Seus alunos transformam o erro em aprendizado?

Durante o jantar, Paulo pergunta ao filho, João, se ele cometeu algum erro na sala de aula, na época em que era estudante. O objetivo da pergunta era entender por que os jovens atuais têm tanta dificuldade em assumir riscos – algo que ele identifica constantemente nos processos seletivos da sua empresa. João responde que não, que nunca errou. O pai, surpreso, pergunta como ele só acertava. E eis a resposta: “Simples. Eu só abria a boca quando tinha certeza que a minha resposta estava certa”.

Esse diálogo provoca uma importante questão para os educadores: seus alunos estão sendo preparados para enxergar o erro como aprendizado, assumir riscos e participar ativamente das aulas? Vamos a alguns pontos para responder essas perguntas:

– Durante as aulas, poucos alunos levantam a mão para participar;
– Os estudantes ficam nervosos ao ler a resposta em voz alta;
– A maioria alega timidez para debater sobre alguma questão;
– Muitos dizem, antes mesmo de saberem o gabarito da questão, que erraram a tarefa.

Você identificou a maior parte dessas afirmações na sua sala de aula? Calma, esse problema é mais comum do que você pensa! Ainda atrelados a uma visão hierárquica da escola, muitos estudantes se sentem intimidados diante da figura do professor. E é exatamente essa postura que desfavorece o engajamento, a proatividade e a autoconfiança necessários para que ele saiba reconhecer o erro como uma oportunidade de aprendizado.

Mudar essa concepção é a chave para fazer com que seus alunos se expressem e tomem inciativas sem medo. Isso resulta em uma série de benefícios, que vão desde um maior interesse por estudos até uma personalidade resiliente. Vamos colocar isso em prática na sua escola? Nós te mostramos ações simples e bastante eficazes para alcançar esse objetivo!

ACOLHA SEUS ALUNOS
Nada melhor do que um bom relacionamento! Ao se aproximar dos seus alunos e compartilhar suas histórias de vida, sejam elas de vitória ou de fracasso, você humaniza sua figura e estabelece uma relação de companheirismo com seus estudantes. Além de acolhê-los, você pode aproveitar para estimular laços de coletividade e afetividade entre os próprios pequenos. Dessa forma, eles se sentem completamente à vontade no ambiente escolar e não hesitam em participar das aulas, pois sabem que estão em um local amigável onde todos querem se ajudar.

VALORIZE MAIS O PROCESSO DO QUE O RESULTADO EM SI
Uma escola chinesa deu uma questão de matemática aparentemente impossível para os alunos do fundamental 1. O objetivo, segundo os educadores, era estimular um pensamento mais criativo e independente dos estudantes, fugindo do tradicional método de ensino em que os alunos reproduzem respostas padronizadas. Mesmo causando polêmica, esse caso aborda a importância do processo de aprendizado: valorizar mais o racicínio do que o resultado em si. Afinal de contas, nem tudo na vida se resume a certo ou errado. E superar essa sede por notas e status é um meio eficiente para aprender a lidar com os desafios da sociedade contemporânea 😉

MOSTRE OS BENEFÍCIOS DO FRACASSO
Você pode estar achando esse tópico um tanto quanto desmotivador. Mas ele tem uma função poderosa! A escritora JK Rowling, escritora de Harry Potter, é quem levantou essa bandeira durante um discurso na universidade Harvard. Para Rowling, que fracassou diversas vezes até se tornar o sucesso que é hoje, fracassar significa uma oportunidade de autoconhecimento. É uma chance de conhecer na adversidade forças até então desconhecidas.

Sabe o ditado “mares tranquilos não fazem bons marinheiros”? Essa é a ideia. Ao não atingir um objetivo, devemos focar no que podemos aprender a partir daquilo. Assim, ao levantarmos, levantamos mais fortes e sábios, prontos para os demais desafios que a vida nos impõe. Essa perspectiva, adotada ao cotidiano escolar, permite que os estudantes saibam arriscar e não desistam diante da primeira dificuldade. E ainda mais: faz com que eles vejam o fracasso até mesmo como um motor para a determinação.

USE A FRASE “AINDA NÃO”
A professora de psicologia da Universidade Stanford Carol S. Dweck traz essa frase durante uma palestra do TED. Ela cita o exemplo de uma escola em Chicago que usou “ainda não” para informar ao estudantes que eles não haviam sido aprovados em alguma avaliação acadêmica. O segredo dessa frase? “Ainda” coloca a desaprovação como algo temporário, e não definitivo.

O recado é que ser reprovado em um exame significa apenas que a sua curva de aprendizado ainda está em desenvolvimento. Portanto, a mensagem é ser paciente e respeitar o próprio ritmo. É lembrar que cada um tem sua própria forma de raciocínio, com caminhos diferentes para alcançar um objetivo. Experimente usar “ainda não” ao dar feedback aos seus pequenos! Isso, sem dúvida, vai ajudá-los a olhar o erro como um caminho para o aprendizado.

EXALTE A PERSISTÊNCIA
Até se tornar o mestre que se tornou, Einstein levou 10 anos para seu grande feito como cientista. E teorias mostram que o processo de aprendizado leva exatamente esse tempo para uma pessoa atingir a maestria em alguma área. Um outro exemplo de onde seus pequenos certamente gostam: Disney.

Eles sabem que o Walt Disney, fundador da companhia, enfrentou sérias dificuldades – como a falência da primeira empresa – antes de construir a fábrica de sonhos que conhecemos hoje? Ou pararam pra pensar que os herois dos gibis sempre precisam superar um obstáculo para se tornarem os heróis que são? Traga casos inspiradores como esses para sua sala de aula. É uma atitude simples que ajuda seus alunos a manterem a motivação!

FAÇA UM QUADRO DO APRENDIZADO
Já pensou em estimular seus alunos a usarem o quadro para registrar o aprendizado com erros cometidos durante as aulas? Por exemplo: “Ao errar o local do continente x por tantas vezes, eu estudei e hoje em dia sei tudo sobre essa matéria”/ “Ao errar como dar um passe na aula de educação física, descobri que saber a posição do jogador x me dá uma visão mais estratégica do jogo”. Ensine seus alunos a entenderem o componente educativo dos erros. Isso certamente fará uma diferença e tanto para o modo como eles encaram o jogo do aprendizado!

Essas dicas reforçam que não existe vitória sem fracasso e nem acerto sem erro. Vamos, então, brincar com esses contrastes e mostrar aos pequenos a beleza desses desafios? 🙂