Entenda como trabalhar a questão racial com as crianças!
Assunto polêmico e incômodo! O racismo ainda existe no nosso país (um dos que têm mais negros no mundo). Falar sobre o assunto com as crianças pode ser mais fácil do que você imagina!
O Brasil é um paraíso, em termos de diversidade, e um dos lugares mais atrativos para trabalhar a pluralidade. Entre as diversas etnias e raças que compõem nossa sociedade, os negros representam 54% da nossa população. Somos o segundo país com a maior população negra no mundo, perdendo apenas para Nigéria, localizada no continente africano. Apesar de tamanha expressão numérica e cultural, ainda enfrentamos o mal do racismo. O assunto é espinhoso e, por isso, muitas vezes não é abordado como deveria. Muitas vezes pensamos: “se é um tema difícil de ser debatido entre adultos, imagine com crianças?”. Mas, embora pareça extremamente delicado, há como lidar com o racismo de forma leve e didática. Por isso, separamos três tópicos muito interessantes para você aplicar práticas pedagógicas a fim de conscientizar seus pequenos sobre o valor da diversidade étnico-racial. Vamos lá: 1) Autoestima Uma das principais formas de desenvolver esse tema é focando na autoestima e autoconfiança da criança negra, que muitas vezes não se vê representada na mídia e em outros produtos culturais. Para isso, experimente contar a história “O casamento da princesa”, conto popular de Gana recontado por Celso Sisto. Peça para os alunos desenharem a princesa e observe bem a cor do lápis usado pelos pequenos para indicar a cor da pele dela. Em seguida, mostre a princesa negra e explique que a história vem de Gana. A partir disso, mostre às crianças qual país é esse, onde está localizado, quais são os costumes do povo de lá, como é a culinária. Essa é uma boa maneira de aproximar e valorizar a cultura africana e um primeiro passo para desfazer estereótipos – a exemplo, a princesa, que é majoritariamente representada no Ocidente como sendo branca. 2) Valorização da herança cultural africana Ainda na linha de valorização, reforçar traços artísticos da cultura africana é um modo de diminuir nosso olhar eurocêntrico e aumentar o respeito em relação a outras raças e culturas. Seus alunos sabem que o cubismo de Picasso, que representou uma grande inovação para a arte europeia, foi influenciado pelas máscaras africanas, por exemplo? Experimente usar esse contexto para iniciar uma oficina sobre esse tipo de arte. Peça para que seus alunos confeccionem máscaras como essas e criem personagens em cima delas. Vale também trazer para o Brasil tamanha influência. Sabe o carnaval, principal festa da nossa cultura? Os pequenos sabem que o samba, trilha sonora desse evento, encontrou inspiração direta na cultura africana? E o delicioso acarajé baiano? Eles sabem que veio dos nossos ancestrais? 3) Destacar grandes personalidades negras Importantes figuras negras são indispensáveis para essa conscientização. Retomando o trabalho ligado à autoestima, devemos citar nas aulas figuras icônicas como forma de demonstrar a contribuição negra à nossa civilização. Machado de Assis, nosso maior escritor e uma das nossas maiores referências culturais, era negro. Nelson Mandela, ganhador de um prêmio Nobel da paz e um dos maiores símbolos de resiliência e pacifismo, era negro. Martin Luther King, outra grande expressão na luta contra a discriminação racial e uma grande referência de oratória, era negro. Citar esses e outros exemplos fortalece o orgulho e autoestima da população negra, inibindo discriminações e fortalecendo o respeito a essa raça. Resumo Os três tópicos acima são apenas uma amostra de como é possível trabalhar a questão racial com os pequenos sem que haja constrangimento e tensão. O ponto principal é lançar um olhar positivo sobre a população negra e a cultura africana, reforçando sua importância para toda a nossa história. Se as crianças são o futuro da nação, somente elas podem eliminar, de vez, o racismo – um grande atraso para a civilização. Vamos combater esse mal desde cedo? |
Leila Miranda Ribeiro
22/novembro/2017 @ 20:48
Muito bom. Usei essa sugestão para falar mais sobre racismo no Brasil com minha turminha do 3º ano fundamental I.
Roberto Camara
22/novembro/2017 @ 09:05
Bom dia!
Hoje temos alguns estereótipos de difícil interpretação. O “politicamente correto” está ficando uma coisa muito chata. Pode-se rotular um loiro de “alemão”, mas não se pode rotular um soteropolitano de “baiano”…
Devíamos nos preocupar mais com o “ser humano” de dentro de cada etnia e não com a sua condição de cor de pele, cor dos olhos ou dos cabelos lisos ou encarapinhados…
Contents | Pearltrees
22/novembro/2017 @ 08:29
[…] Trabalhe a questão racial com as crianças! – Estante Mágica – Blog. Assunto polêmico e incômodo! O racismo ainda existe no nosso país (um dos que têm mais negros no mundo). Falar sobre o assunto com as crianças pode ser mais fácil do que você imagina! O Brasil é um paraíso, em termos de diversidade, e um dos lugares mais atrativos para trabalhar a pluralidade. Entre as diversas etnias e raças que compõem nossa sociedade, os negros representam 54% da nossa população. Somos o segundo país com a maior população negra no mundo, perdendo apenas para Nigéria, localizada no continente africano. Apesar de tamanha expressão numérica e cultural, ainda enfrentamos o mal do racismo. 1) Autoestima Uma das principais formas de desenvolver esse tema é focando na autoestima e autoconfiança da criança negra, que muitas vezes não se vê representada na mídia e em outros produtos culturais. 2) Valorização da herança cultural africana 3) Destacar grandes personalidades negras Importantes figuras negras são indispensáveis para essa conscientização. […]
Joyce Mariana Cano Fuganti
22/novembro/2017 @ 08:16
Bacana e vital a proposta. Vou compartilhar.
William
21/novembro/2017 @ 16:42
Excelente iniciativa, parabéns!!!
Maria Tereza de Souza
16/novembro/2017 @ 19:47
Felizmente há uma variedade intensa de literatura infanto- juvenil escrita por escritores que pesquisaram amplamente sobre os grupos étnicos mais visados pela discriminação: índios, negros, nordestinos, mulheres, etc. Há um farto material nesse sentido que podem ser usados a partir de um roteiro como este proposto aqui no blog…
Solange Costa
16/novembro/2017 @ 14:55
Muito boa a dica para se trabalhar racismo, não só a raça negra,serve também com as demais.