Marchinhas de carnaval e alfabetização? Entenda!
Ó abre alas, que eu quero passar! O carnaval está chegando e com ele a lembrança de que seus conteúdos culturais podem ser grandes ferramentas de ensino. Além de ser uma data festiva, o carnaval também pode ser incluído no processo da alfabetização infantil. Com o intuito de realizar uma atividade diferente, já pensou em usar as famosas marchinhas como exercício de leitura e escrita?
Músicas populares são excelentes exemplos para tal dinâmica, pois são textos que os alunos sabem de memória. Dessa forma, atribuir marchinhas como uma tarefa na alfabetização poder ser, além de prazerosa, algo muito rico pedagogicamente. O objetivo dessa adesão é ajustar o oral ao escrito e construir conhecimentos sobre o funcionamento do sistema alfabético de escrita. Além disso, paras alunos já alfabetizados, a atividade ajuda na reflexão sobre algumas convenções ortográficas da língua portuguesa.
Para começar, o(a) professor(a) deve selecionar algumas marchinhas, levando-as para sala de aula em formato de áudio e impresso. Pergunte para os alunos quais delas eles conhecem e peça para que cantem. Isso vai te ajudar a ter uma noção sobre o conhecimento da turma e qual será a melhor música a ser trabalhada na atividade. E é importante escolher uma marchinha em que eles saibam o texto de cor, pois assim não precisam se preocupar com o conteúdo.
O objetivo é que as crianças foquem sua atenção apenas no como ler, ajustando o que fala ao que está escrito. E aí, somente depois, focar em como escrever, pensando em quais letras usar e em qual ordem. A associação da letra da música com as palavras escritas é uma forma de incentivar a criança a desenvolver sua capacidade de compreensão. As marchinhas trazem um leque de opções quanto a variações linguísticas, assim como formas de amadurecer a leitura e entendimento de textos inteiros.
Lembre-se também de que na Educação Infantil as parlendas e as cantigas de roda são bastante utilizadas nessas atividades. Quanto à Educação de Jovens e Adultos, é importante pensar em alternativas para ter o cuidado de não infantilizar o exercício. Por isso, optar por poemas e músicas populares poder ser uma abordagem melhor para realizá-lo.
Sendo assim, que tal aproveitar o clima carnavalesco na sala de aula? Confira uma proposta da atividade de letramento com marchinhas, passo a passo! 😀
• Depois de escolher algumas marchinhas e ter certeza de que os alunos têm as letras memorizadas, organize a turma em duplas. Tente aproximar os estudantes que têm níveis de aprendizado similares, para que haja cumplicidade no exercício. A ideia é que o alfabetizado não se sinta inibido pelo desempenho do colega, mas sim incentivado a concluir o que lhe foi proposto. O trabalho em grupo é essencial para tornar a atividade ainda melhor.
• Em seguida, distribua cópias da música escritas em letra maiúscula. Peça para que os alunos observem o texto e tentem descobrir qual marchinha é. Após associarem o texto à música, pergunte como chegaram a tal conclusão. É a hora de avaliar a percepção dos estudantes quanto à grafia.
• Cantem juntos e devagar a marchinha, acompanhando a leitura do texto com o dedo. Enquanto isso, ande pela sala, pedindo para cada dupla que aponte onde está escrita determinada palavra. A busca fará com que os alunos ajustem o oral ao escrito, até encontrarem a palavra que o(a) professor(a) pediu.
• Passadas essas três fases, proponha uma nova etapa. Distribua a letra da mesma marchinha recortada em versos ou em letras – depende do nível da alfabetização. A ideia é que os alunos sejam capazes de estruturar o texto da música corretamente. Vale lembrar que os desafios da atividade sempre devem ser ajustados às capacidades dos alunos. Por exemplo, para os mais avançados, peça que escrevam a lápis a letra da marchinha.
• Após realizar as etapas anteriores com diversas marchinhas, é hora de realizar uma nova atividade. Entregue cópias do verso de três músicas já apresentadas em sala de aula, sem o título, e oriente os alunos a identificar uma ou todas elas. Lembrando que quanto mais parecidas as letras, maior a dificuldade do exercício.
• Como último estudo, escolha apenas um trecho de uma das marchinhas trabalhadas. Em uma mesma folha, apresente três versões da letra da música: uma correta e duas versões alteradas. A diferenciação pode ser feita na troca de uma palavra que tem índices gráficos diferentes, como a letra que começa ou termina.
O intuito é que os alunos encontrem a versão correta e consigam justificar porque as outras estão erradas. Da mesma maneira que na atividade anterior, é possível deixar mais ou menos explícitas as diferenças entre as versões da marchinha. Isso pode ser adotado quando o professor percebe que há alunos em estágios diferentes no processo de alfabetização.
Ao fim da tarefa, avalie como cada estudante e cada dupla se desenvolveu durante o processo. Teve dificuldades? Conseguiu concluir toda o exercício? Como foi o processo da leitura e da escrita? O aluno entende as características do sistema alfabético?
É muito importante que o professor tenha uma avaliação bem detalhada das atividades de letramento como essa, com índices quantitativos e qualitativos de cada aluno. E também ter em mente que este é um processo didático que, como qualquer outro, leva tempo. É um exercício em que cada etapa deve ser feita aos poucos, para que o alfabetizado tenha tempo de assimilar e desenvolver seu aprendizado.
A construção da alfabetização depende tanto do professor quanto do aluno. O último tem um peso crucial, pois diversas constantes ao redor do seu contexto social interferem no seu aprendizado. Desta forma, é interessante aderir exemplos práticos nas salas de aula.
Seja uma marchinha ou outras expressões culturais, pense em como elas podem ser usadas nestas situações didáticas. Não só são uma aproximação da vida social do aluno, mas também uma tarefa divertida para ambos os lados. Além de incentivar os estudantes a aplicar seus novos conhecimentos em outros ambientes, como em suas próprias residências. A curiosidade os levará a enxergar a associação do oral com o escrito e vice-versa. E naturalmente, ao lado do trabalho da escola, o aluno vai amadurecendo o seu processo de alfabetização.
Pronto(a) para cantar as marchinhas em sala de aula?
Aproveite para complementar as dicas acima com o nosso plano de aula sobre a história do carnaval! 😉