Sintomas de autismo: como os pais podem identificar os primeiros sinais?
No início deste mês – no dia 2 de abril – celebramos o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Conheça mais sobre o transtorno e como identificá-lo no dia a dia.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) pode parecer diferente em cada pessoa.
É uma deficiência de desenvolvimento que, como principais sintomas de autismo, afeta a maneira como os indivíduos se comunicam, se comportam ou interagem com outras pessoas.
Também chamado de Desordens do Espectro Autista (DEA ou ASD em inglês), recebe o nome de espectro porque envolve situações e apresentações muito diferentes umas das outras, numa gradação que vai da mais leves à mais grave.
Todas, porém, em menor ou maior grau, estão relacionadas com algumas dificuldades de comunicação e relacionamento social.
Esse transtorno engloba diferentes condições marcadas por diferenças do desenvolvimento neurológico com três características fundamentais, que podem manifestar-se em conjunto ou isoladamente.
Essas três características são:
– Dificuldade de comunicação por deficiência no domínio da linguagem e no uso da imaginação para lidar com jogos simbólicos;
– Dificuldade de socialização, pois não parecem não tomar consciência da presença do outro como pessoa;
– Padrão de comportamento restritivo e repetitivo.
Não há uma causa única para isso e os sintomas do autismo podem ser muito leves ou muito graves, depende de cada caso.
Atualmente, há a crença de que existem múltiplas causas para o autismo, entre eles, fatores genéticos, biológicos e ambientais. No entanto, saber como o cérebro dessas pessoas funciona ainda é um mistério para ciência.
Algumas crianças que apresentam o espectro começam a mostrar sinais tão jovens quanto alguns meses de idade.
Outros parecem ter desenvolvimento normal nos primeiros meses ou anos de suas vidas e então começam a apresentar os sintomas.
Os profissionais de saúde especializados diagnosticam os sintomas de autismo usando uma lista de critérios nas categorias citadas. Eles também avaliam a gravidade dos sintomas.
A escala de gravidade do autismo reflete quanto de apoio uma pessoa precisa no cotidiano.
Como os pais podem identificar os sintomas de autismo?
Os pais podem ser os primeiros a identificar os primeiros sinais de alerta do autismo.
Eles conhecem seus filhos melhor do que ninguém e observam comportamentos e peculiaridades que um pediatra, em uma rápida visita de quinze minutos, pode não ter a chance de ver.
O pediatra da criança pode ser um parceiro valioso, mas os pais não devem descartar a importância de suas próprias observações e experiências. A chave é se educar para saber o que é normal e o que não é.
Para isso, monitore o desenvolvimento do seu pequeno.
O autismo envolve uma variedade de atrasos de desenvolvimento, de modo que ficar de olho em quando – ou se – seu filho está atingindo os principais marcos sociais, emocionais e cognitivos é uma maneira eficaz de identificar o problema desde o início.
É importante lembrar que cada criança se desenvolve em um ritmo diferente, então não precisa entrar em pânico se seu filho está um pouco atrasado para conversar ou andar.
Mas se a criança não estiver cumprindo os marcos para sua idade ou suspeitar de um problema, compartilhe suas preocupações com um médico imediatamente.
Junto com essas duas iniciativas, é necessário saber os principais sinais que uma criança autista pode oferecer, como:
• Sinais de dificuldades de fala e linguagem
– Fala com um tom de voz anormal ou com um ritmo ou frequência ímpares (por exemplo, termina cada frase como se estivesse a fazer uma pergunta);
– Repetição exaustiva das mesmas palavras ou frases, muitas vezes sem intenção comunicativa;
– Resposta a uma pergunta repetindo-a, em vez de respondê-la;
– Referência a si mesma na terceira pessoa;
– Dificuldade em comunicar necessidades ou desejos;
– Pouco entendimento das instruções, declarações ou perguntas simples;
– Interpretação muito literalmente das frases (não entende tons de humor, ironia e sarcasmo);
• Sinais de dificuldades de comunicação não-verbal
– Evita o contato visual;
– Usa expressões faciais que não correspondem ao que ele ou ela está dizendo;
– Não capta as expressões faciais, o tom de voz e os gestos de outras pessoas;
– Faz muito poucos gestos (como apontar). Pode parecer frio ou “robótico”;
– Reage raramente a imagens, cheiros, texturas e sons. Pode ser especialmente sensível a ruídos altos. Também pode não responder aos esforços de outras pessoas para atrair a atenção da criança;
– Posturas anormais, falta de jeito ou formas excêntricas de se movimentar (por exemplo, caminhar exclusivamente na ponta dos pés).
