Sua escola vai realizar um Evento de Autógrafos, mas nem todas as estrelas literárias tiveram condições financeiras de fazer a compra dos livros na Estante Mágica? Nesta matéria, duas professoras revelam como resolveram esse problema. Anota já as dicas!
Um desafio abraçado por todos, inclusive pelas crianças
A pedagoga Eva Barbosa, da Escola Municipal Abel Freire de Aragão, transformou aproximadamente 27 alunos do ensino fundamental 1 em autores da própria obra.
Por atuar em uma escola de periferia e saber das diferentes realidades sociais dos alunos, já imaginava que algumas famílias não conseguiriam realizar a compra dos livros na Estante Mágica.
Por isso, pediu apoio à direção escolar para iniciativas com o objetivo de levantar dinheiro para adquirir os exemplares.
Mas não se limitou à gestão. Adepta dos ensinamentos de Paulo Freire, enxergou nos seus alunos sujeitos ativos em todo o processo.
Então, contou com eles para resolver o desafio da compra dos livros na Estante Mágica. Assim, surgiram diversas ideias.
A primeira, vindo de um aluno, sugeriu a criação de um bazar com suas roupas que não serviam mais.
Logo após essa ideia, Eva, que faz parte do Clube de Educadores Mágicos, comunidade exclusiva da Estante Mágica com educadores de todo o Brasil, se reuniu com a diretora para montar uma assembleia.
O objetivo foi dar ainda mais seriedade às ideias discutidas, trazendo ideias cada vez melhores:
“Uma criança sugeriu vender os próprios desenhos, uma disse que poderia vender suas pulseiras de miçanga no bazar. E outra disse até que o pai, coletor que trabalha com reciclagem, poderia achar coisas legais para vender”, disse.
Depois de conseguir tantas boas ideias, a professora montou um documento com todas elas. Em conjunto com os alunos, levou as possibilidades também para a família:
“Marcamos a reunião até mesmo depois do horário de expediente, para que mais famílias pudessem participar. Todas abraçaram as ideias e trouxeram outras, como a criação de rifas”, contou.
Uma galeria de arte como financiadora das obras literárias
A partir da ideia dos desenhos dos livros, surgiu a ideia de uma oficina. Para isso, Eva contou com Fabio Quil, artista de uma periferia, para inspirar os pequenos grandes autores:
“O meu maior objetivo com essa ação é que as crianças entendam que a autoria não está distante delas. Que ser escritor não é uma coisa impossível, não precisa estar num pedestal”, afirmou.
Esse foi o motivo de ela convidar o artista para dar uma oficina de desenhos. Mostrar que é possível que cada um seja o que quiser – incluindo escritor (a).
O resultado foi tão bonito que rendeu outra excelente ideia: criar uma rede social apenas para a venda dos desenhos.
Na semana passada, Eva recebeu o contato de uma jornalista de um veículo para escrever uma matéria sobre a iniciativa. O resultado?
Uma bela reportagem na TV local:
E o sucesso de toda essa iniciativa, além de ser estampado na mídia, garantiu o livro impresso de cada estrela literária.
Tudo isso aumentou tanto o tamanho da experiência que agora o Evento de Autógrafos foi organizado para atrair mais gente:
“Antes, a gente ia fazer junto com a feira literária. Mas, agora, entendemos que faz mais sentido um evento separado para dar mais destaque às crianças”, disse.
O sucesso dos alunos é reflexo da dedicação da Eva. Afinal, foi a pedagoga quem incentivou a experiência completa da Estante Mágica na escola.
“Como escritora, gostaria que os alunos sentissem a sensação gostosa de lançar o próprio livro. O que me motiva é aproximá-las do universo literário”, revelou.
Uma escola rural, um desafio e uma grande solução
Quando soube da Estante Mágica na internet, a professora Cristine Pereira se encantou com a iniciativa.
Mas sabia que, ao levar para a E.M. Hipólito Ferrari, uma escola na zona rural da São Paulo, haveriam alguns desafios.
O principal deles era a condição socioeconômica dos alunos, que poderia inviabilizar a compra dos livros dos autores para o Evento de Autógrafos.
Mas isso não a impediu de realizar o sonho de transformar as crianças em estrelas literárias.
Depois de muito pensar em soluções, chegou à vakinha, um site que permite a arrecadação de fundos para alguma iniciativa. E deu super certo!
Depois de compartilhar com todos os amigos nas redes sociais, conseguiu garantir um exemplar para cada criança.
Também integrante do Clube dos Educadores Mágicos, onde pegou dicas para aplicar a Estante Mágica em sala de aula, Cris é uma referência de engajamento.
E apoiou o engajamento dos familiares, ajudando-nos a participarem da criação literária.
Alguns, por serem analfabetos, não conseguiram escrever a biografia dos autores, por exemplo. Então, Cris pediu para eles enviarem por áudio para ela transcrever.
Dessa forma, todos participaram ativamente na experiência: alunos, familiares e equipe pedagógica.
E o Evento de Autógrafos emocionou todo mundo, principalmente pela dificuldade socioeconômica dos pais e das mães:
“Os responsáveis ficaram encantados. Até mesmo pela simplicidade da comunidade, a criança escrever um livro, nossa… para eles é um feito maravilhoso. Amaram!”, disse.
O que tornou esse grande momento possível foi a motivação da Cris.
A professora, que liderou toda a iniciativa, afirmou que foi a alegria das crianças que inspirou a realizar esse sonho:
“Elas se empenharam tanto para fazer as próprias obras que não achei que seria justo uma ter e outra não. Então, por isso me dediquei para garantir que todas pudessem autografar o próprio livro”, afirmou.
Bônus: como os familiares podem financiar os livros das crianças?
Além das iniciativas mencionadas, há também outra forma de agilizar ainda mais a compra dos exemplares impressos.
Os próprios familiares podem divulgar a iniciativa entre parentes, amigos e até mesmo conhecidos.
Um exemplo muito bom é do pai da estrela literária Théo, Leandro Garozi.
Ele criou uma mensagem bastante sensível para incentivar a compra de exemplares do pequeno (foto abaixo):
E, após as compras, o autor Théo ainda gravou um vídeo de agradecimento a quem comprou seu livro.
Ou seja: ou forma de garantir os exemplares e, ao mesmo tempo, fortalecer ainda mais a autoestima da criança.
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