Protagonismo: o que os maiores educadores do Brasil pensam
Durante uma aula, o professor disse que aluno significava “sem luz”. Esse suposto significado causou um grande incômodo na maioria dos integrantes da turma. Mas, pesquisando brevemente a etimologia da palavra, vemos que ela não se reduz a esse sentido desmotivador. Essa definição (que não ouvi só uma vez) nos leva a questionar: De onde vem essa ideia de que o aluno é “sem luz”? Será que a popularização desse pseudo significado não replica uma ideologia dominante sobre o sistema de ensino?
Há algum tempo, já se discute com intensidade a importância de rever a antiga concepção de que o professor é detentor do conhecimento e apenas o transfere para o aluno. Nesse sentido, entrou em questão o protagonismo do aluno – isto é, o estudante como foco na sala de aula. O professor atuar como mediador do processo de aprendizagem é uma das formas plausíveis de pensar esse conceito. Mas e os nossos educadores? O que pensam a respeito desse tema?
A doutora em Antropologia Infantil, Adriana Friedmann, por exemplo, enxerga esse conceito como um dos mecanismos de amadurecimento da nossa sociedade: “Deixar as crianças serem protagonistas é uma das chaves para a promoção da saúde das nossas sociedades; e uma brecha possível para prevenir doenças psíquicas e físicas, preservando e valorizando as sementes que cada criança tem e que precisa desabrochar”.
O escritor e educador Rubem Alves assim descreveu essa nova forma de enxergar o escola: “Essa ideia do professor ir lá dar uma aula, ficar na frente, os alunos copiando, isso não existe. Os professores são companheiros dos alunos, não tem nota, nota é uma inverdade porque aquilo que o aluno produz numa prova, não revela o que ele pensa”.
A socióloga Helena Singer, uma das integrantes do programa Escolas Transformadoras, chama a atenção para importância do protagonismo tanto do aluno quanto do professor: “Para que o protagonismo do estudante se realize é preciso que seu educador também seja protagonista do próprio trabalho. O termo “educador”, além de abranger uma categoria profissional maior que a dos professores escolares, também se mostra mais coerente com essa nova forma de se posicionar na relação com os estudantes ou educandos”. O icônico Paulo Freire complementa essa linha de raciocínio em Pedagogia da autonomia: “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção”.
Sintetizando: Protagonismo tem a ver com autonomia, que tem a ver com liberdade, que tem a ver com igualdade e com responsabilidade. E não é que esse conceito cai como uma luva na formação do cidadão do século 21? =)
yedda freire
21/julho/2018 @ 13:47
ótimo texto com ótima reflexão
Silvia Maria de Castro Paula
16/outubro/2017 @ 00:18
O texto e ótimo,nós leva a uma reflexão sobre nosso papel de educador frente a nossos alunos e a dociedade!