De onde surgiu o Método Montessori e por que ele é eficaz?
O Método Montessori, desenvolvido por Maria Montessori, uma revolucionária italiana, nascida em 1870, trouxe ideias ousadas para a sua época. E, atualmente, tem inovado diversos processos de aprendizagem. O que é, então, esse método? E por que ele é eficaz?
Antes de responder a essas perguntas, vale olharmos de perto a grande cabeça por trás dessa metodologia: Maria Montessori.
Quando jovem, Maria Montessori escolheu fazer curso técnico em engenharia, que era exclusivamente frequentada por homens.
Mais tardem decidiu largar o curso técnico e ingressou na faculdade de medicina, tornando-se uma das primeiras médicas italianas.
Tanto pioneirismo trouxe seus desafios, principalmente em relação à percepção da figura feminina na época.
Ao seguir na área de psiquiatria, percebeu como o tratamento dado às crianças era desumano e mergulhou na área de desenvolvimento infantil, voltadas para crianças com necessidades especias.
Montessori envolveu com a Liga para a educação de crianças com retardo, onde conheceu o médico Giusseppe Montesano e juntos formaram uma nova instituição, a Escola Ortofrênica, onde treinavam professores e também observavam o desenvolvimento de alunos especiais.
A partir dessa análise e observações, Montessori foi, aos poucos, criando e dando forma ao Método Montessori, chamado por ela de “Pedagogia Científica”. Após esse estudo, ela acabou dedicando sua vida à educação.
Devido ao sucesso de aprendizado dos alunos com necessidades especiais, as pessoas queriam saber como seria um método para crianças que não apresentavam nenhuma peculiaridade em relação ao processo de aprendizado. E aí foi mostrado que esse método era acessível a qualquer tipo de criança.
E o que ele faz, afinal? O método Montessori consiste em dar à criança a oportunidade de aprender, partindo-se da premissa de que ela pode aprender sozinha.
E esse “autodidatismo” seria possível a partir de um ambiente e um adulto que a respeite. E como seria isso na prática?
Vivemos em um mundo feito para adultos, que faz com que a criança necessite do adulto muito mais do que deveria. Organizamos os brinquedos de forma que as crianças, donas deles, não conseguem acessá-los.
Colocamos vasos e pias em locais altos, camas e berços em uma altura que faz com que a criança dependa do adulto para se locomover.
Ou seja: os ambientes são projetados para que a criança não consiga ter autonomia de fazer atos por si.
Mesmo ela sendo capaz (ela aprende a andar e a falar apenas nos observando), cotidianamente colocamos empecilhos para ela exercer essa autonomia. Por isso, é necessário que seja dada essa oportunidade.
E é onde Maria Montessori entra. Ela lança um novo olhar do mundo pela perspectiva da criança, propondo que as coisas sejam adaptadas a ela.
Projetar brinquedos, por exemplo, para que os pequenos consigam explorá-los com suas mãos; criar um ambiente onde a criança seja capaz de circular livremente, sem perigos.
Montessori disseminava também que a prática era fundamental e que a partir da tentativa e erro ocorre o desenvolvimento, e que, por isso, é tão importante permitir a autonomia da criança.
De acordo com essa lógica, o ambiente deve ser um local organizado, para que a criança consiga usar o brinquedo de forma produtiva ao seu desenvolvimento.
Isso significa expor um número limitados de brinquedos por um tempo e depois colocar os outros no ambiente. Assim, a criança explora todos.
As cores do ambiente devem ser cores neutras, para não tirar a atenção da criança – muitas cores são hiperestimulantes, e aqui vale a máxima “quanto menos melhor”.
É importante destacar que o Método Montessori engloba a ideia do quarto Montessori, mas os dois não são sinônimos.
O quarto Montessori é apenas um dos mecanismos propostos por Maria para incentivar a autonomia infantil. Ele acabou ganhando fama e sendo confundido com o método completo, mas é apenas um dos seus legados
O método tem diversos benefícios, pois preza o desenvolvimento natural da criança. Isso é feito por meio do profundo respeito às necessidades do pequeno, adaptando o mundo às suas necessidades, respeitando suas fases de desenvolvimento e fazendo com que as crianças sejam mais autoconfiantes e independentes.
Escolas adeptas ao método Montessori fogem do tradicional. É uma educação que não estimula a competitividade e o enquadramento de ideias.
E ele pode ser facilmente adaptado para o lar, e nosso dia a dia, garantindo benefícios para todos os envolvidos.
Jheniffer Portugal é mãe, educadora parental certificada pela Positive Discipline Association e estudante de pedagogia. Criadora da página Abra a Caixa, que aposta no lúdico e na inteligência emocional para a formação integral das crianças.