Autonomia na escola: importância do conceito para a formação estudantil!
Ao ser convidada pela Estante Mágica para ser colunista do blog, senti-me feliz e esperançosa. Sou professora de Língua Portuguesa, Literatura e Redação há vários anos. Aposentada na rede estadual, onde também fui diretora de escola de Ensino Fundamental e Médio, lecionei Metodologia da Língua Portuguesa e Metodologia Científica na Universidade Presidente Antônio Carlos, nos Cursos de Psicologia e Normal Superior, na unidade de Felixlândia – MG, cidade onde moro desde que nasci.
Atualmente, leciono no Colégio Darwin de Felixlândia, uma escola da rede particular de ensino, referência na região, cuja matriz está localizada na vizinha cidade de Curvelo.
Além disso, sou mãe de três filhas já formadas e orgulho-me de ter participado, com êxito, da formação das mesmas. Por tudo isso, os temas ligados à educação fascinam-me!
Ouso dizer, numa metáfora oportuna, que a Educação é mágica; não por oferecer soluções milagrosas, mas por dotar e qualificar aqueles que a praticam com paixão do dom de traçar destinos, do poder de transformar a realidade a partir da partilha de saberes e sonhos!
Mais do que nunca, tenho pensado a educação como instrumento de mudança e superação, como forma de libertação! E, assim, ponho nos alunos a minha mais alta esperança!
Sei da importância de ensiná-los a aprender e de aprender com eles, pois o mundo atual os bombardeia com uma grande quantidade de informações e eles precisam ser seletivos, autônomos, precisam ter resiliência e persistência para alcançarem os seus objetivos, sem se deixarem influenciar pelos contra valores.
Em contrapartida, eles me fortalecem e reforçam a minha responsabilidade de deixar um legado de luz, neste contexto tão sombrio onde vivemos e convivemos.
Se lhes entregamos os conteúdos “mastigados” ou se lhes oferecemos sempre os moldes pré-fabricados estaremos formando sujeitos fracos, sem criatividade, dependentes, sem autonomia, que serão incapazes de fazer valer sua vontade ou de fazer ouvir sua voz!
O mundo está cheio de indivíduos programados, que agem mecanicamente. Assim, pouco a pouco, eles vão perdendo a sensibilidade e a autoestima. Tornam-se incapazes de serem felizes, de alcançarem a realização pessoal, de fazerem brilhar a sua luz!
O mundo precisa de cidadãos autônomos, corajosos, ousados, sonhadores. Precisamos desenvolver a autonomia na escola!
Incentive seus alunos na leitura literária: ensine-os a voar, a buscar novos horizontes, a não ficarem parados por medo de errar!
Ensine-os a enfrentarem as adversidades com determinação e confiança! Ensine-os a pensar e a pensar grande (o mundo está carente de pensadores!). Ensine-os a visualizar um amanhã melhor e faça do hoje o tempo da reconstrução!
Somos jardineiros do amanhã e sabemos que só haverá flores em todos os canteiros se nossos alunos ousarem experimentar o saber como se experimenta uma fruta madura (com prazer!) e, com consciência da responsabilidade que têm, semearem a semente da fruta que os sacia!
Para esta conversa, deixo a vocês, colegas professores/educadores, um texto para reflexão: O Garotinho – de Helen E. Buckley. Leia-o e pense sua prática educativa. Se não estiver no caminho certo, recomece de onde parou ou de onde se desviou da rota ideal.
Precisamos formar cidadãos autônomos e não estereótipos de “garotinhos”. Nada de padronização. Viva a diversidade em todas as suas formas, cores e sabores!
Nossa profissão/missão requer responsabilidade e amor: nós ajudamos a traçar destinos. Um futuro melhor depende de nossa intervenção.
Vamos de mãos dadas, formando essa poderosa corrente mágica, para que o mundo seja melhor… e ele será!
Anexo: O GAROTINHO – Helen E. Buckley – (Texto para leitura e reflexão):
“Era uma vez um garotinho bastante pequeno e que contrastava com uma escola bastante grande. Quando o menininho descobriu que podia ir à sua escola, caminhando pela porta da rua, ficou feliz. A escola não parecia tão grande quanto antes.
Uma manhã, a professora disse: “hoje nós iremos fazer um desenho”. “Que bom”- pensou o garotinho. Ele gostava de criar: leões, tigres, galinhas, casas, vacas, trens etc. Pegou a sua caixa de lápis de cor e começou a desenhar.
A professora então disse: “Esperem. Vou mostrar o que fazer”. E a flor era vermelha e com caule verde. “Assim” – disse a professora – “agora vocês podem começar”.
O garotinho olhou para a flor da professora, então olhou para sua flor. Gostou mais da sua flor, mas não podia dizer isto… virou o papel e desenhou uma flor igual à da professora. Era vermelha com caule verde.
Num outro dia, quando o garotinho estava na aula ao ar livre, a professora disse: “Hoje, nós iremos fazer alguma coisa com barro.” – “Que bom”, pensou o garotinho. Ele gostava de trabalhar com barro.
Podia fazer com ele todos os tipos de coisas: elefantes, camundongos, carros, caminhões. Então a professora disse: “Esperem. Não é hora de começar”. E esperou até que todos estivessem prontos. “Agora”, disse a professora, “nós iremos fazer um prato.” – “Que bom” pensou o garotinho. Ele gostava de fazer pratos de todas as formas e tamanhos.
A professora disse: “Esperem! Vou mostrar como se faz”. E ensinou. “Agora vocês podem começar”. E o prato era um prato fundo. O garotinho olhou para o próprio prato e gostou mais do seu, mas ele não podia fazer isso. Amassou seu barro numa grande bola novamente e fez um prato igual ao da professora, um prato fundo.
E muito cedo o garotinho aprendeu a olhar e fazer as coisas como a professora. E muito cedo então, ele já não sabia fazer as coisas por si próprio.
Mas aconteceu que o garotinho teve que mudar de escola. Essa escola era maior que a primeira. Ele tinha que subir grandes escadas até a sua sala.
E no seu primeiro dia a professora disse: “Hoje nós vamos fazer uma figura.” “Que bom!”- pensou o garotinho e esperou que a professora lhe dissesse o que fazer. Mas a professora não disse nada. Ela simplesmente andou ao redor da sala.
Quando ela se aproximou do garotinho, ela disse: “Você não quer fazer uma figura?” “Sim”- disse o garotinho – “O que nós vamos fazer?” “Eu não sei até que você faça”- disse a professora. “De que jeito devo fazer?”- perguntou o garotinho. “Do jeito que você quiser”, disse a professora.
“De qualquer cor?” perguntou o garotinho. “De qualquer cor” – disse a professora – “Se todos fizerem a mesma figura, e usarem as mesmas cores, como vou saber quem fez o quê e qual é qual?”. “Eu não sei”- disse o garotinho. E começou a desenhar uma flor vermelha com caule verde…”.
Bernadete Valadares é professora de Língua Portuguesa, Redação e Literatura. Completamente comprometida com o propósito da educação e encantada com seus pequenos grandes alunos!