante Mágica e Hospital da Baleia transformou sete crianças com câncer em autores do próprio livro. Saiba como a iniciativa resultou em grandes benefícios para a superação e desenvolvimento de resiliência dos pequenos!

O poder da leitura é cada vez mais surpreendente! E desta vez os seus beneficiados foram as crianças do Hospital da Baleia, em Belo Horizonte.

O hospital, que tem o foco no tratamento de crianças com câncer, busca sempre novas e importantes formas de ajudar o processo para os pequenos.

E para Cláudia Pereira, que coordenou o projeto da Estante Mágica no Hospital, essa foi uma maneira de auxiliar os pacientes.

Além de desenvolver a criatividade e imaginação, a escrita também ajuda a lidar com certos traumas e a desenvolver resiliência, de acordo com a psiconeuroimunologia.

E esta foi a maior vitória para as sete crianças, 4 meninos e 3 meninas – com idades entre 7 e 11 anos.

“Às vezes, mesmo desanimadas, as crianças esqueciam a dor e ficavam entusiasmadas com a criação dos livros. A alegria tomou o lugar da tristeza”, revela Cláudia. “Superação, elevação da autoestima e resiliência foram as maiores conquistas destas crianças.”

A parceria inédita teve como propósito levar até as crianças, com apoio do Programa de Voluntariado do hospital, uma nova rotina e transformá-las em escritoras da própria história.

Para Claudia, os livros são importantes ferramentas para incentivar a imaginação, levar alegria e, assim, promover a superação de momentos difíceis e dolorosos para a criança e a família.

“Foi notória a evolução das crianças durante o projeto. Os traumas do tratamento foram relatados pelas crianças com muita criatividade e leveza”, comenta dando também exemplos das histórias de alguns dos seus pacientes:

“O Lucas, de 11 anos e portador de leucemia, narra o encontro de um menino e um grande dragão na caverna. E descobre que é possível ser amigo de um animal feroz (câncer), domá-lo (vencer a doença) e retornar à casa dos pais (resiliência)”, narra Cláudia que completa:

“Já a Sara conta a história de um leão que foi aprisionado pelos homens e fica triste e furioso, mas descobre novos amigos no Zoo. É um pedacinho da história dela, que abandonou a cidade natal de Diamantina para realizar o tratamento contra a leucemia.”

Entre os autores mirins, uma das crianças que se envolveu bastante com o projeto foi a Mirella Louise Vitor Alfenas, de 8 anos. Primeira convidada a participar do projeto e sempre com um livro em mãos, ela foi uma grande incentivadora para as outras crianças.

“A história foi escolhida para ser apresentada no evento de autógrafos. A Fadinha Arco-íris revela a trajetória da Mirella e a sua aceitação da doença. Mesmo sem as suas asas coloridas, a Fadinha descobre que pode ser feliz! Mirella trata de leucemia há 1 ano e perdeu os lindos cabelos. Mesmo carequinha, nunca deixou de sorrir e de acreditar na sua cura”, revela a coordenadora.

De acordo com a mãe da Mirella, Pamela Alfenas, a participação do projeto foi gratificante não só para a filha, mas também para os pais, amigos e professores da pequena.

“Me senti muito orgulhosa, feliz demais por saber da sua capacidade e interesse dela mesmo num momento tão difícil”, disse. “O convite para escrever o próprio livro foi maravilhoso, pois tirou o foco que nós tínhamos de ficar só pensando na doença. Foi mágico para ela!”, conta, empolgada.

E quanto à própria Mirella? A experiência foi surpreendente para a pequena grande autora:

“Achei muito legal ter feito minha historinha e ter meu próprio livro. O que mais gostei foi de fazer os desenhos. Adorei ter um livro que é meu e quero fazer outros com muitas histórias legais!”, afirma.

Mais uma vez, a escrita ajudando na superação diária e estimulando sonhos 🙂