Os 5 erros comuns na criação de um projeto interdisciplinar
Ao fazer um projeto interdisciplinar, é normal que ocorram algumas falhas. Mas sempre tem aquelas que poderiam ser evitadas! Por isso, neste artigo, você conhecerá os cinco erros comuns que os educadores cometem ao fazer um projeto interdisciplinar. Fique de olho:
1) Falta de Planejamento: o pior dos erros
Muitos professores têm ótimas ideias para projetos interdisciplinares, acolhendo várias disciplinas, com a vivência do conteúdo.
Porém, se esquecem de colocar isso no papel e acham que somente com o plano de aula conseguirão administrar o projeto.
Isso é um erro, pois resulta no distanciamento do objetivo geral do projeto e de seus objetivos específicos, gerando um efeito cascata de esvaziamento de sentido do projeto.
Este ano, por exemplo, atendi uma professora que era ótima, tinha um olhar diferenciado de cada elemento pedagógico, conectando com as matérias e necessidades da turma.
Mas quando ela passava isso para o papel, a desordem tomava conta do espaço.
Eram tantas atividades que ela não conseguia organizar no tempo destinado para o projeto na grade horária da escola e isso fez com que ela abandonasse muito dos seus brilhantes projetos.
Ela relatou que era por falta de tempo, mas depois vimos juntas que era por falta de planejamento. Ok, não tem problema, tudo é aprendizado.
Conclusão: é muito melhor investir tempo em um planejamento e depois ir de acordo com o planejado do que executar algo que você não planejou.
Por mais que você já esteja acostumada a desenvolver projetos, a possibilidade de erro é muito maior.
Não podemos esquecer que o projeto tem que ter início, meio e fim bem definidos.
Também é essencial segurança na hora de executar as tarefas e explicar ao aluno, e aos pais, o porquê das tarefas é fundamental para o entendimento do projeto.
Costumo dizer em minhas palestras que o planejamento é mais do que o mapa para um bom projeto, é a segurança de que todas as disciplinas e olhares na vivência pedagógica que o projeto proporciona fazem sentido e possuem um objetivo comum.
2) Não saber trabalhar com a interdisciplinaridade
Às vezes, temos materiais riquíssimos, mas não sabemos explorá-los interdisciplinarmente, pois estamos acostumados a trabalhar cada disciplina isolada, sem explorar por completo tudo o que o material pode nos oferecer.
Esse é um erro bastante comum de falta de análise e aprofundamento interdisciplinar.
Depois de planejar, temos que escolher os recursos que darão a liga entre as matérias. Eu sempre dou a dica de usar uma temática como guia e, como elemento principal, um livro.
Usar a literatura sob a ótica de arte, questionando os alunos por meio de uma história e, a partir desta história, abranger a maior gama de disciplinas dentro do espaço de tempo proposto, até transformar estas vivências em uma produção do aluno.
Um projeto interdisciplinar requer trabalho em conjunto com outros professores e isso demanda tempo e boa vontade dos colegas.
Mas quando se consegue trabalhar diferentes olhares com a mesma temática, o ganho em qualidade do projeto aumenta, bem como o seu benefício de aprendizagem para a turma.
A maior dica para você, que cai nesse erro, é: escolha o tema central, defina o tempo de trabalho, procure tudo o que o tema pode proporcionar, escolha o livro guia e os professores que irão ajudar a engrandecer o projeto.
Lembre-se que, por mais que o outro professor não possa ou não queira participar do projeto, ele poderá te dar dicas para abordar melhor a disciplina e desenvolver as atividades dentro do tema proposto.
E isso nos remete ao terceiro erro: não saber abordar o conteúdo pedagógico e social em um mesmo projeto.
3) Não saber abordar conteúdo pedagógico e social em um mesmo projeto
Sabemos que os projetos são importantes ferramentas para a vivência dos conteúdos pedagógicos dados nas apostilas. Conteúdos de desenvolvimento interpessoal e intrapessoal do aluno devem ser o primeiro olhar do professor.
Estudar o conteúdo pedagógico que será ministrado no tempo do projeto fará com que os alunos aprendam com facilidade o que está sendo proposto, pois o projeto irá reforçar o que já está sendo trabalhado.
Este semestre, atendi uma professora do quarto ano que queria fazer um projeto com duração de um mês, mas não havia estudado o conteúdo pedagógico que daria no ano.
Expliquei a ela que os projetos servem para trazer uma vivência dos conteúdos trabalhados e que quanto mais eles se aproximarem da realidade de estudo dos alunos, melhor o conteúdo programático será trabalhado.
