O que são os campos de experiências da BNCC e como trabalhá-los?
Texto originalmente publicado em 25/06/2018 e atualizado em 14/05/24.
Os primeiros anos de vida, cada descoberta, cada brincadeira é uma nova página virada no livro do aprendizado. E por trás dessa jornada de descobertas estão os campos de experiências da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), delineando um caminho inovador na Educação Infantil.
Nesse contexto, explorar os ‘campos de experiências’ é mais do que uma simples abordagem pedagógica. É na verdade uma revolução na forma como concebemos o ensino para os nossos pequenos.
No texto de hoje, falaremos sobre os 5 campos de experiências da BNCC. E, além disso, revelaremos como eles moldam um ambiente educacional rico em aprendizado, descobertas e desenvolvimento para nossas crianças.
O que é a BNCC
A BNCC (Base Nacional Comum Curricular) é um assunto que está em foco na educação e que gera algumas dúvidas quanto ao seu conteúdo. Afinal, o que são os campos de experiências e quais as suas propostas?
Primeiro, campos de experiências da BNCC são a base estrutural pedagógica, ou seja, propostas curriculares que devem guiar as escolas com as aprendizagens necessárias para cada etapa.
É uma mudança conceitual no currículo, pois, para a BNCC, a criança age, cria e produz cultura. E não é mais uma mera receptora das mensagens que o adulto transmitia para ela.
Desta forma, a organização curricular da Educação Infantil na BNCC está estruturada em 5 campos de experiências. E é nesse âmbito que são definidos os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento.
Neles, há um arranjo curricular que acolhe as situações e as experiências concretas da vida cotidiana das crianças e seus saberes.
Trazendo uma variedade de experimentações para as crianças, entrelaçando-as aos conhecimentos culturais.
De acordo com o documento da BNCC, a definição e a denominação dos campos de experiências também se baseiam no que dispõem as DCNEI (Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil).
A ideia é relacioná-las aos saberes e conhecimentos fundamentais a ser propiciados às crianças e associados às suas experiências.
Considerando esses saberes e conhecimentos, os campos de experiências em que se organiza a BNCC são:
1- O eu, o outro e o nós
O convívio com outras crianças e com adultos leva os pequenos a constituírem um modo próprio de agir. E além disso sentir e pensar, descobrindo que existem outros modos de vida, pessoas diferentes, com outros pontos de vista.
Ao mesmo tempo, elas constroem sua autonomia e senso de autocuidado, de reciprocidade e de interdependência com o meio.
Sendo assim, na Educação Infantil, o ideal é criar oportunidades para que as crianças entrem em contato com outros grupos sociais e culturais. Dessa forma, são apresentadas a novos costumes, celebrações e narrativas.
Nessas experiências, elas podem ampliar o modo de perceber a si mesmas e ao outro. E por meio dessa experiência, passam a valorizar sua identidade, respeitar os outros e reconhecer as diferenças que nos constituem como seres humanos.
Exemplo prático: Sua escola pode organizar um projeto intercultural, onde cada semana é dedicada a uma cultura diferente. Durante essas semanas, são realizadas atividades como culinária, dança, música e artesanato típicos da cultura em destaque.
Além disso, é promovida uma roda de conversa. Nela as crianças têm a oportunidade de compartilhar suas experiências familiares e tradições culturais.
Essa iniciativa não apenas amplia o repertório cultural das crianças, mas também promove o respeito e a valorização da diversidade. E assim, contribui para a construção de uma comunidade escolar inclusiva e acolhedora.
2- Corpo, gestos e movimentos
Desde cedo, com o corpo, por meio dos sentidos, gestos e movimentos, as crianças exploram o mundo, o espaço e os objetos do seu entorno.
Estabelecem relações, expressam-se, brincam e produzem conhecimentos sobre si, sobre o outro, sobre o universo social e cultural.
E é por meio das diferentes emoções e linguagens, que elas se comunicam e se expressam com o corpo. Esses tipos de linguagem são a música, a dança, o teatro, as brincadeiras de faz de conta…
Na Educação Infantil, o corpo das crianças ganha centralidade. Assim, é necessário que a instituição escolar promova oportunidades ricas para que os pequenos possam explorar e vivenciar um amplo repertório.
Exemplo prático: Sua escola pode implementar sessões regulares de atividades físicas e expressivas. Invista na dança, yoga infantil ou teatro de improvisação.
Essas atividades permitem que as crianças explorem seus corpos, desenvolvam coordenação motora, expressão emocional e socialização.