• Sinais de dificuldades sociais
– Parece desinteressado ou inconsciente de outras pessoas ou ao que está acontecendo ao seu redor;
– Não sabe como se conectar com outras pessoas, jogar ou fazer amigos;
– Prefere não ser tocado, segurado ou afagado;
– Tem dificuldade em entender sentimentos ou falar sobre eles;
– Não parece ouvir quando outras pessoas falam com ela;
– Não compartilha interesses ou realizações com outras pessoas (desenhos, brinquedos).
• Sinais de comportamentos restritos e repetitivos
– Movimentos repetitivos do corpo (por exemplo, balançando, batendo, girando, correndo para frente e para trás);
– Movimentos repetitivos com objetos (por exemplo, rodas giratórias, bastões agitados, alavancas giratórias);
– Comportamentos ritualísticos (por exemplo, alinhamento de objetos, tocar repetidamente objetos em uma ordem definida);
– Interesses estreitos ou extremos em tópicos específicos;
– Necessidade de mudança/resistência invariável à mudança (por exemplo, mesmo horário diário, menu de refeição, roupas, rota para a escola).
Além dos sintomas de autismo comuns, há também níveis do desenvolvimento do transtorno em cada caso. De acordo com o quadro clinico, o TEA pode ser classificado em:
• Autismo clássico – De maneira geral, os indivíduos são voltados para si mesmos, não estabelecem contato visual com as pessoas nem com o ambiente; conseguem falar, mas não usam a fala como ferramenta de comunicação.
Embora possam entender enunciados simples, têm dificuldade de compreensão e apreendem apenas o sentido literal das palavras.
Não compreendem metáforas nem o duplo sentido. Nas formas mais graves, demonstram ausência completa de qualquer contato interpessoal.
• Autismo de alto desempenho (também chamado de síndrome de Asperger) – Indivíduos com síndrome de Asperger apresentam as mesmas dificuldades dos outros autistas, mas numa medida bem reduzida. São verbais e extremamente inteligentes.
Tão inteligentes que chegam a ser confundidos com gênios, porque são imbatíveis nas áreas do conhecimento em que se especializam.
Quanto menor a dificuldade de interação social, mais eles conseguem levar vida próxima à normal.
• Distúrbio global do desenvolvimento sem outra especificação (DGD-SOE) – Os indivíduos são considerados dentro do espectro do autismo, com dificuldade de comunicação e de interação social.
Mas os sintomas não são suficientes para incluí-los em nenhuma das categorias específicas do transtorno, o que torna o diagnóstico muito mais difícil.
Conclusão
É importante entender que após reconhecer os sintomas de autismo é fundamental o diagnóstico por um profissional da saúde.
Assim, os próximos passos são procurar apoio e aprender técnicas que facilitam a comunicação da criança e o relacionamento com as pessoas que ela convive.
Crianças com autismo precisam de tratamento e suas famílias de apoio, informação e treinamento.
A AMA (Associação dos Amigos dos Autistas) e a ABRA (Associação Brasileira do Autismo) são algumas das organizações que podem oferecer importantes serviços nesse sentido.
O psicopedagogo também é um profissional capacitado para ajudar a lidar com o autismo.
E você? Que tal compartilhar a consciência sobre esse espectro na sua comunidade ou escola?
Cleide Cassiano
10/julho/2019 @ 00:13
Adorei todo o conteúdo, muito claro de fácil entendimento. As dicas são muito bem elaboradas, conseguindo atender os diferentes níveis de conhecimento, fáceis de executar. Sou pedagoga, psicopedagoga, especialista em DI, alfabetizadora e concluinte da 2° pós graduação em neuropsicologia clínica e 2° graduação em Direito. Professora atuante .
Durante todo meu percurso como professora e especialista, venho percebendo o crescente número de crianças com algum tipo de síndrome e pais muitos leigos e no luto..
E as dicas e imaterial vai me ajudar muito para o planejamento de pais.
Victoria Fernandes
12/julho/2019 @ 11:24
Puxa, Cleide! Ficamos muito contentes em saber que podemos agregar conhecimento na sua vasta formação 🤗💙
Conte para a gente o que você gostaria de continuar vendo aqui no blog!