Setembro Amarelo na escola: como trabalhar a saúde mental dos alunos?
Texto originalmente publicado em 16/09/19 e atualizado em 10/09/24.
Todos os anos, o uso da campanha Setembro Amarelo na escola é uma oportunidade essencial para promover discussões sobre saúde mental entre alunos, professores e toda a comunidade educativa.
Abordar esse tema no ambiente escolar é fundamental, pois é nesse espaço que muitos jovens e educadores enfrentam desafios emocionais que podem afetar suas vidas de forma significativa.
Neste texto, vamos explorar formas práticas de trabalhar o assunto na escola. E além disso, entender como cada parte da comunidade pode contribuir para um ambiente mais saudável e acolhedor. Confira!
O que é o Setembro Amarelo?
O Setembro Amarelo é uma campanha brasileira de prevenção ao suicídio, criada pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).
A ação é uma forma de estender o Dia Mundial de prevenção ao suicídio, promovido pela ONU e que acontece no dia 10 de setembro.
Entre os jovens, o número assusta: as mortes por suicídio cresceram 06% de 2011 a 2022. Esses dados foram fornecidos pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs) da Fundação Oswaldo Cruz.
Enquanto as taxas de notificações por autolesões nas idades entre 10 a 24 anos de idade evoluíram 29% ao ano no mesmo período.
Pensando em desmistificar o tabu, cada vez mais os temas envolvendo saúde mental são tratados como prioridade. E por isso, devem ser reforçados para que a prevenção venha através da informação.
E por isso, por que não começar a reflexão desde cedo promovendo o Setembro Amarelo na escola? Conheça 4 formas de desenvolver essa conversa com seus alunos.
4 formas de trabalhar saúde mental entre estudantes
1 – Desenvolver as habilidades socioemocionais
A escola é um dos primeiros espaços de socialização de uma criança e é, através dela, que começam as primeiras noções de pertencimento e de cidadania.
Por isso, é muito importante criar um ambiente acolhedor e assim, evitar casos de depressão e ansiedade que podem levar a algo maior.
Uma das formas de abrir caminho para conversar sobre o assunto é trabalhar as habilidades socioemocionais em sala de aula. Isso auxilia os alunos a reconhecer e a saber lidar com os próprios sentimentos.
Portanto, estimular o trabalho em grupo, incentivar o pensamento crítico, encorajar a expressão dos sentimentos é importante. Fazer isso através da arte ou da escrita são alguns exemplos de como desenvolver o socioemocional na prática.
Assim, é possível criar uma relação de confiança com os alunos. Afinal, eles poderão enxergar um ambiente que esteja pronto para ajudá-los, mesmo que seja para assuntos pessoais.
2 – Acompanhar os alunos de perto
Alguns sinais podem indicar pensamentos ou comportamentos preocupantes e o melhor jeito para conseguir observá-los é estar sempre próximo dos pequenos.
Perceba se há algum aluno se isolando socialmente. Atente-se a baixa do rendimento escolar, desmotivação com as atividades ou até mesmo a falta às aulas.
Outras formas de se expressar são através da agressividade ou ao falar muito sobre morte. O Ministério da Saúde divulgou frases que alguém pode dizer ao estar com sentimentos depressivos.
Veja algumas delas aqui:
Fonte: Ministério da Saúde
Além disso, uma medida importante é reparar as postagens dos alunos nas redes sociais. O ambiente virtual também acaba sendo um lugar para expor o que o aluno está passando.
Atenção também para as interações com outros alunos. O bullying pode ser a causa de muitas angústias e sentimentos que levam à consideração do suicídio.
Justamente pela escola ser um lugar de integração social, não se sentir pertencente ou acolhido é um dos grandes motivos para sentimentos que entristecem o aluno.
A extensão e intensificação dessa prática também vem através do cyberbullying, por isso a importância de conferir os comportamentos virtuais.
Promover o Setembro Amarelo na escola também é uma boa oportunidade para tratar sobre práticas contra o bullying e o cyberbullying.
3 – Incluir a saúde mental nas aulas de Biologia
Justamente por ser um tabu, a saúde mental não é tratada com devido alarde.
Sendo o suicídio a terceira causa de mortes em jovens de 15 a 29 anos, é preciso encará-la com a mesma importância que doenças físicas.