Além disso, é possível organizar uma “semana do movimento”. Nela, cada dia é dedicado a uma forma de expressão corporal diferente, como dança, teatro ou jogos ao ar livre
3- Traços, sons, cores e formas
O contato com diferentes manifestações artísticas, culturais e científicas no cotidiano da escola é necessário. Afinal, possibilita às crianças vivenciar várias formas de expressão e linguagens. Portanto, é essencial a promoção de experiências diversificadas.
Com base nessas experiências, elas se expressam por várias linguagens, criando suas próprias produções artísticas ou culturais.
Essas experiências contribuem para que, desde muito pequenas, as crianças desenvolvam senso estético e crítico. Além do conhecimento de si mesmas, dos outros e da realidade que as cerca.
Sendo assim, a Educação Infantil precisa promover a participação das crianças em produções como as artes visuais, música, teatro, dança e audiovisual. Tudo a fim de favorecer o desenvolvimento da sensibilidade, da criatividade e da expressão pessoal das crianças.
Exemplo prático: Sua escola pode criar um espaço de arte permanente. Equipe esse local com materiais diversos, como tintas, pincéis, giz, argila e instrumentos musicais.
As crianças podem explorar livremente esses materiais para criar suas próprias obras de arte, experimentando com cores, texturas e formas.
Além disso, a escola pode organizar visitas a museus, galerias de arte ou apresentações culturais. E assim, proporcionar às crianças campos de experiências enriquecedoras e inspiradoras no mundo da arte e da cultura.
4- Escuta, fala, pensamento e imaginação
Na Educação Infantil, é importante promover experiências nas quais as crianças possam falar e ouvir. E dessa forma, potencializar sua participação na cultura oral.
Pois é na escuta de histórias, na participação em conversas, nas narrativas e em múltiplas linguagens que a criança se constitui ativamente como sujeito singular e pertencente a um grupo social.
Neste mesmo sentido, a imersão na cultura escrita deve partir do que as crianças conhecem e das curiosidades.
As experiências com a literatura infantil propostas e mediadas pelo educador contribuem para o desenvolvimento do gosto pela leitura. E ainda servem de estímulo à imaginação e da ampliação do conhecimento de mundo.
Além disso, o contato com histórias, contos, fábulas, poemas, cordéis etc propicia a familiaridade com livros, com diferentes gêneros literários. Nesse convívio com textos escritos, as crianças vão construindo hipóteses sobre a escrita que se revelam, inicialmente, em rabisco.
Isso leva os pequenos, aos poucos, a conhecer as letras do alfabeto, em escritas espontâneas e não convencionais, mas que indicam sua compreensão da escrita como sistema de representação da língua e forma de comunicação.
Exemplo prático: Sua escola pode implementar atividades de contação de histórias. Nelas as crianças são convidadas a ouvir e contar histórias de diferentes culturas e gêneros.
É possível também criar um cantinho da leitura aconchegante, com livros infantis variados, incentivando o gosto pela leitura e pela imaginação.
Uma forma inovadora de colocar isso em prática é com o projeto da Estante Mágica.
As escolas podem se cadastrar de forma gratuita no projeto, e com ele, transformar seus alunos em escritores. As crianças desenvolvem livros autorais, e celebram essa realização em um Evento de Autógrafos. É uma iniciativa muito especial para ativa a imaginação, criatividade e outras habilidades essenciais.
5- Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações
As crianças vivem inseridas em espaços e tempos diferentes e sempre procuram se situar, seja em ruas ou em saber o que é dia ou noite, ontem ou amanhã.
Demonstram também curiosidade sobre o mundo físico, como seu próprio corpo, os fenômenos atmosféricos, os animais, as plantas e as transformações da natureza.
E o mundo sociocultural, com as relações de parentesco e sociais entre as pessoas que conhece.
Exemplo prático: Sua escola pode promover atividades que explorem o ambiente natural e social ao redor. Faça isso com passeios pela comunidade, observação da natureza, medição de objetos e brincadeiras com materiais manipulativos.
Além disso, é possível criar um calendário visual. Ele deve ajudar as crianças a compreender os conceitos de tempo, como os dias da semana, os meses do ano e as estações.
A escola também pode organizar atividades que explorem os conceitos matemáticos. Como contagem, ordenação, relações entre quantidades, dimensões, medidas, pesos e de comprimentos. E ainda a avaliação de distâncias e reconhecimento de formas geométricas que igualmente despertam a curiosidade.
Como tornar as famílias parceiras nesses campos de experiência
É fato que os pais desempenham um papel fundamental no desenvolvimento educacional de seus filhos. E isso tem ainda mais impacto durante os primeiros anos de vida.
