Educação sobre gênero na escola colabora para a formação do aluno?
Ensino sobre gênero na escola é algo que está em debate atualmente. Entenda por que trabalhar o tema em sala de aula ajuda a formação integral dos alunos!
Um dos temas mais discutidos (e polêmicos) na área de educação é a educação sobre gênero. Afinal de contas: ele é mesmo essencial na sala de aula?
Ao analisar mais a fundo o tema, é possível enxergar diversos benefícios para a formação integral dos estudantes.
Quando falamos sobre gênero na escola, a ideia é mostrar que, geralmente, muitas das nossas decisões são feitas a partir de papéis socialmente construídos que determinam quem pode fazer o que. E que essas determinações levam a algumas limitações sobre cada gênero.
Um exemplo: meninas, muitas vezes, são mais estimuladas a desenvolverem apenas suas habilidades literárias e artísticas, enquanto os meninos são estimulados a se dedicarem mais à educação física e esportes, como o futebol.
Isso pode acabar por retrair meninas que tenham interesse em esportes e meninos que tenham dotes artísticos, por exemplo.
O intuito da conversa é, portanto, apenas desconstruir esses significados culturalmente enquadrados para que cada um se sinta à vontade para explorar seus talentos e suas potencialidades.
Por que falar sobre igualdade de gênero na escola colabora para a formação integral dos alunos?
Ensinar as expectativas da sociedade em relação ao seu papel como indivíduo é importante, antes de mesmo de estimular o questionamento.
As crianças internalizam todas as mensagens que ouvem e veem ao seu redor, seja dos seus pais e professores, e o que elas veem na televisão e nos videogames, filmes e músicas.
Levando em conta o papel do educador no do século 21, falar sobre gênero na escola é uma forma de fornecer aos alunos uma compreensão básica e eficaz sobre como as normas e expectativas da sociedade podem influenciar nas suas escolhas da vida.
Como são fatores que podem determinar a construção de identidade das crianças e suas habilidades socioemocionais, esta é uma temática que deve ser desenvolvida junto com os pais.
A ideia principal é mostrar que existem estereótipos masculinos e femininos e que não há nada de errado quando uma criança foge deles.
Seja uma menina se interessando mais por videogames do que bonecas, ou um menino preferindo arte a esporte.
Consciência ajuda a diminuir o bullying
Sabemos que a prática do bullying não exige algo muito fora do comum para se tornar alvo. O que é preciso é apenas estar um pouco fora do que se é esperado de algum gênero.
E discutir gênero pode ser um mecanismo indireto que combate o bullying, uma vez que pode acabar desfazendo preconceitos que existem devido a estereótipos.
As crianças precisam e merecem um lugar seguro para aprender.
E falar sobre gênero na escola não é impor o ensino sobre identidade de gênero e orientação sexual, mas sim conscientizar sobre respeito e oferecer um lugar seguro.
Como abordar o tema na educação infantil?
De acordo com pesquisas, crianças entre 2 e 6 anos aprendem estereótipos sobre brinquedos, habilidades e atividades que são tipicamente associadas a cada gênero.
Assim como crianças entre as idades de 7 e 10 começam a atribuir certas qualidades a mulheres e homens, tais como que os homens são agressivos e as mulheres são emocionais.
Explorar a identidade de gênero, papéis de gênero, estereótipos e visões saudáveis de gênero pode ser realizado desde cedo.
Para isso, os educadores podem apostar em simples e importantes atividades para a educação infantil.
Confira algumas sugestões para abordar o tema de gênero na escola:
• “Garotos gostam. Garotas gostam. Crianças gostam”.
Esta atividade ajuda as crianças mais jovens a pensarem criticamente sobre os papéis de gênero, preconceitos de gênero e quão diversificados e parecidos podemos ser.
Crie um grande diagrama de Venn em papel ou cartolina.
Em um círculo, os alunos devem preencher “Garotos gostam” e no outro “Garotas gostam”. Certifique-se de que a peça sobreposta do círculo seja relativamente grande.
Crie outro círculo com o tópico “Crianças gostam”. Diga aos alunos que todos vocês vão fazer uma lista de coisas diferentes que meninos e meninas gostam de fazer.
Pergunte e escreva em Post-its as respostas, colando cada uma em seu respectivo círculo.
Se os alunos disserem a qualquer momento: “Mas um menino/menina também pode gostar disso”, coloque-o no meio dos círculos sobrepostos.
Após finalizado, examine cada uma das notas e pergunte aos alunos se garotos e garotas também podem gostar disso.
É normal que algumas crianças digam que algo é apenas para meninos/meninas (especialmente para coisas como “usa vestidos, etc.”).
Lembre-os de que pode haver algumas pessoas por aí que possam gostar da coisa em questão.
E, então, peça para os alunos observarem as respostas que por fim terminaram no círculo “Crianças gostam”.
Esse cartaz pode ficar na sala de aula e é legal que os professores estimulem os alunos a adicionarem novas respostas ao longo do dia ou ao longo do ano.
• “Quando eu crescer…”
Esta atividade ajuda os alunos a pensarem criticamente sobre os estereótipos de gênero em cargos e carreiras e considerar papéis de gênero não tradicionais.
Peça a eles que se sentem em pequenos grupos em suas mesas ou mesas.
Diga que vão desenhar figuras de pessoas fazendo seus trabalhos (enfatize que elas NÃO estão se desenhando nesses trabalhos, mas sim em adultos).
Dê a cada estudante um grande pedaço de papel dobrado em quatro e peça que cada um desenhe quatro das profissões que você vai nomear.
Uma ideia é designar grupos de profissões diferentes e fazer com que cada aluno desse grupo desenhe apenas uma profissão.
Depois, escolha empregos tradicionalmente considerados “masculinos” e “femininos” (por exemplo: bombeiro, enfermeira, médico, policial, secretária, professor, atleta profissional).
Quando os alunos completarem seus desenhos, reúna-os em um círculo e compartilham seus desenhos.
Primeiro, elogie suas fotos ou observe as coisas que eles fizeram, para definir um tom positivo.
Então, conduza uma reflexão e debate sobre os desenhos.
Primeiro, questione aos alunos se eles perceberem se os trabalhadores de certas profissões são, na maioria, homens ou mulheres. Você pode fazer as seguintes perguntas:
• “Percebo que todo mundo que desenhou um bombeiro homem. Por quê?”;
• “Você já viu bombeiros que não são homens?” – o (a) professor (a) pode dar um exemplo e mostrar imagens;
• “Quando vemos bombeiros em filmes/desenhos animados/brinquedos são homens ou mulheres? Por que você acha que é assim?”.
Após o debate, mostre fotos de mulheres e homens envolvidos em cargos de trabalho diferentes e incentive os alunos a falar sobre eles.
Pergunte aos alunos quais carreiras eles gostariam de ter quando crescerem.
Se o tempo permitir, incentive-os a pesquisar e desenhar os empregos mencionados e compartilhá-los (pode postá-los na parede com um título como “quando eu crescer, posso ser qualquer coisa que eu quiser”).
Educação de gênero é sinônimo de ideologia de gênero?
Muitos questionam a importância da discussão de gênero por considerarem que ela é sinônimo de ideologia de gênero.
Mas especialistas mostram que esta é uma visão equivocada: discussões de gênero não são sinônimo de ideologia de gênero.
Por isso, é importante que as escolas estudem e acompanhem os debates sobre o assunto, assim como os pais, que também são essenciais na formação das crianças.
Afinal de contas: educar é despertar sonhos – e isso independe de gênero =)