Prêmio Professores do Brasil: o sucesso do Centro Infantil Dona Liquinha Alves
Ganhadora do Prêmio Professores do Brasil 2018, a professora Naire Melo conta sobre o projeto que levou ao reconhecimento pelo MEC!
A educação é uma área que esbanja inspirações e uma delas é a professora Naire Melo, do Centro Infantil Dona Liquinha Alves, de Pirangi do Norte, Rio Grande do Norte.
Em parceria com a Estante Mágica, Naire foi responsável por aplicar o projeto “Pequenos Autores, Contos e Recontos no Reino não tão distante”, que levou a escola a ganhar a etapa estadual da 11ª edição do Prêmio Professores do Brasil 2018, realizado pelo Ministério da Educação em todo o Brasil.
Nesta entrevista, ela conta um pouco sobre a experiência com a Estante Mágica e o que tornou seu trabalho tão fantástico a ponto de ser reconhecida pelo MEC =)
Como conheceu a Estante Mágica e o seu projeto?
Conheci a Estante Mágica em 2016 quando, em minhas angústias e inquietudes de professora, buscava alguma inovação para as minhas práticas em sala de aula.
Tive um apoio muito bacana por parte da Estante Mágica, que me orientou sobre os procedimentos e então levei a ideia para os pais já com os livros prontos, que compraram todos e foi um sucesso desde então.
Atualmente, 150 alunos participam do projeto.
Como foi decidido o tema do projeto que orientou as obras literárias dos alunos?
Bom, este ano foi um desafio porque nunca havia trabalhado em turmas de crianças pequenas.
Uma turma com crianças de três anos é bem diferente porque elas não tinham ainda autonomia de dizer o que gostariam de conhecer.
Então, iniciei o ano com a intenção de despertar o interesse de ouvir histórias, somente com as leituras de livros, sem mediações de recursos como fantoches ou outra coisa, o que era um pouco difícil para mantê-los atentos pelo tempo necessário.
Daí, levei-os até a biblioteca para que conhecessem mais livros e escolhessem uns para levarem para casa, na sacola literária – projeto este que a escola toda adota todos os anos.
Foi, então, que uma das crianças encontrou o livro com a história dos três porquinhos. Sabe formigas quando encontram açúcar? Pois foi bem isso que aconteceu!
Escolheram o livro e o levaram para as suas casas. Chamei os pais para explicar que precisariam ler o livro para as crianças e que possibilitassem que elas também pudessem “ler” para os pais também.
Foi ali, em reunião que o tema surgiu: Pequeno Autores: Contos e Recontos no Reino Não Tão Distante.
E como foi a aplicação da atividade na sala de aula?
Dividi a aplicação em cinco etapas: seleção do livro viajante, contos e recontos, ilustrações, escrita da biografia do autor do reconto e finalização da obra. Aí, assim que terminei esses processos em sala de aula, enviei o material à Estante Mágica, que transformou as histórias em livros de verdade.
Como os alunos e os pais receberam a ideia?
As crianças não entenderam o projeto no início, então eu só dizia: “Sabia que podemos fazer um livro também? Como este dos três porquinhos? Quem gostaria de fazer?”.
Todos gostaram da ideia, então, a cada etapa realizada, elas sabiam para que seria.
Já os pais, alguns deles já conheciam razoavelmente o projeto.
Mas, um deles conhecia de perto porque um dos filhos já tinha estudado e realizado o projeto comigo e me deu muita força levando o livro do filho.
Também mostrei outros livros dos anos anteriores.
Eu disse que não seria possível realizar o projeto sem a ajuda dos pais. Aí, todos se dispuseram a participar e esse engajamento seguiu durante todo o processo.
O que mudou na relação dos seus alunos com a leitura com a aplicação do projeto?
No princípio, as crianças não paravam para ouvir. O livro em si não era interessante.
Quando escolheram o livro dos três porquinhos, que foi lido em sala de aula por mim, e depois recontaram e os recontos foram gravados, tudo mudou.
Os vídeos chegaram em sala de aula e eles se viram “lendo” o livro. Daí, me viram escrever seus recontos e alguns se animaram, contando sua história na hora, enquanto eu escrevia. Depois, ilustraram os recontos.
Quando os primeiros e-books foram compartilhados eles se identificaram e se perceberam como autores.
Os livros agora, fazem parte da rotina, cantos de leituras foram organizados e eles os buscam para ler os livros.
Qual foi o maior retorno que o projeto deu à sua escola?
O gosto e o prazer pela leitura precisam ser despertados e este projeto faz isto com excelência, pois envolve os alunos de forma dinâmica e eles são os protagonistas durante todo processo.
E, como descobri, desde pequenos isto é possível, com a participação da família, que organizaram momentos de leituras com seus filhos, onde antes não havia.
A rotina em suas casas foi alterada por causa do projeto.
E em sala de aula, as crianças contavam como aconteceu e passaram a “ler” livros para a turma, nos cantos que organizamos para a leitura.
E, agora, não precisam mais de cantos. Quando chegam, os livros estão à disposição e, em vez de buscarem brinquedos, buscam livros. Isto é maravilhoso!
Sobre o ensino de habilidades emocionais e o estímulo à formação da identidade da criança, como você vê o impacto da leitura e escrita nesse desenvolvimento do aluno?
Vejo que é indispensável. Essas habilidades possibilitam a autonomia na criança tanto em interpretar o que se lê quanto em poder reescrever, modificar, dar outro rumo, outro final, refazer o que foi escrito.
Nesta turma, precisei elencar a oralidade, a comunicação. Encorajando, persistindo até que conseguissem ler do jeito deles a história do início ao final.
Além desta turma do Centro Infantil, também tenho uma turma do 1° ano do ensino fundamental que aplico o projeto da Estante Mágica e, antes de iniciarmos, ressaltamos as qualidades das crianças, fazemos com que acreditem que são capazes.
Qual foi a etapa mais gratificante do projeto?
É até difícil dizer porque vivenciamos cada etapa intensamente. A escolha do tema foi construída coletivamente, o material da Estante Mágica sendo preenchido com as ilustrações das crianças é muito mágico!
Se tivesse como colorir os pensamentos da criança quando está desenhando veríamos o que ocorre desde sua cabecinha e desce até sua mão, até a ponta do lápis.
O modo como elas distribuem sobre o papel os seus desejos, que se materializam e se tornam visíveis… é emocionante este momento! Mas, quando elas têm o livro em mãos, é o momento mais gratificante, com certeza!
Como você se sentiu ao receber o prêmio Professores do Brasil 2018?
Foi muito satisfatório este prêmio. Espero ir para as etapas seguintes! Já fiquei na etapa Estadual neste prêmio, em 2015. E todos os anos me inscrevo em algum prêmio porque ajuda a refletir sobre o que fazemos em sala de aula.
Como você avalia a importância da equipe pedagógica, dos alunos e da Estante Mágica para esse reconhecimento?
É muito especial porque é o primeiro com a Estante Mágica e a notícia do prêmio tomou uma proporção muito grande, em jornais e TVs locais, blogs, muitos querendo saber como o projeto se realiza.
Já dei muitas entrevistas e há convites para apresentá-lo em outras escolas. Acredito que haja quem queira aplicar em suas escolas desde então!