Câncer infantil: o impacto da Estante Mágica no tratamento oncológico
Hoje, dia 23 de novembro, é o Dia Nacional do Combate ao Câncer Infantil. A doença, que reflete um crescimento anormal de células, demanda um tratamento delicado. Por isso, é fundamental combatê-la com ações de prevenção – como exames de rotina.
Mas, para além das ações como a mencionada, há também outras bastante potentes para lidar com o desafio. Uma delas é escrever a própria história! E foi isso que as professoras Aline Rodrigues e Nádia Turequi proporcionaram para 15 crianças e adolescentes em tratamento oncológico.
Os jovens lançaram os próprios livros em parceria com a Estante Mágica e o resultado foi tão positivo que até melhorou as taxas sanguíneas de um deles. Confira mais sobre essa história emocionante!
A importância da rotina de estudo durante o tratamento
Descobrir um diagnóstico de câncer infantil afeta diversas coisas. Entre elas, a ida às escolas.
É por isso que a parceria do Estado com os hospitais oncológicos é tão importante para que a rotina de estudos não acabe.
Aline Rodrigues e Nádia Turequi, pedagogas e pós-graduadas em Pedagogia hospitalar, atuam como professoras no Hospital do Câncer de Cuiabá.
O trabalho delas é fundamental para que crianças e adolescentes continuem estudando em meio ao tratamento oncológico.
Quando o aluno é internado, elas fazem um estudo de caso sobre ele e interagem com a família.
E aí é por meio do afeto criado que orientam a continuação do processo de aprendizagem:
“Entendemos em qual nível de aprendizagem o estudante se encontra e aí entramos em contato com as escolas para sanar todas as dificuldades. Ou seja: adaptamos todos os materiais didáticos para cada especificidade dos pacientes em tratamento”, explicou Aline.
Em meio a esse apoio, as pedagogas buscaram um projeto de leitura para aplicar entre os estudantes. E assim conheceram a Estante Mágica:
“Estávamos buscando algo novo, que envolvesse tecnologia, considerando o perfil dos alunos que são da era digital. Ao nos depararmos com a Estante Mágica, baixamos o aplicativo para estudar a proposta. E aí foi bem intuitivo! Os estudantes amaram e foi um sucesso”, afirmou.
A pedagoga Nádia reforçou que estava buscando algo para aguçar a curiosidade dos pequenos:
“Queríamos também trabalhar a questão da criatividade. Então, quando nos deparamos com a proposta, gostamos muito da ideia de eles criarem as próprias histórias. Isso entrou em consonância com o que a gente já tinha em mente”, complementou.
Flexibilidade e sensibilidade na experiência Estante Mágica
Ao aplicarem a Estante Mágica, as pedagogas precisaram se atentar a 2 pontos sensíveis.
O primeiro deles: calendário. Isso porque, dependendo, as crianças não vão todos os dias ao hospital. Então, isso demanda um tempo maior para a criação dos livros.
O segundo ponto é a sensibilidade. Isso porque, mesmo em contextos que o (a) paciente está no hospital, nem sempre ele (a) está bem. E, como o foco é o tratamento contra o câncer infantil, é preciso cuidado para compreender essa situação – adiando a condução criativa:
“Por isso, o ideal é dedicar pelo menos 3 meses para a aplicação da iniciativa. Afinal, ela será feita num contexto clínico”, aconselhou Nádia.
Leia também: Como escrever um livro ajudou no tratamento de crianças com câncer
Escrita mágica: melhora no estado emocional e no sistema imunológico
Dentre as diversas histórias incríveis que vieram da parceria com a Estante Mágica, uma chamou muito a atenção.
Foi a da jovem Thais Isabelle, de 14 anos. Ao ser diagnosticada com leucemia, ficou mais de 80 dias no hospital realizando seu tratamento.
Ela se questionava muito do porquê aquilo ter acontecido com ela, por que ela deveria passar por isso… um mix de sentimentos.
A jovem também tinha medo da injeção, dos procedimentos, um reflexo do medo geral que estava sentindo frente ao desafio. Por meio da escrita do próprio livro, ela pôde expressar todos esses sentimentos – algo que até então ela não conseguia fazer com a psicóloga:
“Quando oferecemos a iniciativa, ela começou a liberar a conversa, o que estava sentindo… então quando falamos que ela poderia contar isso no livro foi muito bom. Acendeu algo bom dentro dela que a animou muito!”, contou Nádia.
Ou seja: o processo criativo aumentou a autoestima da jovem e fortaleceu seu estado emocional. E esse fortalecimento se refletiu também no seu exame de sangue!
Após escrever seu próprio livro, percebeu melhora nas taxas sanguíneas, teve alta e foi para casa. Impressionante o poder de contar a própria história, não é? 💙
“A escrita tirou aquele pensamento negativo de estar no hospital e a fez relembrar a rotina de estar em sua escola. Isso a faz esquecer dos medos e a ajudou a melhorar para sair do hospital”, falou Aline.
Leia também: Como a escrita promove a educação socioemocional
Evento de Autógrafos: um momento recheado de emoção
Em resumo, os impactos positivos da experiência Estante Mágica foram diversos: desde habilidade de escrita até habilidades socioemocionais.
Aline e Nádia mencionaram que houve melhora nas habilidades de desenho, de escrita, leitura, além de um nítido avanço emocional com a aplicação.
E o Evento de Autógrafos, tão aguardado, foi planejado com muita empolgação: teve até cerimonialista para conduzir o grande momento!
Mas no dia que as pedagogas estavam fazendo o convite para essa celebração, veio uma notícia triste. Um dos autores faleceu naquele dia, devido ao câncer infantil.
Apesar da dor, a família fez questão de representar a estrela literária. A avó e a mãe do pequeno foram participar do Evento, até mesmo para pegar seu livro.
E isso rendeu uma homenagem emocionante, que fechou o grande dia.
Um gesto simbólico para reforçar o legado que a criança havia deixado à família. A estrela literária virou uma estrelinha. De forma resumida, essa noite foi, como disse Nádia, “arrepiante”:
“Foi algo que acho que eles nunca vivenciaram na vida. Nem na escola acho que passaram por um momento tão forte de valorização e reconhecimento. Todos se emocionaram com cada história!”, compartilhou Nádia.
Para as pedagogas, o brilho no olhar das famílias trouxe um senso de realização muito forte. Ajudar a tirar o foco da doença e colocar esse foco na esperança aumentou a sensação de dever cumprido das educadoras.
“Você vê que eles se sentem valorizados, amados. E que você também tira o potencial de cada um. Afinal, todo mundo pode fluir de alguma maneira”, vibrou a pedagoga.
Portanto, mais uma vez reforçamos o lema #CadaHistóriaConta. Que essa matéria tenha te inspirado a acreditar na força de contar a sua própria história!
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