Consequentemente, melhor o desempenho dos alunos nas provas e mais facilidade para estudar eles terão.
Portanto, os projetos devem ser planejados para dar outro olhar ao conteúdo pedagógico e humano que os alunos aprenderão naquele ano.
Para sanarmos este erro, abrimos a apostila, elegemos um tema que abrangesse três disciplinas que os alunos estavam com dificuldades e demos um enfoque para corrigir um problema comportamental dos alunos.
Escolhemos a leitura de um poema, por ser mais rápido e profundo em conteúdo, duas atividades interdisciplinares e, para finalizar, uma paródia do poema lido contendo tudo o que o aluno aprendeu no projeto.
Foi um projeto curto, mas ajudou muito nas notas e no crescimento da turma ao longo do bimestre.
4) Não saber avaliar o projeto
Todo o projeto possui um objetivo geral e objetivos específicos que serão alcançados (ou não) ao decorrer do projeto.
Mas como saber se os objetivos foram alcançados? Esse é outro erro que se comete ao desenvolver projetos.
Devemos qualificar e quantificar o alcance dos objetivos do projeto para que ele seja aprimorado para os próximos anos.
E, para isso, cada objetivo deverá ter um qualificador. Por exemplo: se um dos objetivos do projeto for a melhoria do rendimento dos alunos na escrita, o professor deverá analisar a escrita de seus alunos antes e depois do projeto.
Para ser ainda mais minucioso, faça uma qualificando melhorias dos alunos nos textos. Isso é excelente e será um ótimo retorno do seu projeto, tanto para o próprio professor quanto para os alunos e os pais dos alunos.
Poucos professores fazem este tipo de análise e ela é fundamental para consistência e continuidade dos projetos.
5) Não ter a interação do aluno no projeto
Eu costumo falar que os projetos são soluções inteligentes e lúdicas para os problemas gerados pelo distanciamento entre o aluno e a apostila e também para os entraves específicos de cada turma.
Sempre há uma identidade do grupo propensa a uma dificuldade como: falta de socialização, dificuldades na expressão escrita, dificuldades de interpretação de textos, dificuldades em matérias específicas…
Enfim, o professor deve saber usar os projetos também para solucionar esses problemas mas, para que isso ocorra, o projeto precisa ser “vendido” para os alunos.
Ou seja: para que os alunos interajam com a temática e as atividades propostas é necessário que eles comprem a ideia do projeto e que o projeto seja explicado de forma clara e objetiva passo-a-passo.
O que vemos é que, muitas vezes os professores tentam empurrar os projetos como obrigatórios para os alunos, não explicam direito o projeto e, por isso, não ganham adesão do aluno.
E aí os alunos fazem somente pela nota que eles irão receber.
Os professores esquecem de conquistar o aluno pelos benefícios do projeto, causando pouco engajamento da turma.
Para que haja maior vontade do aluno em participar dos projetos, as atividades nele contidas devem trazer novas experiências.
O professor tem de estar aberto e pedir para que os alunos consigam entender o caminho do projeto, o quanto aprenderam e sua importância em ter participado das atividades.
Uma forma de trazer o aluno para o protagonismo do projeto é pedir para que ele faça uma releitura de tudo que ele aprendeu com um texto próprio ou uma produção própria.
Esta prática tem sido muito comum para o fechamento dos projetos de sucesso porque fazem com que o produto final do projeto seja materializado em uma produção dos alunos.
Muitos projetos terminam sem uma finalização impactante de interação do aluno com o projeto.
O aluno publicar um livro, por exemplo, fechando com “chave- de- ouro” tudo o que foi aprendido, poderá ser uma forma grandiosa de terminar um projeto.
Esses foram os 5 erros mais comuns em projetos interdisciplinares que eu tenho visto nas escolas que eu presto consultoria.
Quer mais dicas pedagógicas como essa? Conheça um pouquinho dos meus livros paradidáticos no meu blog e na minha página.
Verônica Vincenza é escritora, mãe, e consultora de projetos educacionais. Membro de diversas Academias de Letras, nacionais e internacionais, com premiações nas áreas da literatura, arte e difusão da língua portuguesa.
janete Xavier da Silva
22/fevereiro/2019 @ 06:49
Muito bom!
Trabalho muito com projetos. Esta é minha forma de manter viva e ativa minha sala de aula após muitos anos em sala de aula em que fui adquirindo prática através de graduações e cursos.
Por que os projetos incentivam a leitura? – mega estante
15/setembro/2018 @ 19:56
[…] A escolha da obra varia muito, pois deve ser de acordo com o que se quer trabalhar. Lembra sobre a importância de se elaborar projetos com um tema como guia? […]