O que competências socioemocionais têm a ver com formação de professores?

Por que as competências socioemocionais são tão importantes para a educação do século 21? Neste texto, Willmann Costa, especialista em habilidades socioemocionais e gerente de educação da Estante Mágica, reflete sobre essa questão. Confira!

A solução para a maioria dos problemas que enfrentamos na educação está na própria escola.

Percebo que, com a urgência de trabalhar as competências socioemocionais, as instituições de ensino passaram a terceirizar até as pequenas birras dos pequenos para os psicólogos.

É muito saudável que a educação beba em outras fontes de conhecimento, como a psicologia, por exemplo, mas devemos ter cuidado para não transferir a construção de novos caminhos da educação para outros profissionais que não vivenciam o chão da escola.

Estamos em plena mudança de paradigma na educação.

Nossas crianças, mais do que nunca, precisam de diferentes estímulos para se tornar pessoas criativas, responsáveis, emocionalmente equilibradas.

Não podemos mais dissociar o aprendizado do aluno de suas emoções. Passamos mais de dois séculos fragmentando os conteúdos e dando pouca importância ao aluno como indivíduo.

Agora, estamos pagando um preço alto por isso.

Fatores como: falta de vínculo com o professor, dissociação do conteúdo com da vida do aluno, sistema de avaliação punitivo, entre outras coisas, fazem com que as crianças, desde cedo, desenvolvam uma relação hostil com o ambiente escolar.

Incluir, no dia a dia da escola, componentes que desenvolvam, de forma intencional, as competências para o século 21, é o grande desafio da educação.

Para isso é necessário o envolvimento da sociedade, dos profissionais da educação, da família.

A escola precisa ser ressignificada, deixando claro qual o seu real propósito na vida de nossas crianças e jovens.

A importância das competências socioemocionais

Competências socioemocionais como autoconhecimento, colaboração, criatividade, responsabilidade, autonomia, comunicação, entre outras, precisam ser inseridas no contexto escolar, de forma intencional.

A necessidade na mudança de cultura em sala de aula deve ser demandada, principalmente, pelos docentes.

Não podemos achar natural a falta de interesse dos jovens pela sala de aula. Quando o aluno é desafiado a participar da construção do conhecimento, o desejo da busca é despertado.

É difícil resistir aos desafios se eles tocam no nosso conhecimento prévio e fazem sentido para nossa vida.

Competências socioemocionais e BNCC

O modelo tradicional de educação, há décadas, vem sendo questionado por pesquisadores da área.

Nos últimos dois anos, com a aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), os educadores estão vivenciando um dilema: “Como trabalhar com as emoções dos alunos se eu não fui formado para isso?”.

Sim, é um desafio a ser  superado pelos profissionais da escola. Mas o impacto das competências socioemocionais na BNCC é inegável.

Sabemos que isso não será resolvido de uma hora para outra, precisamos de formação, autorreflexão, estudos sobre o tema, escuta ativa dos atores envolvidos na escola.

Podemos contemplar uma educação voltada para o socioemocional, aplicando projetos, previamente construídos para desenvolver, intencionalmente, as competências do século 21.

Esses projetos devem ser aplicados por professores que participam de forma ativa, pois eles são os profissionais mais indicados para mensurar a evolução do aluno na escola.

Como o coordenador deve preparar professores para essas competências?

Não basta apenas o envolvimento de alguns professores na escola, toda a equipe deve estar motivada para trabalhar com socioemocional.

Reuniões entre coordenador pedagógico e os professores precisam ser frequentes. As demandas dos docentes devem ser ouvidas.

O aluno do século 21 precisa e deve ser respeitado em sua individualidade. Por isso, toda equipe precisa estar alinhada para atender as demandas dos jovens, considerando a bagagem cultural que eles trazem de suas experiências de mundo.

Por fim, a avaliação tradicional, ainda contemplada por muitos educadores, precisa ser revista, pois a prova não deve ser um acerto de contas entre professor e os alunos, mas sim uma ferramenta de aprendizado.

E a sua escola, já está preparada para os desafios dos século 21?