Educação financeira na escola: um caminho possível e necessário
Nos últimos anos, o tema educação financeira na escola vem ganhando espaço nas discussões sobre o papel da educação básica. E não é à toa.
Mais do que falar sobre dinheiro, esse assunto abre espaço para conversas sobre autonomia, escolhas conscientes e cuidado com o futuro. Ainda assim, muitos de nós educadores sentimos que o tema chega carregado de clichês e distanciado da realidade das nossas salas de aula.
A verdade é que, quando o assunto é dinheiro, o ponto de partida precisa ser o cotidiano dos estudantes. Falar sobre finanças é falar sobre consumo, trabalho, desejos e desigualdades. E é nesse território que a escola tem uma força enorme.
O que significa, afinal, ensinar educação financeira na escola?
Antes de tudo, vale desfazer um mito: educação financeira na escola não é só papel de professores de matemática.
Não se trata apenas de entender os juros compostos. É sobre aprender a pensar o dinheiro como parte da vida em sociedade, entender como ele circula, quem tem acesso e quais são as consequências das nossas escolhas de consumo.
Algumas perguntas podem ser feitas em salas de aula de diferentes áreas de conhecimento, por exemplo: “Por que o dinheiro existe?”, “O que é uma dívida?”, “Como o consumo afeta o meio ambiente?”. São temas que se conectam ao cotidiano e à experiência dos estudantes, abrindo espaço para reflexão crítica e não apenas técnica.
Essa forma de abordar o tema faz com que educação financeira na escola deixe de ser um conteúdo isolado e passe a ser transversal, podendo aparecer em debates sobre sustentabilidade, cidadania e até projetos de vida.
A realidade da maioria das famílias brasileiras
Ao falarmos sobre finanças, precisamos sempre considerar o contexto social. Grande parte das famílias no Brasil vive com renda apertada, muitas vezes dependendo de trabalhos informais ou variáveis. Nessa realidade, o discurso da “meritocracia financeira”, aquele que diz que basta “saber economizar” para conquistar estabilidade, soa vazio.
Por isso, educação financeira na escola não deve reforçar uma sensação de culpa individual, e sim ajudar os estudantes a compreender os mecanismos que influenciam suas condições de vida.
Entender, por exemplo, por que os preços sobem, como funcionam os bancos, e de que forma escolhas simples que temos no dia a dia afetam a nossa vida, nossa família e o planeta.
Tratar o tema de forma sensata é reconhecer que a organização financeira é uma ferramenta de autonomia, não de julgamento.
O papel do professor nesse processo
Pesquisa conduzida pelo Datafolha mostrou que quase todos os brasileiros (97%) afirmam ter dificuldade em lidar com o próprio dinheiro. Independentemente do nível de escolaridade e classe social, parece que sempre tem algo errado.
Isso é fruto de um relacionamento conflituoso com o dinheiro, que se liga frequentemente a sentimentos ruins como culpa, vergonha, medo e tentação.
Isso mostra como a alfabetização financeira também atravessa o desenvolvimento de competências socioemocionais e como nós, educadores, temos um importante papel de não apenas mostrar conceitos e técnicas, mas abrir espaço para o diálogo aberto.
Quando se trata de educação financeira na escola, um bom ponto de partida é aproveitar situações concretas: planejar uma excursão, discutir o custo de produção de uma feira cultural ou analisar anúncios publicitários.
Cada um desses momentos pode gerar discussões sobre consumo, orçamento e valor. E mais, permitir que as situações vividas gerem reflexões e aprendizagem que verdadeiramente afetem as atitudes dos estudantes no futuro.
Outro recurso é trabalhar com atividades práticas. Simulações de orçamento doméstico, análises de cupom fiscal, comparações de preços, ou até a criação de pequenos projetos de empreendedorismo social podem ajudar os alunos a entender o dinheiro de forma viva e contextualizada.
Educação financeira como parte da formação cidadã
A educação financeira na escola também é uma forma de educação para a cidadania.
Quando o estudante compreende o que é um imposto, para onde vai o dinheiro público ou como o crédito influencia as decisões de consumo, ele se torna um cidadão mais crítico e consciente.
Esses temas também dialogam com as competências gerais da BNCC, especialmente as que tratam de responsabilidade, argumentação e autoconhecimento. Ao aprender a lidar com o dinheiro, o aluno aprende sobre consequências, planejamento e limites, habilidades que vão muito além da conta bancária.
Como colocar o tema em prática sem sobrecarregar o currículo
Muitos professores perguntam: “Mas onde encaixar isso no meu planejamento?”. A resposta está na integração.
A educação financeira na escola pode aparecer nas aulas de ciências humanas (ao discutir desigualdade social), de ciências da natureza (quando se fala em sustentabilidade), ou de matemática (ao explorar juros, porcentagens ou gráficos).
Outra dica é começar com pequenas inserções: uma atividade por bimestre, uma roda de conversa mensal, ou um projeto interdisciplinar simples.
O importante é criar um espaço contínuo, onde os estudantes sintam que falar sobre dinheiro é parte da vida, não um tabu.
Da reflexão à ação: o Programa Embaixadores das Finanças
E para quem quer ir além das conversas e transformar a educação financeira na escola em uma experiência prática, existe o Programa Embaixadores das Finanças!
A iniciativa é da Barkus (que desenvolve iniciativas de educação financeira no Brasil há mais de uma década), em parceria com a B3 (nada menos que a Bolsa do Brasil) e a BlackRock (uma das maiores gestoras de patrimônio do mundo).
O Programa, totalmente gratuito, tem três objetivos:
- Aprofundar o conhecimento de professores de qualquer área de conhecimento sobre como levar educação financeira para a sala de aula;
- Oferecer uma atividade pronta para os professores levarem para a sala de aula, trabalhando vários dos temas mencionados nesse texto com alunos de ensino fundamental II e médio;
- Reconhecer com premiações os educadores que participam, com ganhos cada vez melhores a depender da quantidade de alunos que fazem a atividade.
Professores de todo o país estão convidados. Tudo ocorre de forma gratuita e interativa, pelo WhatsApp, com suporte humano durante todo o percurso.
Não é uma competição e nem um sorteio, é um incentivo da Bolsa do Brasil (B3) e das demais organizações envolvidas a tornar a educação financeira na escola algo cotidiano e presente.
Tem interesse em participar? Basta se inscrever neste link e você receberá por e-mail todas as informações do Programa. Você também pode se informar pelo email da Suelen, da Barkus: suelenpereira@barkus.com.br.
Venha conosco fazer parte dessa transformação!
Suelen Pereira é Gestora de Projetos na Barkus, edtech focada em democratizar o acesso à educação financeira para jovens e adultos.
