Como a meditação pode ajudar a promover a disciplina escolar

Meditação, ioga e outras práticas de atenção plena estão surgindo nos sistemas escolares pelo mundo – e por boas razões. Afinal, essas práticas ajudam na disciplina escolar.

Estudos mostraram que relaxar através da meditação pode diminuir a indisciplina, aumentar a atenção e o respeito pelos colegas.

E além disso, desenvolve o autocontrole, a empatia e ao mesmo tempo reduz o estresse, o comportamento hiperativo e sintomas de TDAH e depressão. Confira nesse texto um pouco mais sobre esse tema e como aplicá-lo em sua escola.

Benefícios da meditação na disciplina escolar

1- Autoconsciência e autorregulação

Primeiramente, vamos falar da atenção plena. Ela está intimamente ligada à autoconsciência (é quase a definição dela), e isso se estende naturalmente à autorregulação.

Isto é, se você aprender a ser mais consciente de seus processos de pensamento e reações no momento presente, é natural que seja mais responsável por suas emoções e comportamentos e não apresente indisciplina.

As crianças, que estão apenas aprendendo a administrar suas próprias emoções internas, podem se beneficiar enormemente de alguma instrução sobre como fazer isso, ao invés de ter que tropeçar sozinhas.

Inclusive, a maioria dos adultos provavelmente diria que gostariam de ter algum tipo de treinamento como esse.

2- Desenvolvimento socioemocional

Um estudo descobriu que um programa de aprendizagem socioemocional, juntamente com a atenção plena através da meditação e afins, era mais eficaz do que um programa clássico de “responsabilidade social” em várias medidas.

Crianças no tratamento anterior tinham maior empatia, tomada de perspectiva e controle emocional, em comparação com o grupo controle.

Eles também eram mais “pró-sociais” e tinham níveis mais baixos de cortisol, o hormônio do estresse, do que seus pares no grupo de controle.

Outro estudo, realizado nos Estados Unidos, pelo Centro Nacional de Informações sobre Biotecnologia (sigla em inglês – NCBI), descobriu que um programa pós-escola que consiste em yoga e meditação ajudou as crianças a se sentirem mais felizes e relaxadas.

E a yoga em si ajuda a reduzir a ansiedade, a depressão e a fadiga nas crianças, em comparação com a educação física sozinha.

Portanto, crianças praticantes de yoga e meditação constroem habilidades de atenção. Bem como o autoconhecimento e autogestão que levam a decisões mais responsáveis e a um comportamento pró-social.

3. Melhora na qualidade do sono

A meditação pode melhorar significativamente a qualidade do sono das crianças. E esse é um fator crucial para o desenvolvimento e a disciplina escolar.

Afinal, crianças que dormem bem apresentam maior concentração, melhor humor e maior disposição para enfrentar os desafios diários.

Portanto, com a mente descansada, elas estão mais preparadas para absorver o conteúdo em sala de aula e evitar comportamentos impulsivos.

Sendo assim, práticas como a meditação antes de dormir ajudam as crianças a relaxar. E dessa forma, também diminuem a ansiedade e facilitam o sono. Com isso, elas chegam à escola mais calmas e preparadas para lidar com as atividades diárias.

Ou seja, o sono de qualidade, aliado à meditação, contribui para uma rotina mais equilibrada. E isso promove disciplina escolar de forma natural.

Quando as crianças estão bem descansadas, elas têm menos dificuldade em se concentrar e em seguir as regras. O que melhora o ambiente de aprendizado e reduz comportamentos disruptivos.

4. Redução da ansiedade em situações de avaliação

Muitas crianças enfrentam altos níveis de ansiedade durante provas e avaliações. E essa carga de sentimento pode prejudicar o desempenho e afetar sua disciplina escolar.

Nesse contexto, a meditação ensina técnicas de respiração e foco que ajudam a manter a calma em momentos de estresse. E dessa forma, permite que os alunos enfrentem desafios com mais confiança.

Ao reduzir a ansiedade, as crianças conseguem se concentrar melhor nas tarefas e avaliações. E por consequência melhoram não apenas suas notas, mas também seu comportamento durante as aulas.

Isso cria, então, um ambiente mais tranquilo e produtivo, onde elas são mais propensas a manter a disciplina escolar.

Com menos estresse, os alunos se sentem mais preparados para enfrentar as exigências acadêmicas. E essa sensação de preparação contribui para uma atitude mais positiva e disciplinada dentro e fora da sala de aula.

5. Estímulo à criatividade e à resolução de problemas

É válido dizer que a meditação não só acalma a mente, mas também estimula a criatividade e a capacidade de resolução de problemas. E não podemos negar que esses são aspectos essenciais para o desenvolvimento e a disciplina escolar.

Por isso, ao praticar mindfulness, as crianças aprendem a pensar de forma mais flexível e criativa. E por meio desses pensamentos, encontram soluções inovadoras para desafios acadêmicos e sociais.

