BNCC e alfabetização: o que mudou com o documento?
Após a aprovação da nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC), mudanças estão por vir no ensino brasileiro, principalmente para a alfabetização infantil, assim como muita controvérsia sobre o assunto. Confira o impacto do documento nesse segmento escolar.
Naturalmente, pais e professores ainda tem muitas dúvidas sobre a atualização aprovada no final do ano passado. Afinal de contas: o que é a BNCC?
Além de ser um evento inédito para a educação no país, a BNCC apresenta uma base curricular única para todo o Brasil, como um guia para implementação das quatro grandes áreas de conhecimento – Matemática, ciências da natureza, linguagens e ciências humanas.
Essa base propõe a alfabetização infantil completa até o segundo ano do fundamental, que antes era estimado para o terceiro, adiantando em um ano o processo.
O debate sobre a antecipação da alfabetização tem diversos pontos e argumentos, mas um dos principais discursos em contraposição à reforma é o que consideram como uma alfabetização precoce.
Para alguns especialistas, adiantar o procedimento de letramento infantil pode atrapalhar no desenvolvimento de maturidade da criança, que passa por diversos ensinamentos na Educação Infantil que as preparam para, posteriormente, a alfabetização em si.
Nesta fase, as crianças estão desenvolvendo a coordenação motora, orientação espacial, seus aspectos de percepção e discriminação de sinais, sons e formas.
A preocupação vem de que a antecipação da alfabetização infantil esteja acelerando um progresso que deveria ser gradual e que pode apresentar certas dificuldades para os pequenos.
No entanto, assim como há questões a se repensar, a nova proposta também traz conceitos positivos e inovadores para o letramento infantil.
O que inicialmente pode ser uma insegurança para os professores com as novas normas, na verdade pode se tornar uma inspiração para inéditas formas de se pensar a alfabetização no Brasil.
Primeiro, a BNCC é embasada em uma visão de continuidade do aprendizado, trazendo uma ligação direta da Educação Infantil com o Ensino Fundamental, preenchendo uma lacuna entre os dois ciclos, algo que muitos docentes no país sentiam falta.
Um processo mais interligado e que aprofunda ensinamentos já apresentados aos alunos, buscando uma continuidade nas experiências com a linguagem oral e escrita.
Isso porque, na nova base curricular, a alfabetização é o foco integral da ação pedagógica nos dois primeiros anos das aulas de Língua Portuguesa, proporcionando aos estudantes uma inserção na cultura letrada através de novas experiências, criando diversas oportunidades de expressão e maior autonomia e protagonismo dos estudantes.
A ampliação do letramento infantil é a ênfase no currículo escolar da nova proposta curricular, assim como inserir os alunos em práticas modernas de expressão, em que consigam se manisfestar através de linguagens em situações reais e mostrar que não há apenas um modelo de escrita ou oralidade.
Isso inclui adaptar o letramento digital na metodologia das escolas, pois abre um leque de possibilidades de produção de linguagens para os alunos.
Vivemos imersos na internet e ela é um campo que, além de ser estudado e ter todo o cuidado possível quanto ao acesso de conteúdos que crianças e jovens podem ter, proporciona novas ideias e elaboração de gêneros textuais.
O seu uso como ferramenta de ensino é a busca por uma ampliação da criatividade e autonomia da criança como produtora de vocabulário e símbolos.
Para tal acontecimento, é muito interessante pensar em como inserir novas atividades práticas que podem explorar as brincadeiras e o universo infantil lúdico.
Dessa maneira, o processo de desenvolvimento da alfabetização deve mergulhar fundo em encontrar inúmeras maneiras e motivos para incentivar as crianças a lerem, escreverem, explorarem novas linguagens e se expressarem.
É de extrema importância que os docentes brasileiros tenham consciência que, após a implantação da Base Nacional Curricular Comum, o letramento infantil será um campo de novos testes em sala de aula.
Porém, também será uma oportunidade para mudar visões sobre a alfabetização e sua evolução, bem como buscar novas iniciativas e experiências que acrescentem positivamente o aperfeiçoamento da comunicação das crianças.
Iremos vivenciar um período de erros e acertos, de experimentação e adequação a um novo sistema.
Professores e alunos devem trabalhar em conjunto e um passo simples, mas que pode fazer grande diferença para a adaptação da nova metodologia, é se familiarizar com o documento da BNCC.
Com o tempo, novas discussões irão surgir e na prática veremos o que realmente funciona e o que podemos mudar. A verdade é que agora é o momento daquele famoso trabalho de formiguinha.
Se cada um buscar fazer a diferença para uma educação melhor, caminhamos para um futuro próspero na educação brasileira.
Atentar para novas perspectivas e desconstruir alguns preceitos podem ser os dois primeiros passos rumo ao êxito no letramento infantil. É o momento de pesquisar, se aprimorar e debater sobre a alfabetização.
Pais, professores e outros responsáveis pela educação, é hora de fortalecemos a comunicação e preparação para uma pedagogia mais eficaz e rica de agora em diante no país.
Uma vez que queremos começar o ano com o pé direito, todos têm que fazer a sua parte.
Vamos nessa? 🙂
Maria Tereza de Souza
25/janeiro/2018 @ 00:00
Na teoria é viável, necessário e até coerente repensar e rever conceitos de metodologias alfabetizadoras, mas na prática, como é difícil romper com padrões convencionais para incorporar as inovações!!! Não estou generalizando, mas apenas colocando algo que já constatei onde trabalho…