Alfabetização no Brasil: como podemos melhorar?
Enfrentamos um grande dilema com a alfabetização no Brasil, onde uma parte da população sofre com a falta de escolarização. Afinal de contas: por que esse é um problema no nosso país e como podemos melhorar este panorama? Entenda neste artigo!
De acordo com pesquisas do IBGE, cerca de 12 milhões de pessoas no país são analfabetas, incapazes de ler e escrever um simples bilhete.
E metade deste número está no Nordeste, com indivíduos com 60 anos ou mais, um quadro ligado historicamente a exclusão rural e financeira. Mas como chegamos a essa situação?
O cenário do país se resume muito a falta de investimento em projetos educacionais e ensinos ineficazes.
A falta de renovação e atenção às técnicas de decodificação, codificação das palavras e números faz muitos alunos passarem pelo período de alfabetização e saírem sem a aprendizagem correta e necessária.
Uma pessoa pode até saber escrever o seu nome e sua idade, mas isso não faz dela alfabetizada, se não souber ler outros conteúdos e construir um texto conciso.
Além de saber escrever, fazer uso social da leitura e escrita é essencial.
Um dado que explica esses baixos números sobre alfabetização no Brasil é a desigualdade na educação das crianças e adultos.
De acordo com a Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), 88,3% das crianças de alto nível socioeconômico são alfabetizadas, contra apenas 24,9% que dependem da rede pública.
O mesmo ocorre quando analisado por região: 68,3% da zona urbana contra 47,7% da zona rural.
O número cai ainda mais quando analisado por nível socioeconômicos, com o último com 23,9% de crianças que apresentam escrita correta.
Embora algumas medidas governamentais venham sendo aplicadas a fim de monitorar os resultados e alcançar melhorias, o grande problema continua sendo na implementação dos projetos.
As propostas são ótimas, mas na prática vemos muitos contratempos para serem aplicadas. Por isso, o desafio acaba recaindo com mais intensidade nas mãos das escolas. E como fazer para trazer novas perspectivas educacionais?
Primeiro, é necessário entender o que as medidas governamentais propõem.
Além da Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), o esforço para avaliar o processo de alfabetização no Brasil é tanto que o Plano Nacional de Educação (PNE) preparou estratégias para acabar com o analfabetismo funcional até 2024, tais como:
– Articulação do Ensino Fundamental com a Pré-escola;
– Avaliação nacional;
– Inovação em metodologias pedagógicas;
– Formação inicial e continuada de professores;
– Alfabetização em comunidades indígenas, quilombolas, itinerantes e do campo;
– Alfabetização de pessoas com deficiência, incluindo surdos e outras especificidades.
Em comparação ao ensino para jovens e adultos, outras medidas são consideradas para alcançar a meta. Com certa bagagem cultural e alguma passagem pela escola, 27% das pessoas com mais de 15 anos têm analfabetismo funcional.
O que significa que um a cada quatro adultos, principalmente idosos, conhecem as letras e os números, mas não conseguem interpretar textos e fazer operações matemáticas básicas.
Dessa forma, a aposta do Programa Brasil Alfabetizado (PBA), estipulado pelo MEC, consiste em:
– Reconhecer a educação como direito humano e ferramenta para transformação pessoal;
– Oferecer alfabetização como porta de entrada para a educação nas séries seguintes;
– Garantir a escolarização das pessoas ao longo de toda a vida;
– Apoiar técnica e financeiramente projetos de alfabetização de jovens, adultos e idosos, na área pública e no setor privado;
– Oferecer material didático gratuito pelo Programa Nacional do Livro Didático de Educação de Jovens e Adultos (PNLD EJA), que educa a partir das vivências do aluno.
Sendo assim, além de se alinhar às medidas propostas, a escola deve considerar o papel ativo do aluno na sua própria educação.
Com a reformulação do ensino brasileiro com a Base Nacional Curricular Comum (BNCC), acredita-se que isso será cada vez mais estimulando, aprimorando nosso quadro educacional.
Uma das grandes mudanças, além de engajar o aluno com o ensino, é inserir sua aprendizagem no universo além da escola. Ver conceitos, fórmulas e linguagens que são usadas no dia a dia.
Isso ajuda muito no processo de alfabetização, principalmente, pois faz da rotina do estudante um banquete de ensinamentos diários.
Logo, uma das estratégias que as escolas podem usar na alfabetização no Brasil é tornar seus alunos conscientes de que eles mesmos fazem a diferença quando engajados com o ensino.
É claro que há também inúmeros fatores que atrapalham tal desenvolvimento, mas também é papel da escola, ao lados dos pais e responsáveis, trabalhar outras habilidades, como emocionais, ajudando a criar estudantes confiantes.
Assim como fazer as crianças e adultos enxergarem seus erros como processo de aprendizagem e saber reverte-los em novos ensinamentos.
São passos que, em primeira instância, parecem pequenos. Mas com o tempo se transforma em um valioso caminho em direção ao sucesso pedagógico.
É importante também que tudo isso seja fruto de boas reuniões pedagógicas, com troca de experiências em sala de aula entre os professores, e eficientes planos de aula – recorda de propostas como alfabetizar com poesias? 🙂
Novamente, é o conceito do ditado do trabalho de formiguinha. Se todos fizerem sua parte, os resultados virão.
A evolução da aprendizagem e da alfabetização no Brasil deve ser acompanhada por todos os envolvidos no meio pedagógico, assim como todos devem buscar soluções para as dificuldades que enfrentamos. Cada ação faz diferença no final.
Sabemos da realidade do ensino brasileiro e dos desafios que eles trazem.
Porém, com força de vontade – que todo bom professor tem – e as novas mudanças educacionais com a implementação das propostas da BNCC, podemos enxergar novas oportunidades e incentivos.
Por isso, vamos fazer da alfabetização no Brasil um processo repleto de engajamento e bons exemplos nas escolas.
Preparados para ajudar ainda mais a mudar o cenário da nossa educação? 🙂
Jaíra
01/maio/2018 @ 00:18
Muito interessante essa análise.Mais engajamento dos professores a projetos que viabilizem uma alfabetização de fato, como o texto acima sugere.Realmente se cada um fizer a sua parte , teremos progresso no ensino, e, consequentemente na formação dos nossos alunos,