5 escolas inovadoras para inspirar seu ano letivo!
Ano novo, sala de aula nova! Aquele recomeço das atividades escolares sempre pede uma pitada de inovação, né? A chegada de um novo ano é sempre uma ótima oportunidade para iniciar novos projetos. Pensando nisso, selecionamos cinco escolas com práticas e propostas inovadoras para inspirarem a sua escola em 2018:
1) Quest to Learn
A Quest to Learn é uma escola pública que fica em Nova York. Uma tradução possível para “quest to learn” seria “busca pelo aprendizado”. A palavra “quest”, no entanto, tem um outro significado, dependendo de seu contexto. Em um contexto de jogos, por exemplo, ela poderia ser traduzida para “missão”.
E justamente esse duplo significado é essencial para entender a proposta da escola. Na Quest to Learn, o aprendizado se dá através de jogos. Isso mesmo: há jogos durante as aulas e as provas também são encaradas como jogos.
Os games são o método de ensino utilizado para estimular o aprendizado das crianças. E se você pensou apenas em jogos eletrônicos, de tablet ou computador, saiba que, apesar deles trabalharem com a tecnologia como uma ferramenta poderosa, mais de 70% desses jogos são feitos de papel ou são gincanas.
Um jogo, de uma forma simplificada, pode ser visto como um conjunto de problemas a serem resolvidos. Sendo assim, torna-se natural para a criança perceber qual é o propósito de cada atividade e cada movimento é uma resposta a um desafio. Mais do que isso, a escola vê o engajamento de seus alunos aumentar ao trazer a rotina das crianças para o ambiente de aprendizado. Afinal, nós sabemos que os pequenos adoram brincar e jogar.
Selecionando os jogos, os educadores estabelecem quais serão os conjuntos de conhecimentos necessários para o sucesso final e deixam a criança se tornar o protagonista ativo do aprendizado. Os professores, nesse cenário, tornam-se também criadores de jogos. Eles são empoderados para participarem diariamente e ativamente da concepção das atividades escolares. Em seguida, guiam os pequenos durante o processo, transmitindo os conhecimentos necessários e ilustrando o propósito de cada aprendizado. Cabe aos alunos, no entanto, experimentarem o maior número de soluções e experimentações, aprendendo também com os erros.
E as disciplinas na Quest to Learn não são as mesmas das escolas tradicionais. Elas são entendidas como “domínios”. Por exemplo, o domínio “Mundo dos Códigos” mistura linguagens com matemática. Além de associar conhecimentos complementares, aplicáveis aos jogos, as crianças passam a perceber o saber como algo menos fragmentado. Os jogos, portanto, seguem essa lógica de trabalharem todos os conhecimentos possíveis, desde que eles se complementem.
Elisa Aragon, do Departamento de Educação de Nova York, afirma que “a maneira mais efetiva de ensinar é deixar os estudantes no controle da própria aprendizagem”. É exatamente assim que a Quest to Learn trabalha. E ela é apenas um exemplo da infinidade de possibilidades para se trilhar o caminho do aprendizado.
2) Riverside School
A escola Riverside fica em Ahmedabad, Índia. A história da escola começa com o filho de Kiran, atual diretora da escola. Em uma atividade escolar, no momento de produzir um texto, seu filho optou por criar uma história e recebeu uma avaliação negativa por isso. Kiran, designer na época, não conseguiu compreender porque a criatividade da criança havia sido limitada e tratada como algo errado.
Ela, então, estudou, se especializou e foi de escola em escola para conhecer mais sobre a realidade da educação. O resultado final é a Riverside School, cujo questionamento central é como a escola pode ajudar as crianças a criarem o seu próprio futuro. O aluno passa a ser o centro das discussões. Por exemplo: todos os anos, os professores são incentivados a conhecerem as casas de cada um de seus alunos.
Kiran trouxe noções de design para escola, não só na distribuição do espaço, mas também na proposta de abordagem. O pátio central é como uma grande sala de estar e, no centro dele, com paredes de vidro, fica a sala da diretora. A escola é encarada como algo a ser “desenhado”, para criar um espaço de exploração e descobertas. Os alunos participam ativamente da decoração do lugar, com intervenções e pinturas.
