Um olhar sobre a importância das artes no desenvolvimento infantil
No dia 12 de agosto, comemoramos o dia nacional das artes. E esta data nos leva a pensar sobre o papel da arte no desenvolvimento infantil. Criar é fazer da vida algo mágico, repleto de sentidos e significados. Não à toa a palavra criança vem do latim creare – que significa criar.
A criança, plena de cores, sentidos, vibração e movimento é, para mim, pura personificação da arte. É artística por natureza, crescendo conforme cria e recria o mundo.
Arte é um lugar onde tudo é possível. Ela nos amplia, nos permite o contato e a identificação com o outro, aproximando pessoas. Ficamos maiores ao trazer o olhar artístico para nossa Vida.
Arte é um cantinho dentro de gente em que podemos explorar com segurança todas as possibilidades de ser. “A dança me permite viver, me permite ser eu mesma”. Estas palavras são de Félicie, personagem do filme “A Bailarina” (Eric Summer), mas poderiam ser minhas.
Quando dançava, na infância e em boa parte da adolescência, era assim que me sentia. O mundo parecia gentil, encantado, rico em possibilidades…. parecia viver voando!
Me identifiquei com a menina e me vi dentro da história, dos meus sonhos e do meu passado. Este é o poder da arte: ela me faz me reconhecer no outro para entender a mim e, neste processo, vai me ajudando a me expressar no mundo de forma mais viva, mais humana.
Outra criança disse: “Arte é fazer o que ainda não existe”. Criar e recriar, expressar, comunicar, compreender, explorar, brincar, relacionar-se com o mundo criativivamente, enriquecendo nossa existência. Isso é desenvolver-se em arte.
A ideia não é necessariamente tornar-se Artista, profissionalmente, mas para trazer o encantamento tão necessário a uma vida leve, plena, bela e feliz. Não que tudo sejam flores.
Mas a arte permite também o contato com as mazelas do mundo num outro nível de convivência, que nos fortalece para enfrentar as dificuldades da vida e nos motiva com repertório para transformação daquilo que não nos faz bem.
Isso é fortemente visível nos contos de fada. A Arte nos mobiliza e engaja, acolhe e nos leva a além.
Nos faz viver há beleza que em tudo há quando olhamos com olhar renovado o que nos cerca; amplia nosso senso estético – no sentido original de estética – sentir com o coração, a si e ao mundo de modo integrado. Arte é vital e nasce de nossos corações.
Ela é como uma luz que permite que a criança expresse seu universo particular em formas visíveis e “tocáveis”: com cores, sons, texturas, rabiscos, movimentos, composições que a fazem descobrir-se, enxergar-se a si própria de maneira nova, criativa e sobre a qual ela pode atuar, moldando, ressignificando, transformando, conforme mergulha em si própria.
Isso é uma educação para (e em) sensibilidade. Neste processo espontâneo de colocar para fora o que há em si, a criança se percebe, conhece e aprende a lidar com as emoções e intuições, organizando seu repertório de pensamentos, sentimentos, ideias, facilitando, assim, seu jeito de estar em COM-TATO com tudo o que a cerca.
Ouvi dizer que as crianças são feitas de sonhos. Por isso, enriqueça o ambiente de seu filho ou aluno com materiais que facilitem o contato com o artístico: tintas, lápis, papel, papelão, tecidos, elementos naturais (folhas, sementes, galhinhos, terra…), livros, livros e livros, música, espaço para movimentar-se…
O filósofo Goethe disse: “Todos os dias deveríamos ler um bom poema, ouvir uma bela canção, contemplar um belo quadro e dizer algumas palavras bonitas”. Este deve ser um convite vivo para nossas crianças (aquelas com quem convivemos e aquelas que fomos um dia).
Isso nutre nossa alma e fortalece nosso crescimento de forma mais afetuosa, possibilitando uma existência rica em significados. Que esse cantinho mágico cheio de arte que mora em nós e em nossas crianças esteja sempre vivo!
Carolina Rodrigues é mãe, arteterapeuta e educadora ambiental. Deseja imensamente contribuir para um mundo melhor, mais artístico, sensível e sustentável. Compartilha vivências criativas em educação no blog Dá Tua Mão e o olhar maternal em Os Olhos de Cauê.