Ecologia, virtudes e consciência ambiental
Certo dia meu filho brincava no jardim quando uma amiga ambientalista disse: “Olha lá, o menino do dedo verde!”. Fiquei observando-o e pensava em como eu, ecóloga, ainda não conhecia essa história tão comentada entre colegas.
Meu menino-do-dedo-verde completaria 2 anos, e não poderia ser diferente: seu presente seria a contação desta história e o livro. Assim Tistu chegou até mim: primeiro, pelos ouvidos; pela música. Em seguida mergulhei em suas linhas e me encantei com seus significados e simbologias.
Descobri que, para além da questão ecológica comumente reduzida ao plantio de árvores, lixo e água, me identificava com a história do ponto de vista da Ecologia Profunda, do desenvolvimento humano, do autodesenvolvimento…
Ele veio justamente ao encontro daquilo que sempre busquei na Ecologia: a vontade de que todos se encantassem com o mundo para “salvá-lo”!
Compartilho algumas frases e percepções pessoais do livro que me marcaram, como profissional e, principalmente, como mãe-educadora, que floresce e faz florescer:
Tistu era um Menino que vivia brincando pela casa que brilha com seu grande amigo, o pônei Ginástico. Chegada a hora de adentrar o mundo escolar, algo aconteceu: mesmo diante de todo o esforço da professora, havia um incontrolável impulso de dormir…
A escola precisou “devolver” o menino a seus pais, que resolveram que Tistu aprenderia com a própria Vida, porque “a Vida é, afinal, a melhor escola que existe” (Senhor Papai).
Desta vez, o conhecimento cresceria em sabedoria, incorporada ao seu mundo e não como algo sem sentido e deslocado de sua realidade.
A primeira lição do menino seria de Jardinagem, pois, segundo o Senhor Papai, “a terra é a origem de tudo”. Após cumprir a tarefa dada pelo jardineiro Senhor Bigode, Tistu descobre ter o Dedo Verde, capaz de florescer todas as sementes que tocar.
É neste momento que se revela uma das mais belas mensagens deste livro: “Há sementes por toda parte”.
Isto significa que todos nós viemos ao mundo cheios de potências, carregados destas sementes que precisam apenas do afago e cuidado adequados para expressar toda a Vida que trazem consigo.
Nós, cuidadores, devemos facilitar o ambiente para que brotem as sementes que já SÃO neste lugar! Florescer em nós a criança cheia de vida e manifestá-la de forma madura e consciente na vida adulta e conduzir este florescimento naqueles que estão sob nossos cuidados.
Com auxílio do Senhor Bigode, Tistu vai apropriando-se de seu dom, aprendendo a agir com intenção de trazer a verdadeira Beleza e harmonia onde havia desordem e desarmonia.
O menino do Dedo Verde agia de forma conscienciosa, buscando movimentar suas resoluções a serviço dos outros. Ele sabia o que queria e como agir, contribuindo com aquilo que tinha de mais precioso. Essa era sua missão.
Contudo, espalhar Belezas, Bondade e Alegrias com a leveza e ludicidade de uma criança desestabiliza muitas pessoas grandes, que simplesmente esqueceram em algum cantinho de si alguma semente que não brotou.
Adultos “sérios” facilmente podem se aborrecer e oferecer resistência àquilo que exige transformação das suas “ideias pré-fabricadas”. Esta figura vem representada pelo Senhor Trovões, que considera Tistu um “menino distraído e raciocinador.
Os sentimentos generosos privam-no do senso de realidade”, sendo necessário “vigiar esse menino que pensa demais”.
Felizmente essa linda história traz o Verde, de Esperança. É o próprio Senhor Trovões que, comovido com a coragem do menino ao assumir as transformações que provocara na cidade – e também por amar Tistu – diz ao Senhor Papai: “A gente não pode se opor às forças da Natureza…”.
O menino ajudou a florescer até aquele que o agredira e foi, aos poucos, sendo acolhido por todos da forma que era.
A cada nova lição Tistu renovava Esperanças florescendo motivos para que as pessoas “desejassem ver o dia seguinte” para receber as novidades que as flores traziam.
É isso que nos faz ir além, viver cada vez melhor, preservar a Vida e criar e recriar maneiras de conviver com o todo que nos cerca. Isto é Ecologia!
Pouco tempo após ler o livro deparei-me com o significado da palavra “flor”: do grego, “o melhor de”. E assim tudo fez ainda mais sentido.
Descobri que ter o dedo verde é mobilizar nossos sentimentos e talentos para florescer tudo o que desejarmos.
É ter uma postura positiva diante da Vida, dos outros e de nós mesmos a partir do enriquecimento de nossas virtudes.
Não negligenciar o que há de ruim, mas principalmente fortalecer e extrair o que há de melhor em cada experiência e aos poucos transformar tudo o que estiver ao redor.
Todos nós carregamos essa semente conosco. E o seu filho, será que também tem o Dedo Verde?
Carolina Rodrigues é mãe, arteterapeuta e educadora ambiental. Deseja imensamente contribuir para um mundo melhor, mais artístico, sensível e sustentável. Compartilha vivências criativas em educação no blog Dá Tua Mão e o olhar maternal em Os Olhos de Cauê.
MARTHA HELENA FERNANDES PEREIRA .
11/junho/2018 @ 07:20
Belíssimo texto!Vou disponibilizar para leitura em um Laboratório de Redação, no Colégio Anchieta, em Nova Friburgo, no espaço “LER EM FAMÍLIA”…Posso?
Abraços da Martha.
Carolina Rodrigues
11/junho/2018 @ 11:29
Martha! Fico lisonjeada. Com certeza pode usar o texto e gostaria muito que compartilhasse comigo essa experiência, tenho total interesse nos desdobramentos <3 Gratidão! No blog datuamao.wordpress.com tem textos complementares a estes e outros materiais. Um abraço da Carol 😉