Lá, é praticada a filosofia do “bom senso, boa prática”. Há um exemplo utilizado para o fácil entendimento dessa filosofia: a partir do fato conhecido de que adolescentes em geral não gostam de acordar cedo, na Riverside, os alunos mais avançados começam suas aulas às 9 horas e 30 minutos do horário local. Além dos estudantes apresentarem um melhor aproveitamento e maior nível de engajamento, eles sentem que a escola se preocupa também com o seu bem-estar. Nesse aspecto, a Riverside reconhece a importância de medidas simples com impactos significativos.
Ainda pensando o aluno como centro do processo, a aprendizagem se dá de várias formas distintas. Além das aulas tradicionais, são projetadas atividades para que alunos de diferentes idades e diferentes anos trabalhem em conjunto, aprendendo uns com os outros. Grande parte dessas atividades são definidas a partir dos interesses individuais e as crianças têm a oportunidade de trabalhar diferentes inteligências.
A proposta principal é despertar a consciência do aluno sobre o processo de aprendizagem. Os estudantes são estimulados a ensinar também para seus professores. No momento de abertura e término das aulas são feitas as atividades “dando o tom” e “fechando o ciclo”, nas quais eles refletem sobre a aprendizagem de cada um e toda criança tem espaço para contar um pouco sobre o que aprendeu. Os alunos também podem propor temas e fazer roteiros de aulas, sempre refletindo sobre perguntas básicas como “o quê?”, “por quê?” e “como?” para avaliar a pertinência da intervenção.
Ainda haveria muito para se falar sobre a Riverside, mas há uma iniciativa que vale a pena destacar por último: a Design for Change (Design para Mudança, em português), uma metodologia aberta, disponível para qualquer pessoa que se interesse. Nela, as crianças são estimuladas a refletirem sobre o contexto onde estão inseridas, identificar problemas e propor ações para para melhorar essas situações. Além de trabalhar o pensamento crítico, essa atividade faz com que a mudança e as soluções partam da própria criança.
3) Green School
Você já imaginou uma escola que ocupa um espaço de 16 hectares no meio de uma floresta balinesa e que tem seus prédios feitos inteiramente de bambu?
Bem, a Green School, na Indonésia, é assim. Ela é um lugar tão diferente que famílias inteiras se mudam de seus países natais para matricularem suas crianças. São alunos de mais de 50 países diferentes desde o jardim de infância até o ensino médio.
A escola surgiu de uma inquietação sobre o amanhã previsto e o amanhã que podemos criar. E o que seria isso? Existe uma série de previsões sobre futuros catastróficos, sobre ameaças globais. No entanto, muito desse futuro depende das ações humanas. Sendo assim, por que não ensinarmos as novas gerações sobre uma forma mais sustentável de se cuidar do mundo? A educação assume um papel maior, além de transmitir conhecimentos, ela ensina um modo de viver.
Para ensinar uma nova visão de mundo, a criatividade e novas formas de inteligência são essenciais. Por exemplo, um professor de inglês da escola, Joel Mowdy, provoca seus alunos a serem inovadores. Em uma atividade, ele estipulou as opções A, B, C, D e E, sendo que a opção E não era assertiva e sim um desafio: “proponha uma solução diferente”. É uma forma simples, mas importante de demonstrar que os alunos podem e devem ser ativos no processo de aprendizado, de estimular a autonomia e criatividade.
Em outras atividades, os alunos ficam responsáveis pelo andamento de um projeto e toda semana têm que verificar o andamento dele. Dessa forma, eles desenvolvem um senso de continuidade e de impactos futuros. Muitas vezes, o processo funcionava por meio da tentativa e erro.
Muitas das escolas mencionadas nesse texto estimulam o empreendedorismo. Na Green School não é diferente. No Ensino Médio, os alunos têm a aula Empresa Verde, que conjuga a oportunidade para explorarem suas paixões e se preocuparem com o futuro do planeta.
