Cyberbullying: o que é a prática e como combatê-la na escola?
Texto originalmente publicado em 17/07/19 e atualizado em 21/05/25.
O Cyberbullying é um grande problema que os educadores vêm tentando conscientizar e combater em sala de aula.
Segundo um levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Ipsos, o Brasil é o 2º país com mais casos de cyberbullying contra crianças e adolescentes no mundo.
Com isso, cresce a necessidade de pensar em ações que ajudem a prevenir e combater esse tipo de violência.
Para te ajudar com isso, neste texto falaremos sobre o que é o cyberbullying e como enfrentá-lo no ambiente escolar. Confira!
Mas afinal, o que é cyberbullying?
O cyberbullying se caracteriza pela união do bullying (ataques, ameaças, depreciações, insultos, etc.) ao ambiente virtual.
Com a expansão cada vez mais rápida da tecnologia, as crianças se tornam cada vez mais adeptas dessa prática.
O uso desenfreado do espaço virtual e das redes sociais torna os pequenos mais vulneráveis a alguns tipos de riscos, entre eles, o cyberbullying.
Cabe aos adultos, portanto, identificar as suas formas de realização e traçar ações de combate para isso .
E como fazê-lo no ambiente escolar? Primeiramente, é essencial identificar casos concretos de bullying.
Confira alguns dos sinais que vão te ajudar a identificar se seu aluno tem sofrido com essa situação:
Isolamento
Um dos primeiros sinais que os alunos demonstram quando sofrem algum tipo de violência presencial ou virtual é o isolamento.
As crianças que passam por esse tipo de situação se tornam mais acuadas e, por isso, na maioria das vezes, têm vergonha de conversar sobre a situação.
É possível que elas não se sintam à vontade com os amigos, e principalmente com pais ou educadores.
Então, fique de olho nesse tipo de comportamento.
Decréscimo do rendimento acadêmico
Muitas crianças e adolescentes que sofrem com a violência, seja ela ativa, como ofensas diretas, ou passiva, como exclusão e isolamento acabam desenvolvendo dificuldades de concentração.
Além de sentirem uma grande desmotivação para as atividades escolares.
O ambiente de aprendizado deixa de ser um espaço seguro e acolhedor, tornando-se um local de ansiedade e tensão constante.
Isso afeta diretamente o desempenho nas tarefas, a participação em sala de aula e até a frequência escolar.
Por isso, o rendimento acadêmico desses alunos pode cair abruptamente.
Atitudes autodepreciativas
Como na infância e adolescência, os alunos ainda estão no processo de construção da sua autoimagem. Portanto, é comum que eles se espelhem na imagem que lhes é passada.
Os pequenos passam a enxergar os insultos e as depreciações sofridas como sua verdadeira imagem e, em um determinado momento, chegam a acreditar que merecem a violência sofrida.
Isso pode se refletir em atitudes e comentários autodepreciativos.
Comportamento agressivo
Uma atitude comum entre as crianças é a de replicar falas e comportamentos que enxergam ao seu redor.
É possível que crianças que sofrem cyberbullying se tornem também mais agressivas. Esse tipo de atitude pode acontecer não só com os colegas que praticam as ações contra elas, mas também com os amigos.
Além disso, a agressividade pode ser uma forma indireta de pedir ajuda, ainda que inconscientemente.
Crianças muitas vezes não sabem como expressar o sofrimento emocional de forma clara, e acabam demonstrando através de atitudes impulsivas, explosões de raiva ou desrespeito às regras.
O olhar jurídico sobre o problema
Nos últimos anos, o tema do cyberbullying ganhou mais visibilidade também no campo jurídico, levando à criação de legislações específicas para combater e prevenir essa violência.
Em 2015, foi sancionada a Lei nº 13.185, que institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying). Essa lei estabelece diretrizes para identificar, prevenir e enfrentar todas as formas de intimidação, inclusive em meios digitais.
Além disso, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação também ganhou um artigo que trata especificamente do combate a esse tipo de violência no ambiente escolar.
