Como a meditação pode ajudar a promover a disciplina escolar
Meditação, ioga e outras práticas de atenção plena estão surgindo nos sistemas escolares pelo mundo – e por boas razões.
Estudos mostraram que relaxar através da meditação pode diminuir a indisciplina, aumentar a atenção e o respeito pelos colegas, desenvolver o autocontrole e a empatia, ao mesmo tempo em que há a redução de estresse, do comportamento hiperativo, dos sintomas de TDAH e a depressão.
Um professor em Baltimore, Estados Unidos, por exemplo, substituiu a clássica detenção por uma forma mais progressiva e eficaz: aquela em que as crianças aprendem a meditar.
Longe do método clássico de esperar que as crianças reavaliem espontaneamente o seu próprio comportamento através da punição, ensinar as crianças a se concentrarem na respiração e no momento presente pode ter muito mais valor a longo prazo.
Ensinar meditação fora da detenção, infundindo-a no dia escolar, é ainda melhor, e pode ajudar as crianças a evitar as coisas que as prendem em primeiro lugar.
Além disso, a sala de meditação não se parece em nada com a sua sala de detenção sem janelas. Em vez disso, o professor a preencheu com lâmpadas, decorações e travesseiros roxos de pelúcia.
As crianças que se comportam mal são encorajadas a se sentarem na sala e passarem por práticas como respiração ou meditação, ajudando-as a se acalmarem e se centrarem. Logo depois, os alunos também são estimulados a falar sobre o que aconteceu, refletindo sobre o comportamento.
Meditação é uma ferramenta muito eficaz – e a ciência diz isso
A meditação consciente existe de alguma forma ou de outra há milhares de anos. Recentemente, porém, a ciência começou a observar seus efeitos em nossas mentes e corpos e está encontrando alguns efeitos interessantes.
Estudos individuais devem ser vistos com um grão de sal (os resultados nem sempre são válidos em todas as situações), mas, no geral, a ciência está começando a construir uma imagem realmente interessante de como a meditação pode ser incrível. A atenção plena, em particular, tornou-se parte de certas psicoterapias bem-sucedidas aplicadas nas escolas.
Muitas evidências científicas, uma delas publicada na revista Neuroimage, sugerem que a meditação nas escolas pode ajudar a melhorar as coisas que professores e pais gostam de ver – notas e frequência.
Crianças e jovens que praticam técnicas da atenção plena apresentam níveis menores de estresse, maior bem-estar e outras melhorias no aspecto pedagógico, como notas, concentração em sala de aula e engajamento com o estudo.
Autoconsciência e autorregulação
A atenção plena está intimamente ligada à autoconsciência (é quase a definição dela), e isso se estende naturalmente à autorregulação.
Isto é, se você aprender a ser mais consciente de seus processos de pensamento e reações no momento presente, é natural que seja mais responsável por suas emoções e comportamentos e não apresente indisciplina.
As crianças, que estão apenas aprendendo a administrar suas próprias emoções internas, podem se beneficiar enormemente de alguma instrução sobre como fazer isso, em vez de ter que tropeçar sozinhas (inclusive, a maioria dos adultos provavelmente diria que gostariam de ter algum tipo de treinamento como esse).
Desenvolvimento socioemocional
Um estudo descobriu que um programa de aprendizagem socioemocional, juntamente com a atenção plena através da meditação e afins, era mais eficaz do que um programa clássico de “responsabilidade social” em várias medidas.
Crianças no tratamento anterior tinham maior empatia, tomada de perspectiva e controle emocional, em comparação com o grupo controle. Eles também eram mais “pró-sociais” e tinham níveis mais baixos de cortisol, o hormônio do estresse, do que seus pares no grupo de controle.
Outro estudo, realizado pela NCBI, descobriu que um programa pós-escola que consiste em yoga e meditação ajudou as crianças a se sentirem mais felizes e relaxadas. E a yoga em si ajuda a reduzir a ansiedade, a depressão e a fadiga nas crianças, em comparação com a educação física sozinha.
Crianças que praticam yoga e meditação constroem habilidades de atenção, autoconhecimento e autogestão que levam a decisões mais responsáveis e a um comportamento pró-social.
Não é surpresa que estudos mostrem que essas crianças são, em geral, crianças mais felizes e mais resistentes, têm um senso de identidade sólido, não mostram indisciplina e estão mais conectadas e respeitosas com os outros e com o mundo ao seu redor.
Lembra como é importante desenvolver as habilidades emocionais?
Ajudar as crianças a desenvolverem essas competências faz com que elas afastem pensamentos e comportamentos negativos, construam autoconfiança e concentrem-se em tratar os outros e a si mesmos com respeito, o que é um presente que eles terão para o resto de suas vidas.
Em um mundo onde a tecnologia governa o comportamento e a desconexão é um problema crescente, é preciso sempre pensar em inovar com os atributos pedagógicos. E faz parte do papel da escola fornecer esses programas e ferramentas para os alunos.
É claro que testes deverão ser feitos e a escola deve procurar os melhores métodos e momentos para aplicá-los. Um trabalho em conjunto entre pais, professores, coordenadores e alunos deve ser a prioridade sempre, a fim de que todos estejam dispostos a participar do projeto.
Os tempos mudam, a educação muda e os meios também devem se transformar com novas descobertas pedagógicas. Os docentes podem começar a aplicar a meditação nas suas classes com um plano de aula específico ou ir introduzindo o método em diversas situações diárias, para testar qual funciona melhor.
A indisciplina de um estudante ou uma turma agitada pode ser um dos primeiros meios para se abordar as práticas da atenção plena.
Como vimos, ela é uma ótima ferramenta para aprimorar as habilidades cognitivas e emocionais de um aluno. Inclusive, a meditação pode ser uma das primeiras abordagens a se usar com crianças que tem dificuldades de se concentrar.
Esperançosamente, mais escolas irão participar, particularmente quando mais pesquisas forem publicadas e mais histórias de sucesso forem compartilhadas.
Mesmo que muitas escolas ainda não ofereçam meditação ou yoga – até porque é algo novo e que muitos educadores ainda estão conhecendo -, os pais podem também apresentá-las aos seus filhos em casa e ver como isso fará diferença no comportamento da criança, afastando para bem longe a indisciplina.
E aí, prontos para conhecer, testar e aplicar a meditação na sua escola?
Jaíra
20/abril/2018 @ 17:08
Proposta excelente. Nossas crianças vivem todos os conflitos que nos rodeiam.Tais práticas vêm de encontro a uma necessidade do momento. Parabéns!
Ingrid de Sousa Mohr
19/abril/2018 @ 21:48
Amei essa matéria. Eu pratico a meditação com meus alunos do sexto ao oitavo ano no início de cada aula. O resultado foi satisfatório no que concerne a agitação e a indisciplina durante as as aulas. Pratico e indico!
andre
09/janeiro/2019 @ 11:02
Ingrid, bom dia!
Gostaria de saber mais sobre sua prática. Seria possível me contactar por email?
bombmsn@hotmail.com
Rodrigo Machado
16/fevereiro/2019 @ 08:31
Olá, Ingrid, bom dia.
Sou novo no ofício de professor e meus alunos são do 6° ao 9° ano. Tenho dificuldade em mantê-los interessados e acredito que a meditação poderia ser uma grande aliada para mim.
Posso saber mais sobre a sua prática de meditação?
Envia-me um e-mail, se não for incômodo.
rodrigoribeiromachado2@gmail.com
Agradeço desde já.