Como manter a paciência para educar um filho tolerante?
Educar um filho tolerante, preparado para lidar com situações de confronto, requer muita paciência. E como desenvolver a calma para servir de exemplo à criança? Veja estas dicas da mãe e arteterapeuta Carolina Rodrigues!
Enquanto brinco com meu filho no quintal, olho para o céu azul, agradeço pelo precioso momento e pelo presente que é conviver e aprender no exercício da maternidade.
Me sinto como a própria paz, silenciando quaisquer ruídos que me distanciam dos verdadeiros valores em que acredito.
Cessam os problemas do dia-a-dia, geralmente baseados em altas expectativas que projetamos nos outros – principalmente nos nossos filhos – e nas situações pelas quais passamos.
Diluem-se os conflitos, as diferenças. Apenas estamos e somos, juntos. E isso pode nos ensinar muito sobre tolerância, tão necessária em tempos turbulentos como o que estamos vivendo.
Segundo o Dicionário da Paz, da UMAPAZ, tolerância é a “compreensão das próprias limitações e das limitações e condições dos demais”.
Para mim, essa definição é genial, completa. Implica em compreendermos a diversidade, em autoconhecimento, em focar o olhar positivo para o outro, reforça a importância do convívio.
E, para mim, confiar nas qualidades e possibilidades do outro me faz crer que esse tem condições de florescer também.
Ao criar um filho em coerência com aquilo que acredito, volto meu olhar para mim, buscando entender como ajo e reajo diante de tudo o que é diverso a mim (e o que não é?).
Procuro observar como acolho a diferença, inclusive a que tenho em relação ao meu filho e que sempre – ou nunca – vai atender àquilo que sonhei para ele.
Como reajo quando meu filho demonstra um comportamento diferente do que mostrei ou desejei que ele tivesse?
Da mesma forma, como o modo como lidamos com os outros e as situações em sociedade oferece repertório para que ele desenvolva sua própria tolerância?
O valor da diversidade
Acolher as diferenças enriquece nossa presença no mundo, nos ampliando.
Aprendemos com o outro agregando o que faz sentido para nossa existência e ressignificando o que não faz sentido para nós, compreendendo que pode fazer ao outro.
Nos fortalecemos enquanto indivíduos e enquanto sociedade na medida em que temos mais ferramentas, opções, possibilidades para solucionar conflitos e situações desafiadoras que enfrentamos em nosso cotidiano.
Diariamente, ao fazer simples escolhas com meu filho, como por exemplo, a cor da roupa ou o sabor do sorvete, temos a oportunidade de mostrar a eles que nossos gostos são diferentes e que “tudo bem!”.
Diversas vezes já fui questionada por ele por favor uma escolha diferente da dele, e digo “você gosta dessa opção, e eu, desta! Me sinto bem com minha opção. Você está bem com a sua? Então está tudo bem!”.
Isso se repete quando surgem conflitos na pracinha pelo uso de um brinquedo, quando frequentamos um local com diferentes regras…
Todas as experiências que implicam relações são oportunidades para mostrar a diversidade e o quanto isso é rico e amplia nossos olhares.
A vantagem de ser paciente
Paciência é a ciência da paz e da confiança na semeadura. Sou paciente quando confio que cada cuidado em relação à educação do meu filho vai frutificar no tempo certo, apesar dos desafios inerentes a cada fase do desenvolvimento.
Gosto muito do trecho de um livro: “A semente é quase imperceptível e, no entanto, o carvalho será um gigante […] Todo embrião de vida parece dormir”.
Se compreendo minhas limitações e as limitações de meu filho diante de um desafio, se sei que a educação em valores é um trabalho de formiguinha e cultivado em longo prazo, respiro fundo, foco na solução pacífica de um problema e consigo a sua superação.
Por falar nisso, no texto sobre educação positiva, há dicas para lidar com essas situações!
Quando exercitamos nossa paciência evitamos alimentar ainda mais uma situação conflituosa e, simultaneamente, mostramos com nosso exemplo a possibilidade de agir de forma tolerante, compreensível e amorosa diante de crises.
Confie que o orvalho gigante surgirá da semente imperceptível que você deve regar diariamente…
Respeito e tolerância para um mundo melhor
Quando, por meio do exercício diário de auto-observação e transformação das minhas próprias limitações e incompreensões, faço florescer a tolerância em meu filho, dou suporte, amplio seu repertório para que ele resolva com autonomia, tolerância e respeito quaisquer desafios pelos quais passará.
Ajudo a criar um ser humano mais resiliente, empático, respeitoso, que poderá se expressar, ser e relacionar-se no mundo de forma mais harmoniosa, amorosa, cooperativa, contribuindo assim para uma Cultura de Paz.
Vou, assim percebendo que, por trás de nuvens de tempestades, sempre tem um céu azul que poderemos contemplar.
Carolina Rodrigues é mãe, arteterapeuta e educadora ambiental. Deseja imensamente contribuir para um mundo melhor, mais artístico, sensível e sustentável. Compartilha vivências criativas em educação no blog Dá Tua Mão e o olhar maternal em Os Olhos de Cauê.