Educação para surdos: como promover?
Tema da redação do ENEM deste ano, a educação para surdos é um importante tópico do tema “inclusão”. Segundo o censo do IBGE de 2010, último estudo com esse dado, temos registradas 9,7 milhões de pessoas com deficiência auditiva. E, atualmente, há aproximadamente 700 cursos de pedagogia voltados para a capacitação de professores na disciplina de libras. Sabemos que essa inclusão pode ser bastante desafiante, tanto do ponto de vista pedagógico, quanto do ponto de vista social. Por isso, quais medidas podemos adotar para facilitar essa integração?
Ter consciência, primeiramente, que os surdos são um grupo organizado culturalmente, com uma forma de comunicação própria, é extremamente importante para iniciar qualquer ação em relação a este grupo. Os estudos referentes aos surdos apontam que eles não se vêem como detentores de uma deficiência e de uma falta, mas sim de uma forma peculiar de se comunicar uns com os outros. Olhar a inclusão sob essa ótica é essencial para que possamos tomar medidas eficazes em relação a essa comunidade.
Neste sentido, é importante reforçar que o ensino de libras não é o único mecanismo de inclusão, já que os surdos aprendem de diversas formas – alguns por leitura labial, outros por imagens, outros pelas línguas de sinais. Uma grande forma de garantir acessibilidade a todos eles é prestando atenção na forma mais básica de comunicação, que é a visual. Falar sempre de frente para a turma, gesticular fortemente e prestar atenção à forma como o estudante está captando a mensagem é essencial para que o ensino seja eficaz. Também não esquecer de usar materiais didáticos visuais, como mapas e desenhos, afim de adaptar a didática ao aluno. A presença do intérprete, é, claro, é indispensável. Um professor surdo, que conhece bem a realidade e as necessidade do aluno, também é de extrema importância.
A tecnologia é outra grande aliada dessa inclusão. O aplicativo Hand Talk, por exemplo, traduz, automaticamente, texto e vídeo para Libras (Língua Brasileira de Sinais, reconhecida desde 2002 como segunda língua oficial do nosso país). Nele, o personagem virtual Hugo age como intérprete e possibilita a comunicação entre surdos e pessoas auditivas. Além disso, o aplicativo, que é gratuito, oferece uma seção educativa chamada Hugo Ensina, que replica conhecimentos básicos sobre expressões em libras para quem se interessar em aprender a língua.
Ainda que os surdos tenham uma cultura própria muito forte, é indispensável que eles interajam com o mundo auditivo, socializem e saibam se comunicar com aqueles que escutam. Para tornar isso possível, todos os estados contam com Centros de Capacitação dos Profissionais de Educação e de Apoio às Pessoas com Surdez (CAS), que capacitam professores para a educação bilíngue, visando à inserção dos alunos surdos. As escolas que recebem matrículas destes estudantes têm direito a um intérprete, vital para o processo, e devem estar em contato permanente com as Secretarias de Educação para tomar as medidas necessárias que garantam aulas acessíveis a esse público.
Mais do que medidas práticas para solucionar a questão, precisamos ter em mente, antes de tudo, que estamos diante de formas próprias de comunicação. E, nesse contexto, acessibilidade significa enriquecer a troca cultural entre diferentes pessoas, desenvolvendo ainda mais a pluralidade e a cidadania. Vamos fortalecer ainda mais esses conceitos? =)
Bernadete Valadares
22/dezembro/2017 @ 23:53
Gostei muito! Vivemos em um mundo cada vez mais globalizado, onde todos querem aprender uma segunda língua. Que tal aprendermos LIBRAS!? Ela promove a inclusão dos brasileiros surdos e amplia nossa capacidade de comunicação! E deve ser muito gratificante poder falar para um surdo e “ouvir” sua mensagem através de diferentes códigos!
Sonia Nogueira
21/dezembro/2017 @ 11:57
Todos as orientações enviadas pelos educadores são de grande relevância para melhorar a educação e unir os diferentes. Parabéns a todos e feliz Natal, com paz e alegria no coração.
Lindinalva Alves da Costa Resende
20/dezembro/2017 @ 09:45
A Comunicação e a interação entre o auditivo e o surdo é algo indispensável numa convivência mútua. Lentamente vai gerando um aprendizado constante. Ambos precisam se esforçar para manter esta relação de aprendizagem. Um sempre tem o que ensinar e aprender com o outro.
Edmilson Rocha
20/dezembro/2017 @ 08:36
Acho muito interessante esse artigo que trata de como devemos ensinar os nossos alunos surdos .