Deficiência auditiva na escola: como um projeto ajudou um aluno surdo
A deficiência auditiva na escola representa uma grande oportunidade de estimular a inclusão. Conheça a história do aluno Heitor, prova dessa possibilidade.
“Parecia até que era um sonho se tornando realidade”.
Essa foi a impressão de Luciana Soares, coordenadora do Heitor Fukuda de Paiva, um aluno aplicado, sonhador e que foi um exemplo de superação com sua deficiência auditiva na escola.
Com perda auditiva profunda bilateral (dos dois ouvidos) e usuário de implante coclear, Heitor sempre teve paixão por desenhar e folhear livros e revistas infantis.
A leitura é algo, portanto, que está sempre presente na sua rotina. E agora, com apenas 12 anos, Heitor é autor de um livro próprio.
Ao participar do projeto da Estante Mágica, Heitor, além de reafirmar seu gosto pela leitura ao publicar a própria obra, passou a usar a música como grande forma de expressão.
O projeto abraçado no Complexo Educacional Henrique Castriciano, no Rio Grande do Norte, foi aplicado 80% em inglês.
O objetivo era engajar os alunos em uma atividade diferente na Língua Inglesa, explorando habilidades e imergindo o aluno na cultura.
Toda a criação foi estimulada através das músicas, vídeos e jogos que os educadores apresentaram para os alunos na sala de aula.
Encantado com o processo e como iria trabalhar sua imaginação, Heitor escolheu, entre diversas opções oferecidas pelas professoras, a banda Coldplay para se inspirar e escrever seu livro.
A mãe de Heitor, Chyio Fukuda, conta que o projeto quebrou a barreira que existia entre o filho e a musicalidade:
“Ele começou a ficar mais atento às músicas que escutamos sempre no carro, e passou a reconhecer as melodias e as letras. Agora, para ele, as músicas deixavam de serem ‘barulhos incômodos’ e se tornaram ‘sons legais’ que contam uma história.”
Com toda a experiência, Heitor se tornou uma inspiração quando o assunto é inclusão de deficientes auditivos na escola.
No caso do Complexo Educacional Henrique Castriciano, instituição que Heitor frequente, ela conta com o suporte de uma boa comunicação entre a escola e os pais, como explica a coordenadora pedagógica Luciana Soares:
“Heitor é um menino extremamente inteligente e tem uma família extremamente participativa. A preferência dele pela banda escolhida foi um dos grandes fatores para o sucesso. Durante as aulas, demonstrou até ansiedade para ouvir as músicas e fazer os seus desenhos”, afirma.
Além de Heitor, outras crianças da escola também tiveram seus casos de superação através da leitura e escrita, como o aluno João Arthur, que é autista e se tornou um recente autor mirim.
E todo o projeto culminou em uma experiência gratificante e única: um evento de autógrafos.
Para Chyio, o maior presente do projeto foi ver a transformação do filho e como a deficiência auditiva na escola foi encarada de forma inclusiva:
“Com o resultado entregue em mãos no evento escolar, Heitor sentiu-se orgulhoso. Ele tem um grande sonho de ser cineasta, e depois dessa jornada, ele diz: ‘Preciso escrever um livro antes de dirigir um filme, pois será baseado nele!’”, afirma.