A escola também é vista como uma comunidade. Os pais, por exemplo, podem usufruir dos espaços comunitários quando puderem e sempre que quiserem. Todos são vistos como protagonistas daqueles espaços e todos acabam aprendendo juntos ali. O restaurante da escola tem a capacidade de produzir comida para todos e os almoços são coletivos.
Os processos na Green School não são estáticos. Eles evoluem pensando no bem dos alunos. E essa preocupação de se pensar o bem é transmitida por todos que fazem parte daquela comunidade.
4) Schumacher College
O Schumacher College, na verdade, é uma faculdade, localizada na Grã-Bretanha. Mas, em termos educacionais, podemos aprender com ela lições úteis para estudantes de todas as idades. Mais do que isso, aprendemos lições importantes para todos os seres humanos.
No primeiro dia de aula, o diretor da faculdade, Jonathan Rae, pode ser visto varrendo a entrada do lugar. Lá, todos participam da limpeza e aprendem a importância de cuidar do espaço.
Pela manhã, além das aulas teóricas, existem outras atividades compartilhadas, como meditação, dança ou massagem e o compartilhamento de leituras. O diálogo e a convivência são ferramentas de aprendizado fundamentais no Schumacher College. Por falar nisso, todas as refeições são compartilhadas. Durante a tarde, apesar de permanecerem na faculdade, os alunos têm tempo livre para realizarem atividades de seu interesse. Há muito aprendizado que ocorre informalmente, na convivência dentro daquele espaço de aprendizagem.
Da dinâmica dessa convivência, surgem novos olhares para temas e desafios contemporâneos. Refletindo sobre a realidade complexa na qual estamos inseridos, estudantes e educadores percebem que é a partir da conexão de diferentes tipos de conhecimento que as melhores soluções virão. A separação das disciplinas pode empobrecer o aprendizado.
Na maior parte das aulas tradicionais, o educador transmite informações para um grupo, mas cada aluno senta-se isolado, fazendo suas próprias anotações. Nesse contexto, o aluno permanece em um ambiente mental privado. Por isso, muitos deles sentem medo de compartilhar informações publicamente, pelo simples fato de não estarem acostumados. No Schumacher College, as ideias são exploradas em grupo e esse receio é perdido com naturalidade.
A instituição nos ensina que ambiente informal de aprendizagem pode ter tanta importância quanto o ambiente formal. Na verdade, nos ensina que o mais importante é o aprendizado, independentemente do ambiente.
5) Escola Municipal de Ensino Fundamental Desembargador Amorim Lima
É claro, não poderíamos deixar de falar de pelo menos uma escola brasileira. Porque sim, existem iniciativas incríveis também aqui no nosso país. A Escola Municipal de Ensino Fundamental Desembargador Amorim Lima é uma instituição pública que recebe quase 800 alunos do 1º ao 9º ano.
O eixo central da pedagogia do Amorim Lima é a valorização da autonomia do aluno. E eles levam isso muito a sério. Os estudantes participam da elaboração curricular e repensam as diretrizes escolares. Não apenas eles: também educadores e funcionários fazem parte dessa gestão participativa. E Amorim Lima é apenas uma das escolas de abordagem democrática.
É ainda mais do que isso, no entanto. Ana Elisa, diretora do colégio, trabalha para cativar a participação da comunidade, com espaços e eventos para isso. Os pais são convidados para serem ativos e participantes nesses momentos. Eles fazem parte das comissões, como a comissão de formatura e a de inclusão.
A escola também dá espaço para os estudantes definirem trajetórias de aprendizado sem currículo compulsório em centros de estudos. Trabalhar a preferência dos alunos é uma proposta constante e os professores precisam estar prontos para agir de forma dinâmica para acompanhar. Os educadores representam também a figura de guias: há roteiros apresentados, com indicações de textos e tarefas.
Professores e alunos planejam juntos os conteúdos que serão abordados em sala, o que aumenta o engajamento tanto de crianças quanto de adultos em todos os momentos do processo. A desconstrução de um papel de autoridade hierárquica funciona positivamente para que o aluno deixe de ser um simples receptor de informações e passe também a ser responsável pela sua própria educação, tornando-se consciente disso.
E você, conhece outras iniciativas tão inspiradoras quanto essas? Compartilha aqui com a gente 🙂