Por isso, inclua o debate nas aulas de Biologia e alerte os alunos a cuidar da saúde emocional. Faça-os entender que esse cuidado é tão relevante quanto a saúde física.
Para ajudar a abordar esse assunto, o Ministério da Saúde elaborou 4 passos práticos. A seguir, confira como auxiliar uma pessoa sob risco de suicídio:
Fonte: Ministério da Saúde
4 – Instruir toda a comunidade escolar
Trabalhar o Setembro Amarelo na escola não envolve somente os alunos. Além deles, é preciso trazer essa conversa para os responsáveis, o corpo docente e até os funcionários da instituição.
Cada parte da comunidade escolar precisa se atentar para as causas e precauções. Afinal, só assim saberão como perceber o seu papel nesse assunto.
Esteja sempre em contato com os responsáveis, não somente quando o aluno demonstrar algum comportamento diferente do habitual.
Alerte-os também quanto aos sinais, é possível que o pequeno expresse-os somente fora da escola.
Quanto ao corpo docente e aos funcionários, ofereça palestras, rodas de conversa e debates sobre as causas e prevenção do suicídio.
O CVV disponibiliza diversas dessas ferramentas para a sociedade. Além dos pequenos, é preciso também estar atento à saúde emocional de quem está em contato com eles.
O serviço preparou materiais especiais para a conscientização, que podem ser usados com toda a comunidade escolar. Você pode conferir esses materiais no espaço “Compreendendo o suicídio” aqui.
Para buscar ajuda para prevenir o suicídio existe algumas alternativas. Busque o CAPS e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da família, Postos e Centros de Saúde), UPA 24H, SAMU 192, Pronto Socorro e Hospitais.
Além disso, o Centro de Valorização da Vida disponibiliza o número 188 para ligações gratuitas. Elas funcionam a partir de qualquer linha telefônica fixa ou celular.
O serviço está disponível 24h todos os dias da semana. Essa é uma ajuda voluntária para pessoas que querem e precisam conversar, sob sigilo.
Também é possível acessar www.cvv.org.br para chat, Skype, e-mail e mais informações.
A importância de preservar a saúde mental dos professores
A saúde mental dos educadores também é um aspecto fundamental no contexto escolar. Assim como os alunos, os profissionais da educação enfrentam desafios emocionais e profissionais que podem comprometer seu bem-estar.
Dessa forma, é crucial que as escolas ofereçam suporte psicológico não apenas aos estudantes, mas também aos docentes.
Quando os professores estão com sua saúde mental em equilíbrio, eles conseguem criar um ambiente de aprendizado mais acolhedor e aberto. E isso favorece discussões sobre temas sensíveis, como o suicídio.
A pressão do cotidiano, aliada a extensas jornadas de trabalho e a necessidade de lidar com diversas demandas e comportamentos dos alunos, pode resultar em quadros de ansiedade e burnout entre os professores.
As instituições que se dedicam ao bem-estar de seus colaboradores promovem um espaço mais saudável para o desenvolvimento dos alunos.
Afinal, um educador com boa saúde física e mental tem melhores condições de atuar na prevenção de problemas emocionais dentro da escola.
Para lidar com essa questão, é possível promover atividades como rodas de conversa. Além de palestras ou oficinas focadas no bem-estar emocional dos professores.
Vale lembrar que também é importante implementar políticas de bem-estar no ambiente de trabalho. Essas ações garantem momentos de pausa e espaços para relaxamento e dessa forma auxiliam na saúde mental positiva.
Tem interesse em se aprofundar no tema da saúde mental dos educadores? Confira este texto sobre a importância de cuidar do bem-estar dos professores.
Conclusão
Em resumo, promover o Setembro Amarelo na escola é, sem dúvida, uma oportunidade valiosa para iniciar diálogos sobre saúde mental.
Além disso, ao implementar ações práticas e fomentar a conscientização, a escola tem o potencial de se tornar um ambiente ainda mais acolhedor. Isso serve tanto para alunos quanto para educadores.
Dessa forma, todos passam a ter acesso a um espaço seguro. Seja para discutir quanto para prevenir problemas emocionais, o que é essencial para o bem-estar coletivo.
É crucial que a saúde mental seja tratada como prioridade. Pois somente assim poderemos fazer uma diferença significativa na vida daqueles que mais precisam.
E você? Já pensou em promover o Setembro Amarelo na escola? 😉