Ao se envolverem ativamente nas atividades escolares e no processo de aprendizagem, os pais podem complementar e enriquecer as experiências educacionais de seus filhos. E ao se tornarem parte disso, fortalecem ainda mais os objetivos estabelecidos nos campos de experiência da BNCC.
Aqui estão algumas maneiras de envolver os pais como parceiros da sua escola:
Comunicação aberta e transparente
Primeiro é preciso entender que estabelecer canais de comunicação eficazes entre a escola e os pais é essencial.
Isso pode incluir reuniões regulares, comunicados por e-mail, grupos de mensagens ou aplicativos escolares.
O importante aqui é manter os pais informados sobre as atividades escolares,
Planejamento e execução de atividades que envolvam as famílias
Convidar os pais para participar de forma ativa das ações pode ser uma maneira eficaz de promover parcerias escola-família. E isso pode ser feito com o planejamento e execução de atividades relacionadas aos campos de experiência, por exemplo.
Que tal chamar os pais para que possam oferecer suas habilidades, conhecimentos e recursos? Essa atitude irá sem dúvidas enriquecer os campos de experiências educacionais das crianças.
Celebração à diversidade cultural e familiar
Reconhecer e valorizar a diversidade cultural e familiar dos alunos é fundamental. Afinal, ajuda a promover um ambiente inclusivo e acolhedor na escola.
Por isso, os pais podem ser convidados a compartilhar suas tradições culturais, histórias de família e experiências pessoais.
E dessa forma, enriquecem o ambiente de aprendizagem das crianças.
Promoção à continuidade entre escola e casa
É essencial estabelecer uma conexão contínua entre o que é ensinado na escola e a vida familiar. Isso pode ajudar a reforçar os conceitos e habilidades aprendidos pelas crianças.
Os pais podem ser encorajados a criar oportunidades de aprendizagem em casa. Alguns exemplos de atividades são: leitura em família, jogos educativos e experiências práticas que complementem os objetivos dos campos de experiência.
Incentivo à participação em eventos escolares
Participar de eventos escolares é uma maneira excelente para os pais se envolverem ativamente na vida escolar de seus filhos. Isso pode ser realizado com apresentações, feiras de ciências, festivais culturais e dias de portas abertas.
Esses eventos proporcionam aos pais a oportunidade de vivenciar em primeira mão as realizações e o progresso de seus filhos na escola.
Ao envolver os pais como parceiros nos campos de experiência da BNCC, as escolas podem criar uma comunidade educacional mais forte e colaborativa. Nela, todos trabalham juntos para promover o desenvolvimento integral e o sucesso das crianças.
Conclusão
Em resumo, a Educação Infantil precisa promover experiências nas quais as crianças possam fazer observações, manipular objetos, investigar e explorar seu entorno. Bem como levantar hipóteses e consultar fontes de informação para buscar respostas às suas curiosidades e indagações.
Assim, a escola está criando oportunidades para que as crianças ampliem seus conhecimentos do mundo físico e sociocultural e possam utilizá-los em seu cotidiano.
Desta forma, percebe-se que a BNCC articula os campos de experiências como novos direitos essenciais para a aprendizagem das crianças nas escolas.
De forma lúdica e eficaz, os professores e a gestão escolar devem propiciar experiências e métodos que englobem as múltiplas formas de ensino.
As crianças aprendem interagindo, explorando, conversando, convivendo e, automaticamente, se conhecendo em todo o processo.
Além disso, todos os campos de experiências são essenciais para preparar as crianças para os ensinos seguintes, introduzindo-as ao Ensino Fundamental que, de acordo com a BNCC, foi pensado a partir das aprendizagens já adquiridas na etapa anterior.
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Rosângela
25/janeiro/2019 @ 23:03
Esclareceu muitas dúvidas, mas preciso de um esclarecimento, nesse caso é como se a nomenclatura que antes era usada como: linguagem corporal, linguagem oral, linguagem matemática…foram substituídos pelo Campos de experiência, valorizando as experiências dos alunos?
Regiane Brito Rocha Novaes
13/setembro/2018 @ 17:00
Gostaria de receber um guia sobre a Bcnn
SILVIA NASCIMENTO
25/junho/2018 @ 20:38
Tenho lido bastante, mas esse documento da BNCC é relativamente novo e como tal traz muitas dúvidas, então qualquer luz é sempre bem vinda. Obrigada por compartilhar seu conhecimento..
Ericka Kellner
26/junho/2018 @ 11:46
Oi, Silvia! =)
Certamente, a BNCC traz muitas novidades e, por isso, precisa ser discutida constantemente.
Temos um guia completo sobre a Base que vai te ajudar com esse tema!
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