Sintomas de autismo: como os pais podem identificar os primeiros sinais?
Texto originalmente publicado em 08/01/19 e atualizado em 17/04/25.
Os sintomas de autismo podem se manifestar de formas muito diferentes em cada criança, tornando essencial a conscientização para uma identificação precoce e oportuna.
Reconhecer os sinais ainda nos primeiros anos de vida é um passo fundamental para garantir o desenvolvimento saudável e o suporte adequado para crianças dentro do espectro.
No início deste mês – no dia 2 de abril – celebramos o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, uma data que reforça a importância do conhecimento, do respeito e da inclusão.
Neste conteúdo, você vai entender melhor o que é o Transtorno do Espectro Autista (TEA), quais são seus principais sinais e como os pais, educadores e responsáveis podem perceber mudanças no comportamento das crianças logo nos primeiros anos de vida. Confira!
O que é o Transtorno do Espectro Autista (TEA)
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) pode parecer diferente em cada pessoa.
É uma deficiência de desenvolvimento que, como principais sintomas de autismo, afeta a maneira como os indivíduos se comunicam, se comportam ou interagem com outras pessoas.
Também chamado de Desordens do Espectro Autista (DEA ou ASD em inglês), recebe o nome de espectro porque envolve situações e apresentações muito diferentes umas das outras, numa gradação que vai da mais leves à mais grave.
Todas, porém, em menor ou maior grau, estão relacionadas com algumas dificuldades de comunicação e relacionamento social.
Esse transtorno engloba diferentes condições marcadas por diferenças do desenvolvimento neurológico com três características fundamentais, que podem manifestar-se em conjunto ou isoladamente.
Essas três características são:
– Dificuldade de comunicação por deficiência no domínio da linguagem e no uso da imaginação para lidar com jogos simbólicos;
– Dificuldade de socialização, pois não parecem não tomar consciência da presença do outro como pessoa;
– Padrão de comportamento restritivo e repetitivo.
Não há uma causa única para isso e os sintomas do autismo podem ser muito leves ou muito graves, depende de cada caso.
Atualmente, há a crença de que existem múltiplas causas para o autismo, entre eles, fatores genéticos, biológicos e ambientais. No entanto, saber como o cérebro dessas pessoas funciona ainda é um mistério para ciência.
Algumas crianças que apresentam o espectro começam a mostrar sinais tão jovens quanto alguns meses de idade.
Outros parecem ter desenvolvimento normal nos primeiros meses ou anos de suas vidas e então começam a apresentar os sintomas.
Os profissionais de saúde especializados diagnosticam os sintomas de autismo usando uma lista de critérios nas categorias citadas. Eles também avaliam a gravidade dos sintomas.
A escala de gravidade do autismo reflete quanto de apoio uma pessoa precisa no cotidiano.
Como os pais podem identificar os sintomas de autismo?
Os pais podem ser os primeiros a identificar os primeiros sinais de alerta do autismo.
Eles conhecem seus filhos melhor do que ninguém e observam comportamentos e peculiaridades que um pediatra, em uma rápida visita de quinze minutos, pode não ter a chance de ver.
O pediatra da criança pode ser um parceiro valioso, mas os pais não devem descartar a importância de suas próprias observações e experiências. A chave é se educar para saber o que é normal e o que não é.
Para isso, monitore o desenvolvimento do seu pequeno.
O autismo envolve uma variedade de atrasos de desenvolvimento, de modo que ficar de olho em quando – ou se – seu filho está atingindo os principais marcos sociais, emocionais e cognitivos é uma maneira eficaz de identificar o problema desde o início.
É importante lembrar que cada criança se desenvolve em um ritmo diferente, então não precisa entrar em pânico se seu filho está um pouco atrasado para conversar ou andar.
Mas se a criança não estiver cumprindo os marcos para sua idade ou suspeitar de um problema, compartilhe suas preocupações com um médico imediatamente.
Sinais que podem indicar o autismo
É necessário saber os principais sinais que uma criança autista pode oferecer, como:
Sinais de dificuldades de fala e linguagem
– Fala com um tom de voz anormal ou com um ritmo ou frequência ímpares (por exemplo, termina cada frase como se estivesse a fazer uma pergunta);
– Repetição exaustiva das mesmas palavras ou frases, muitas vezes sem intenção comunicativa;
– Resposta a uma pergunta repetindo-a, em vez de respondê-la;
– Referência a si mesma na terceira pessoa;
– Dificuldade em comunicar necessidades ou desejos;
– Pouco entendimento das instruções, declarações ou perguntas simples;
– Interpretação muito literalmente das frases (não entende tons de humor, ironia e sarcasmo);
Sinais de dificuldades de comunicação não-verbal
- Evita o contato visual
- Usa expressões faciais que não correspondem ao que ele ou ela está dizendo;
- Não capta as expressões faciais, o tom de voz e os gestos de outras pessoas;
- Faz muito poucos gestos (como apontar). Pode parecer frio ou “robótico”;
- Reage raramente a imagens, cheiros, texturas e sons. Pode ser especialmente sensível a ruídos altos. Também pode não responder aos esforços de outras pessoas para atrair a atenção da criança;
- Posturas anormais, falta de jeito ou formas excêntricas de se movimentar (por exemplo, caminhar exclusivamente na ponta dos pés).