Com uma mente mais aberta e relaxada, elas são mais capazes de enfrentar dificuldades sem se frustrar. E essa atitude mais positiva melhora sua interação com os colegas e professores.

Essa habilidade de resolver problemas de forma eficaz também ajuda a manter a disciplina escolar, pois reduz o estresse e a impulsividade.

Além disso, a criatividade incentivada pela meditação torna o aprendizado mais dinâmico e divertido. E dessa forma, contribui para um ambiente escolar mais engajado e disciplinado.

A meditação como alternativa progressiva

Um professor em Baltimore, Estados Unidos, por exemplo, substituiu a clássica detenção por uma forma mais progressiva e eficaz. Aquela em que as crianças aprendem a meditar.

Longe do método clássico de esperar que as crianças reavaliem espontaneamente o seu próprio comportamento através da punição, ensinar as crianças a se concentrarem na respiração e no momento presente pode ter muito mais valor a longo prazo.

Ensinar meditação fora da detenção, infundindo-a no dia escolar, é ainda melhor. Isso porque pode ajudar as crianças a evitar as coisas que aprendem em primeiro lugar.

Além disso, a sala de meditação não se parece em nada com a sua sala de detenção sem janelas. Em vez disso, o professor a preencheu com lâmpadas, decorações e travesseiros roxos de pelúcia.

Sendo assim, as crianças que se comportam mal são encorajadas a se sentarem na sala e passarem por práticas como respiração ou meditação. E essas atividades as ajudam a se acalmarem e se centrarem.

Logo depois, os alunos também são estimulados a falar sobre o que aconteceu, refletindo sobre o comportamento.

Eficácia comprovada pela ciência

A meditação consciente existe de alguma forma ou de outra há milhares de anos. Recentemente, porém, a ciência começou a observar seus efeitos em nossas mentes e corpos e está encontrando alguns que são muito interessantes.

Estudos individuais devem ser vistos como um grão de sal (os resultados nem sempre são válidos em todas as situações). Mas, no geral, a ciência está começando a construir uma imagem realmente interessante de como a meditação pode ser incrível.

A atenção plena, em particular, tornou-se parte de certas psicoterapias bem-sucedidas aplicadas nas escolas.

Muitas evidências científicas, uma delas publicada na Revista Education, sugerem que a meditação nas escolas pode ajudar a melhorar métricas que professores e pais gostam de ver – notas e frequência.

Crianças e jovens que praticam técnicas de atenção plena apresentam níveis menores de estresse. E além disso, maior bem-estar e outras melhorias no aspecto pedagógico, como notas, concentração em sala de aula e engajamento com o estudo.

O impacto emocional da meditação

Não é surpresa que estudos mostram que essas crianças são, em geral, crianças mais felizes e mais resistentes, têm um senso de identidade sólido, não mostram indisciplina e estão mais conectadas e respeitosas com os outros e com o mundo ao seu redor.

Lembra como é importante desenvolver as habilidades emocionais?

Ajudar as crianças a desenvolverem essas competências faz com que elas afastem pensamentos e comportamentos negativos.

Elas também passam a construir autoconfiança e concentrar-se em tratar os outros e a si mesmos com respeito. E adotar essa forma de agir é um presente que eles terão para o resto de suas vidas.

A meditação como parte de novos atributos pedagógicos

Em um mundo onde a tecnologia governa o comportamento e a desconexão é um problema crescente, é preciso sempre pensar em inovar com os atributos pedagógicos. 

E faz parte do papel da escola fornecer esses programas e ferramentas para os alunos.

É claro que testes deverão ser feitos e a escola deve procurar os melhores métodos e momentos para aplicá-los.

Um trabalho em conjunto entre pais, professores, coordenadores e alunos deve ser a prioridade sempre, a fim de que todos estejam dispostos a participar do projeto.

Os tempos mudam, a educação muda e os meios também devem se transformar com novas descobertas pedagógicas.

Os docentes podem começar a aplicar a meditação nas suas classes com um plano de aula específico ou ir introduzindo o método em diversas situações diárias, para testar qual funciona melhor.

A indisciplina de um estudante ou uma turma agitada pode ser um dos primeiros meios para se abordar as práticas da atenção plena.

Conclusão

Como vimos, ela é uma ótima ferramenta para aprimorar as habilidades cognitivas e emocionais de um aluno. Inclusive, a meditação pode ser uma das primeiras abordagens a se usar com crianças que têm dificuldades de se concentrar.

Esperançosamente, mais escolas irão participar, particularmente quando mais pesquisas forem publicadas e mais histórias de sucesso forem compartilhadas.

Mesmo que muitas escolas ainda não ofereçam meditação ou yoga – até porque é algo novo e que muitos educadores ainda estão conhecendo -, os pais podem também apresentá-las aos seus filhos em casa.

Essa prática sem dúvidas os fará notar grande diferença no comportamento da criança, afastando para bem longe a indisciplina.

E aí, prontos para conhecer, testar e aplicar a meditação na sua escola?