Gestão escolar inclusiva: o que é e como promovê-la
Há poucos textos tratando da gestão escolar inclusiva sob o ponto de vista de quem está incumbido de desenvolver na instituição todas as ações para que ela efetivamente aconteça.
O foco da discussão geralmente está nos professores especialistas, mediadores e nos docentes das salas de aula regular, o que não significa o não reconhecimento de que eles são os profissionais que lidarão diretamente com os alunos com necessidades educativas especiais.
Por isso, gostaria de transferir o cerne do debate, trazendo-o para quem deve ser o responsável pelas mudanças necessárias no processo de inclusão dentro de todo o espaço escolar – o gestor.
Ele precisa ir além de uma gestão escolar inclusiva, democrática, participativa, acreditando que todos os atores do processo de ensino-aprendizagem, assim como a equipe administrativa da escola possam ter voz e serem ouvidos.
É necessário avançar o olhar observador nas questões angustiantes que tramitam dos alunos aos pais, passando por professores, serventes, porteiros etc.
Nesse sentido, inclusão não é apenas para os alunos especiais. Sendo assim, vamos analisar algumas situações que são vivenciadas dentro da escola, que podem, e devem, ser vistas sob o olhar da gestão escolar inclusiva.
No caso do aluno com algum transtorno de comportamento, neurológico ou de aprendizagem, com deficiência física ou intelectual, há o envolvimento de um professor especialista atuando em sala de aula ou no atendimento especializado, um mediador, se necessário, o professor da turma, o coordenador e o responsável.
Para que todos esses profissionais estejam engajados na aprendizagem do aluno, o gestor precisa ouvir as diferentes visões que eles têm sobre um mesmo ponto, entendendo as dificuldades que cada um tem de lidar com a situação, tendo em vista as próprias limitações que ainda existem.
Certamente, o leitor diria que se trata de uma demanda de treinamento, formação continuada. No entanto, eu diria que deve ser um olhar mais sensível para que a vivência de cada um vá de encontro ao desafio que se apresenta.
Com relação aos responsáveis, pais dos alunos, que, na maioria das vezes, têm dificuldades de entender exatamente as dúvidas de seus filhos nas tarefas escolares, o que é facilmente observado em suas falas: “eu gostaria de ajudar, mas não lembro mais como se faz”, também é fundamental tê-lo como parceiro.
Diante de uma situação dessa, os gestores poderiam orientar sua equipe de docentes, por exemplo, a tirar dúvidas dos pais nos conteúdos onde tivessem demanda para isso.
Dessa forma, colaborariam para que eles se engajassem no processo de ensino com seus filhos, e não ficarem sempre de fora como expectadores e à margem do crescimento acadêmico deles.
Uma outra visão de gestão inclusiva é a preocupação dos diretores e coordenadores que serventes, porteiros, inspetores ou merendeiras também entendam os comportamentos de alguns alunos e saibam como agir em determinadas situações para mediar conflitos, identificar casos de bullying, perceber eventuais isolamentos de alunos etc.
Desse modo, embora não sejam professores, tornam-se parceiros no processo dos vários casos de inclusão na escola, através de um olhar criterioso.
Portanto, o gestor deve se empenhar para que suas práticas dentro da escola sejam capazes de mobilizar uma equipe inteira, através de um diferencial para que todos os alunos possam ser inseridos, possam ser participantes, atuantes e aprendentes e sintam-se pertencentes no seu espaço escolar.
Valéria Francisco é formada em Pedagogia pela UCB e técnica em Secretaria Escolar. Especializada em Educação Especial Inclusiva pela AVM e pós-graduanda em Psicopedagogia, atua como diretora pedagógica do Jardim Escola Ursinhos Risonhos, com a feliz experiência de 24 anos na educação.