Sinais de dificuldades sociais
- Parece desinteressado ou inconsciente de outras pessoas ou ao que está acontecendo ao seu redor;
- Não sabe como se conectar com outras pessoas, jogar ou fazer amigos;
- Prefere não ser tocado, segurado ou afagado;
- Tem dificuldade em entender sentimentos ou falar sobre eles;
- Não parece ouvir quando outras pessoas falam com ela;
- Não compartilha interesses ou realizações com outras pessoas (desenhos, brinquedos).
Sinais de comportamentos restritos e repetitivos
- Movimentos repetitivos do corpo (por exemplo, balançando, batendo, girando, correndo para frente e para trás);
- Movimentos repetitivos com objetos (por exemplo, rodas giratórias, bastões agitados, alavancas giratórias);
- Comportamentos ritualísticos (por exemplo, alinhamento de objetos, tocar repetidamente objetos em uma ordem definida);
- Interesses estreitos ou extremos em tópicos específicos;
- Necessidade de mudança/resistência invariável à mudança (por exemplo, mesmo horário diário, menu de refeição, roupas, rota para a escola).
Além dos sintomas de autismo comuns, há também níveis do desenvolvimento do transtorno em cada caso. Vamos entender um pouco mais sobre isso?
Diferentes classificações do TEA
De acordo com o quadro clinico, o TEA pode ser classificado em:
Autismo clássico
De maneira geral, os indivíduos são voltados para si mesmos, não estabelecem contato visual com as pessoas nem com o ambiente; conseguem falar, mas não usam a fala como ferramenta de comunicação.
Embora possam entender enunciados simples, têm dificuldade de compreensão e apreendem apenas o sentido literal das palavras.
Não compreendem metáforas nem o duplo sentido. Nas formas mais graves, demonstram ausência completa de qualquer contato interpessoal.
Autismo de alto desempenho
Também chamado de síndrome de Asperger – Indivíduos com síndrome de Asperger apresentam as mesmas dificuldades dos outros autistas, mas numa medida bem reduzida. São verbais e extremamente inteligentes.
Tão inteligentes que chegam a ser confundidos com gênios, porque são imbatíveis nas áreas do conhecimento em que se especializam.
Quanto menor a dificuldade de interação social, mais eles conseguem levar vida próxima à normal.
Distúrbio global do desenvolvimento sem outra especificação
(DGD-SOE) – Os indivíduos são considerados dentro do espectro do autismo, com dificuldade de comunicação e de interação social.
Mas os sintomas não são suficientes para incluí-los em nenhuma das categorias específicas do transtorno, o que torna o diagnóstico muito mais difícil.
Geralmente, essas crianças apresentam sinais mais sutis, o que pode levar a um reconhecimento tardio e, muitas vezes, à falta de suporte adequado nas fases iniciais do desenvolvimento.
Isso reforça a importância da observação cuidadosa por parte de pais, educadores e profissionais da saúde, mesmo diante de manifestações leves ou atípicas.
Portanto, o diagnóstico pode demandar um acompanhamento multidisciplinar e avaliações contínuas ao longo do tempo.
Conclusão
É importante entender que após reconhecer os sintomas de autismo é fundamental o diagnóstico por um profissional da saúde.
Assim, os próximos passos são procurar apoio e aprender técnicas que facilitam a comunicação da criança e o relacionamento com as pessoas que ela convive.
Crianças com autismo precisam de tratamento e suas famílias de apoio, informação e treinamento.
A AMA (Associação dos Amigos dos Autistas) e a ABRA (Associação Brasileira do Autismo) são algumas das organizações que podem oferecer importantes serviços nesse sentido.
O psicopedagogo também é um profissional capacitado para ajudar a lidar com o autismo.
E você? Que tal compartilhar a consciência sobre esse espectro na sua comunidade ou escola?
Participe do nosso webinar gratuito sobre os primeiros sinais de autismo
Para continuar espalhando informação de qualidade e acolhimento, a Estante Mágica, em parceria com a Genial Care, vai realizar um webinar gratuito no dia 29 de abril com o tema: “Como reconhecer os primeiros sinais de autismo e agir com confiança.”
O evento é voltado para famílias, educadores e cuidadores que desejam compreender melhor o espectro autista desde os primeiros anos de vida e saber como oferecer apoio da forma mais sensível e eficaz possível.
Data: 29 de abril
Formato: Ao vivo e gratuito
Indicado para: Pais, mães, responsáveis, professores e demais interessados no tema
👉 Inscreva-se gratuitamente para participar: https://evento.genialcare.com.br/primeiros-sinais-de-autismo.
Aproveite para compartilhar com outras pessoas e ajudar a promover uma comunidade mais consciente, informada e acolhedora.
10/julho/2019 @ 00:13
Adorei todo o conteúdo, muito claro de fácil entendimento. As dicas são muito bem elaboradas, conseguindo atender os diferentes níveis de conhecimento, fáceis de executar. Sou pedagoga, psicopedagoga, especialista em DI, alfabetizadora e concluinte da 2° pós graduação em neuropsicologia clínica e 2° graduação em Direito. Professora atuante .
Durante todo meu percurso como professora e especialista, venho percebendo o crescente número de crianças com algum tipo de síndrome e pais muitos leigos e no luto..
E as dicas e imaterial vai me ajudar muito para o planejamento de pais.
12/julho/2019 @ 11:24
Puxa, Cleide! Ficamos muito contentes em saber que podemos agregar conhecimento na sua vasta formação 🤗💙
Conte para a gente o que você gostaria de continuar vendo aqui no blog!