Dia das comunicações: a importância de silenciar para comunicar!
Maio é um mês de muitas comemorações importantes! E datas como o Dia das Comunicações, comemorado ontem, são pretextos para reflexões e ações acerca de determinado tema.
Toda celebração traz em seu bojo uma essência que transcende a própria festa, ensejando buscar as razões/histórias que fizeram com que o acontecimento, pessoa ou coisa merecesse um dia especial para ser celebrado.
Maio já começa com o Dia do Trabalho, data oportuna para refletirmos sobre as relações patrão/empregado, sobre a legislação trabalhista, sobre o desemprego, sobre o empreendedorismo e muito mais.
Além disso, podemos ressaltar o quão o trabalho é importante para o indivíduo e para as famílias.
Professores, que tal fazer uma exposição sobre profissões ou um pequeno teatro mostrando que toda profissão deve ser respeitada e valorizada?!
Ações assim combatem o preconceito e ensinam o respeito, tão indispensável para o sucesso das relações humanas.
Maio é mesmo um mês de grandes comemorações, com datas culturais, cívicas, profissionais, históricas e curiosas: Dia do Trabalho, Dia do Sol, Dia das Mães, Dia do Silêncio, Dia do Sertanejo, Dia do Pau-Brasil, Dia Nacional das Comunicações, Dia Mundial dos Meios de Comunicação, sem contar que maio é mês das noivas, mês de Maria (para os católicos), mês das flores e de mais um monte de coisas importantes!
Mas o que mais me encanta é que neste mês celebra-se o Dia das Comunicações (no dia 5 de maio) e, (paradoxalmente?), o Dia do Silêncio (no dia 7 de maio)! E foi sobre isso que me propus a escrever.
Sabemos que Comunicação é algo vital. O ser humano precisa se comunicar, interagir com seus semelhantes, porque somos seres sociais e não se pode ser feliz sozinho.
Vivemos na era da comunicação, sob o signo das mídias que fazem do mundo uma aldeia global. As distâncias encurtaram, o mundo ficou pequeno.
Há muito barulho e somos bombardeados cotidianamente por várias informações. Namoros virtuais, amizades virtuais, negócios virtuais mudaram o perfil dos relacionamentos no século XXI.
“Salve a comunicação!” – Frase esta que pode se tornar ambígua no contexto atual, onde podemos entendê-la como aplauso aos avanços tecnológicos que agregaram rapidez, sofisticação e precisão aos processos de comunicação, mas também podemos usá-la para pedir socorro (salve! – do verbo salvar) para essa ação que vem perdendo a sua essência!
Por outro lado, o Dia do Silêncio vem nos lembrar de que não só o barulho comunica. O silêncio consciente é um exercício precioso, capaz de nos levar ao autoconhecimento, ou seja, à comunicação com o nosso interior, onde reside a nossa verdade, a nossa essência, o amor do qual nascemos e para o qual existimos.
Vejo como os nossos alunos falam alto e são barulhentos! Vêm perdendo, pouco a pouco, a capacidade de ouvir o outro e a si mesmos. Para ouvir com produtividade, precisamos nos silenciar. Isso não significa apenas ficar calado ou na ausência de barulho externo. É preciso focar, relaxar, abrir-se para o outro, sem preconceito, sem resistência.
É preciso saborear o que o outro diz, para, então, emitir o seu parecer; com calma, com propriedade, com respeito.
Saber ouvir é um ato de coragem e de humildade ao mesmo tempo. Coragem para absorver a verdade do outro, e humildade para reconhecer que não há uma verdade absoluta, além do Amor.
Parafraseando Rubem Alves, temos várias ofertas de cursos de oratória (todos querem e valorizam o bem falar!). Mas e os cursos de escutatória? Nunca vi nenhum anúncio sobre eles! Será que saber ouvir não é tão ou mais importante do que saber falar?
O diálogo e a mediação só são possíveis se soubermos ouvir o outro. Quantos conflitos seriam evitados se soubéssemos ouvir com sabedoria!
O mestre Rubens Alves já dizia que a beleza mora no outro também. Linda e sábia esta frase dele: “Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto”.
Colegas, professores, eis o meu apelo de educadora apaixonada pela vida: ensinem seus alunos a ouvir, a valorizar o silêncio, a escutar sua voz interior! Mostrem como o dia das comunicações e o dia do silêncio se relacionam!
Há muito barulho e muita desunião neste mundo. Precisamos de silêncio, precisamos de comunhão. A superficialidade está querendo dominar nossos pequenos e precisamos interferir.
Gosto de ler artigos que fale sobre o silêncio; também adoro silenciar-me para buscar respostas lúcidas para minhas inquietações existenciais.
Outro dia li um artigo sobre a importância do silêncio, que reforçou ainda mais essa minha postura, além de agregar mais uma razão para exercitá-lo e para fazer a apologia dele.
Imaginem que o “silêncio torna-nos mais inteligentes, criativos e seguros e que é indispensável na regeneração de nosso cérebro, além de nos acalmar, é claro!”.
E já que esse artigo fala sobre comunicação e silêncio, eu ouso deixar uma dica muito importante para os professores/educadores: apliquem a PNL (Programação Neurolinguística) na educação.
Esse método é um excelente modelo de comunicação, onde o professor adquire um poder de influência e persuasão muito maiores, quebrando resistências e ressignificando os erros de seus alunos.
Isso cria laços de afeto e gratidão e dá novo sentido à relação professor aluno.
Podemos presumir que a comunicação e o silêncio são duas estratégias essenciais no contexto educacional moderno, pois cada uma, à sua maneira, promove comunhão e são fatores determinantes para o autoconhecimento, para o desenvolvimento da empatia, bem como para a saúde do cérebro, que resulta em aprendizagem, crescimento e qualidade de vida.
Bernadete Valadares é professora de Língua Portuguesa, Redação e Literatura. Completamente comprometida com o propósito da educação e encantada com seus pequenos grandes alunos!
JOANA DARK APARECIDA BORBA
08/maio/2018 @ 23:21
Adorei o artigo! Bem condizente com o momento que estamos vivenciando. Muito barulho, todos querendo ao mesmo tempo se explicar e justificar algo que é na verdade uma falha ou um incômodo subjetivo. Pessoas falsas, fingindo-se simpáticas e, na verdade nada empáticas.
Triste realidade essa modernidade líquida que Zygmunt Bauman nos apresentou. Saudades dos tempos que se falava mais com um olhar que com palavras.
Bernadete Valadares
07/maio/2018 @ 13:08
Obrigada, Andreia Damasceno!
Sou professora, como você e fico feliz quando encontro uma aliada, que também se preocupa com a superficialidade da comunicação atual! Falo todos os dias sobre a importância do silêncio, com meus alunos. Ensino-lhes que somente no silêncio eles podem transformar informação em conhecimento, para amadurecerem com sabedoria!…
Leciono, atualmente para o fundamental II, mas já trabalhei com alunos de todas as idades.E, incrível, esse problema do barulho, do falar alto, etc., não tem idade. Estão todos aderindo ao grito! Mas eu não desisto de combater esse hábito, tão desgastante quanto ineficaz. Abraços!
Andreia Damasceno
07/maio/2018 @ 09:55
Muito grata pelo artigo! Dicas maravilhosas! Aprecio muito sua forma responsável e simples de escrever!
Ultimamente tenho dialogado com meus alunos de 3º e 4º anos sobre isso… trabalho com a língua portuguesa e tenho percebido como eles têm se comunicado cada vez mais alto e as vezes impõem suas ideias no grito! Realmente é muito preocupante… Mas este artigo me ajudou muito… Beijos!