Como se aproximar de uma criança com autismo?
Atualmente, estima-se que uma em cada cento e dez crianças tenha o diagnóstico do autismo, que é considerado um transtorno do desenvolvimento de causas neurobiológicas e objeto de inúmeros estudos a respeito.
É importante destacar que, da mesma forma que não existem dois seres humanos absolutamente iguais, também não existem duas crianças com autismo com as mesmas características, pois o autismo afeta cada um de uma forma.
Contudo, todas possuem, em maior ou menor grau, as seguintes características: problemas na comunicação (algumas crianças podem nem chegar a falar), dificuldades de interação social, empatia, comportamento atípico e muitas vezes repetitivo, dificuldades na coordenação motora fina ou grossa e sensibilidade aos sons.
Muitas dessas característica foram discutidas nesse artigo e no meu site.
Sabendo de todas essas características, muitas pessoas que convivem ou conhecem alguma criança autista apresentam a seguinte dúvida: O que posso fazer para me aproximar de uma criança autista?
E foi pensando nisso que elaborei algumas dicas que podem lhe ajudar a tornar essa convivência mais gostosa tanto para você como para a criança com o referido transtorno. Vamos lá?
- Quando você a encontrar, como deve ser o primeiro contato?
Cumprimente normalmente. Algumas crianças com autismo se incomodam com o toque de outras pessoas, por isso pergunte para ela ou para seus pais se você pode abraçá-la.
Pode parecer que ela esteja te ignorando não olhando para você ou sequer te escutando, mas, acredite, ela sabe que você está ali. Então, continue conversando mesmo que ela pareça distante.
- Sobre quais assuntos podemos conversar?
O autista pode conversar sobre os mais variados assuntos, porém seria interessante perguntar para ele ou para seus pais qual o tema que lhe interesse mais.
Durante a conversa, tente ser literal e evite metáforas, dada a dificuldade que possui de entender frases e palavras que contenham duplo sentido.
- Quero presenteá-lo. O que posso comprar?
Brinquedos sensoriais costumam agradar bastante as crianças com autismo, tais como: livros e materiais que apresentam diferentes texturas, massinhas e “gelecas”, blocos de montar.
Materiais para colorir e brinquedos de causa e efeito (como o famoso “pula pirata”, no qual a criança precisa colocar as espadas nos buracos para que o pirata pule) também são bem interessantes.
- Ela só quer brincar sozinha, como posso participar de suas brincadeiras?
A criança com autismo gosta de enfileirar objetos, rodar seu corpo, fazer sons através de instrumentos, materiais diversos ou, simplesmente, com a boca, desenhar, construir torres com blocos de montar e falar sobre seu personagem favorito.
Então, observe a brincadeira e faça como ela. Se a criança não quiser dividir os brinquedos ou os objetos com você, encontre outro semelhante para usá-los da mesma forma que ela.
Não tente direcionar ou mudar o objetivo da atividade, apenas siga a criança.
- Como encorajá-lo a fazer amizades?
Primeiramente, é importante analisar quais colegas se mostram mais dispostos a ajudar e a entender essa criança que apresenta algumas características diferentes.
Ao identificar os potenciais amigos, tente favorecer situações que coloquem estas crianças brincando juntas (jogos em grupos são ideais).
Entretanto, é muito importante conversar com a criança autista, explicando como pode ser divertido brincar com outras crianças, especialmente aquelas brincadeiras que só ocorrem com a participação de mais de uma pessoa (como pega-pega, esconde-esconde, batata-quente, etc).
- Como ajudá-la a ter mais autonomia?
Neste ponto, é importante estabelecer uma rotina e, sempre que possível, informar previamente a criança com autismo quanto a um eventual imprevisto ou quebra da rotina, pois isto contribuirá não só para sua autonomia, como a deixará mais calma e confiante.
Bom, espero que essas dicas possam lhe ajudar na, muitas vezes, árdua batalha em conquistar uma convivência harmoniosa para ambas as partes!
Todavia, se mesmo assim, você ainda encontrar barreiras que impeçam a formação de algum vínculo, não deixe de procurar ajuda especializada, como um psicopedagogo, a fim de lhe auxiliar a buscar novos caminhos para um sólido relacionamento.
Aline Ferro é pedagoga, psicopedagoga e mestre em Distúrbios do Desenvolvimento. Desenvolve trabalhos educacionais e psicopedagógicos com a finalidade de ajudar crianças com dificuldades ou transtornos de aprendizagem. Também compartilha dicas de atividades pedagógicas no site www.alineferro.com.br.
DENIZE DOS S. De ALMEIDA
25/outubro/2019 @ 20:07
Muito obrigada por esse artigo, na escola em que faço estágio estou como tutora de uma criança autista e não está sendo fácil ganhar a confiança dela. Vou seguir essas dicas. 😍
Gabriela
10/outubro/2019 @ 21:30
Na minha escola, tem um menino autista, ele já é adolescente, já tentei falar com ele varias vezes, mas ele me ignora e se afasta de mim, oq eu faço?…
Ele n quer papo cmg
Julio Antonio Nogueira
21/março/2019 @ 17:27
Olá, gostei muito do artigo, tenho um sobrinho de 7 anos, foi diagnosticado autismo com apenas 3 anos, esta sendo tratado desde então, estimulamos muito ele e procuramos todas as formas possíveis de fazer ele ser uma criança sociável com todos, até então ele é muito comunicativo e fala com clareza e em tom auto, chega chamar atenção das pessoas com sua inteligencia. Inclusive é muito grudado em mim. Me sinto um tio abençoado em ter ele em minha vida, me apeguei muito a ele.
Ilza
11/março/2019 @ 20:36
Trabalho,em Uma escola estadual ,Como inspetora de alunos, más sou formada em pedagogia, observo muito todos os alunos, e gostaria muito de poder me interagir com um aluninho autista, ele vive muito fechado no seu mundinho particular, mas sinto a necessidade de fazer algo por ele, vou seguir suas sugestões, obrigada.
Juliana Falcao
29/janeiro/2019 @ 00:57
Achei muito interessante esse artigo sobre o autismo, vou dar sequência no meu estágio de pedagogia auxiliando uma criança autista. Obrigada pelos esclarecimentos.
Bernadete VAladares
06/julho/2018 @ 18:52
Que bom, Aline! Li seu artigo com muito cuidado e vou compartilhá-lo, pois quero me aprimorar na arte de conviver e conquistar crianças autistas. Elas são surpreendentes e, não raro, se fecham em seus mundos, deixando-nos a ver navios!…
Ah! Mas eu vou penetrar esse mistério!…
Obrigada pela ajuda!