Esses avanços legais são importantes porque oferecem respaldo para que escolas, educadores e famílias. Dessa forma, esse núcleo pode saber como agir com mais segurança diante de casos concretos.
Eles também deixam claro que o cyberbullying não é apenas um problema comportamental ou escolar, e sim uma questão que pode ter implicações legais sérias para os agressores.
E isso ganha ainda mais força à medida que crescem os debates sobre o uso responsável da internet e o respeito aos direitos individuais.
Medidas práticas de combate ao cyberbullying
Apesar das medidas legais para tratar o problema, o índice de ocorrências segue alto entre as crianças e adolescentes brasileiras.
Por isso, separamos algumas ferramentas que vão te ajudar a combater o bullying, de maneira geral, em sua escola.
1) Jogos educativos
A gamificação é uma forma lúdica e leve de tratar assuntos sérios, de maneira didática, dentro de sala de aula.
Com a ajuda de jogos de combate ao bullying, os alunos podem exercitar a empatia e a resolução de problemas.
Assim, os que sofrem com algum tipo de violência tornam-se capazes de identificar os novos sentimentos despertados. E dessa forma, compreender que existe algo errado no convívio com os colegas.
Já os alunos que praticam ou já praticaram bullying ou cyberbullying podem compreender os malefícios das suas ações. E portanto, tomar cuidado para não mais agir de uma maneira que possa magoar seus colegas.
2) Estímulo à atividades de integração
A escola é um dos principais círculos sociais das crianças, por isso, é importante que elas se sintam seguras e confortáveis com seus colegas e nos ambientes que frequentam.
A prática de esportes, como por exemplo, futebol, vôlei e basquete, ajudam muito na integração e colaboração entre alunos. Bem como os trabalhos manuais (crochê, pintura, reciclagem) e aulas extraclasse (música, teatro, reforço escolar).
Esses tipos de atividades promovem o desenvolvimento saudável dos pequenos.
3) Criação de eventos de conscientização
Muitas escolas já realizam eventos, que duram dias e até a semana inteira, em prol da conscientização. Aposte em temas como “inclusão”, “preservação do meio ambiente”, entre outros.
Desenvolver eventos como estes, que envolvam todo o corpo docente, a comunidade e a família são de extrema importância para a prevenção e o combate do cyberbullying.
Quando assuntos como este são falados e demonstrados na prática, fica mais fácil para que a família e os próprios estudantes identifiquem traços desses comportamentos.
Ou seja, saibam como reagir e reconhecê-los quando de fato acontecerem.
4) Criação de um ambiente de fala seguro
Depois de trazer a discussão sobre bullying e cyberbullying à tona através de jogos, palestras e atividades, é importante que os estudantes se sintam seguros para falar sobre o assunto.
Para despertar a confiança e o conforto dos alunos, uma boa alternativa pode ser a criação de um espaço sobre o assunto.
Isso pode ocorrer através de um comitê formado por alunos e professores, membros do corpo docente, etc. O ideal é que as vítimas possam relatar retaliações que venham sofrendo.
5) Projeto temático “Cyberbullying e Redes Sociais”, da Estante Mágica
Com a ajuda de projetos temáticos, os professores orientam os estudantes a refletirem sobre a era da tecnologia e como as ferramentas digitais podem ser usadas tanto para o bem quanto para o mal.
As observações feitas pelos alunos se tornam um gancho perfeito para falar sobre as novas formas de relacionamento. E da mesma forma, como práticas nocivas criadas no território digital, como o cyberbullying.
Para isso, o tema pode muito bem ser explorado em rodas de conversa. O projeto temático “Cyberbullying e Redes Sociais” é gratuito e exclusivo para escolas participantes da Estante Mágica, o maior projeto de incentivo à leitura do Brasil.
E nele, é proposto materializar as reflexões sobre o assunto debatido em um livro de autoria do próprio aluno.
Para participar, é necessária inscrição no site www.estantemagica.com.br.
E a sua escola, o que tem feito para combater esse tipo de prática?
Conte pra gente aqui nos comentários e compartilhe esse texto com quem precisa refletir sobre esse assunto!