Games como método de ensino
Você já pensou em combinar a gamificação com o ensino da história? Essa foi a ideia da Marcella Albaine, doutoranda em história pela UNIRIO e especialista em tecnologias da informação aplicadas à educação. Ela lançou, recentemente, o livro “Ensino de história e games”, em que discute o tema e traz sua experiência em sala de aula com alunos do ensino fundamental. Batemos um papinho com a educadora para entender melhor esse assunto tão interessante! Confere só 😉
1) De onde surgiu sua motivação para estudar o universo dos games?
Nasceu de um problema e como uma ideia experimental. Eu estava fazendo um curso de especialização e, durante meu trabalho em sala, observei que o interesse inicial dos alunos não era na disciplina – o jogo sempre foi concorrente. Então fui muito para o movimento da escuta. Perguntava: “O que vocês estão tanto fazendo nesse tablet? Me explica, me mostra?”. Quando vamos para o universo deles, podemos ampliar nossas práticas pedagógicas – e eu vejo a sala de aula como um grande laboratório.
2) Como foi a atividade na prática?
A atividade consistiu na construção de roteiros de jogos. A intenção foi usar a lógica do jogo, não o jogo em si. Ideia de personagens, competição, passar de fase. Nós fizemos uma aula expositiva, visita virtual ao Coliseu, discutimos a cultura e arquitetura da época. Aproveitei e incluí uma análise crítica da wikipédia, confiabilidade de informações, autoria compartilhada. Assim, desenvolvemos, também, a chamada “alfabetização digital” – essencial nos dias de hoje.
3) De que forma você estruturou essas aulas?
Primeiramente, por temas. Por exemplo: arquitetura, guerra – grande parte escolheu o tema guerra. Cada aluno escolheu um assunto e se aprofundou nele. E aí as questões que coloquei foram: “Quantos personagens o jogo tem? Qual objetivo? Qual o conteúdo?”. Foi um trabalho de construção de narrativa. Folha e caneta, mais nada. A motivação deles foi muito grande.
4) Você chama a atenção para o lúdico na sua obra. Por que o considera importante no processo educativo?
Porque penso que o lúdico é uma forma de se aproximar do outro. E o lúdico não é apenas infantil – brincar não é sinônimo de infantilizar. É uma maneira de pensar de forma ampla. E sabemos que o aprendizado passa muito pelo afeto, pela criatividade. O brincar percorre a vida toda e isso não é diferente em sala de aula. Por isso precisamos nos atentar a essa forma de transmitir conhecimento.
5) Qual você considera o principal desafio do ensino de história na atualidade?
Mostrar como a história tem a ver com o aluno. Meu esforço é transformar tudo em algo relacionado à vida dele. Não tem como falar de história sem falar dos valores morais, no sentido de ética, cidadania e respeito ao meio ambiente. Não podemos fechar os olhos à intolerância, mas sim discutir isso, problematizar. Também é necessário atentar para frases soltas que podem ser ganchos para muitas questões importantes – precisamos ter sensibilidade para notar isso. Dá bastante trabalho, mas é dessa forma que atuamos como agentes da transformação social.
Edna Morais de L.Medeiros
08/novembro/2017 @ 15:34
Acredito ser uma ótima ferramenta de apoio muito boa para trabalhar os conteúdos,além de ser uma tecnologia inclusiva, favorecendo alunos com dificuldades de aprendizagem e a turma de modo geral.
Bruno
15/outubro/2017 @ 06:57
Parabéns por romper a barreira do tradicional (não o excluindo) e nos proporcionar uma reflexão profunda acerca de como podemos compartilhar nosso conhecimento com uma linguagem acessível ao nosso público alvo. Ter a sensibilidade de acolher, compreender e buscar formas de aperfeiçoar métodos de ensino, é fundamental e humano em minha concepção.
Maryanne de Freitas
13/outubro/2017 @ 14:54
Parabéns pelo belo trabalho!!